Política
PT quer recuperar espaços perdidos
Novo presidente estadual da sigla, Ricardo Barbosa traça estratégias para obter candidaturas para ALE e Câmara
O Partido dos Trabalhadores (PT) em Alagoas tem um novo presidente. Trata-se de Ricardo Barbosa, advogado e ex-vereador por Maceió. À reportagem da Tribuna Independente, Barbosa colocou uma série de entendimentos do partido para conseguir resgatar a sigla em Alagoas devido ao seu desgaste político nacional. Ricardo Barbosa foi eleito para presidir a legenda após um consenso dos filiados que optaram, durante um congresso, não ter disputa interna.
Tribuna Independente – Em Alagoas, o PT vai trabalhar a partir de agora por sua reconstrução?
Ricardo Barbosa - Essa renovação que está se dando no PT é mais do que uma vontade do partido. É uma necessidade. A política no mundo mudou, vivemos um novo tempo que ver surgir uma força reacionária ligada aos rentistas e liberais que principalmente na América Latina perderam espaços nas ultimas duas décadas. É nesse quadro que há essa necessidade que o PT rediscuta essa conjuntura para explicar para o brasileiro o que está por trás desse golpe. A gente vê que não foi só no Brasil, que um partido com a classe social e trabalhadora chegou ao governo. Nós tivemos esses exemplos em Honduras, Paraguai, Uruguai e Equador. Então, de certa forma esse processo de chegada ao governo de partidos políticos com vínculos com a classe trabalhadora combinado com o momento mundial da economia favorável onde a gente tinha aí a China comprando tudo, fez com que alguns desses governos rompesse um pouco o mecanismo neoliberal que retirava direitos no sentido de ter aquele estado mínimo e quem pagava a conta era a classe trabalhadora nesses países. No Brasil, isso se deu nos governos do Lula e da Dilma que juntamente com seus aliados foram gestores que promoveram a maior mobilidade social já vista no mundo.
Tribuna Independente - A principal ferramenta para fazer com que a força do PT ressurja é a classe trabalhadora?
Ricardo Barbosa - Sim. É a mola propulsora. O PT é o maior partido de trabalhadores do mundo. E no momento que a classe trabalhadora aqui no Brasil está sofrendo esse ataque, o PT precisa ocupar o seu lugar na história, assim como ocupou se transformando num partido político no momento que havia o bipartidarismo no Brasil, que trabalhadores não tinham partidos.
Só tinha a Arena e o MDB. Agora, o PT precisa cumprir o seu papel na história que é representar os interesses da classe trabalhadora. Unificar os demais partidos da esquerda, porque sozinho não vamos a lugar nenhum, para podermos fazer essa catarse e partir para a defesa do povo nesse momento que é muito complicado.
Tribuna Independente - O PT Alagoas busca ter candidato em 2018 ao governo assim como teve em 2016?
Ricardo Barbosa - Essa ainda é uma discussão que está se iniciando. Eleição é muito conjuntural. A elei- ção vai ser uma conjuntura desse período. Por isso a gente tem que analisar 2018 porque lá será colocado uma conjuntura em que hoje a gente pode até imaginar, mas que não temos certeza. Por exemplo, Lula vai ser candidato? Se Lula for candidato das esquerdas o quadro aqui em Alagoas vai ser diferente. Se o Lula não for candidato, o quadro será outro. Nós temos que ver isso, como vai se dar essas fissuras em partidos grandes, inclusive em partidos golpistas que patrocinaram o golpe como o PMDB, que aqui em Alagoas é governo e que aqui até pouco tempo atrás o PT era governo também. O Renan Calheiros hoje já tem se manifestado publicamente, inclusive sofrido ameaças de perder o seu cargo de líder do partido no Senado por conta da postura que ele vem assumindo de ser totalmente contrário as reformas do presidente Temer. Recebeu recentemente sindicalistas em seu gabinete, o que gerou um desconforto em relação ao governo golpista. Isso vai se desdobrar, vai se estender e contaminar o processo eleitoral de 2018? Se for nós vamos ter que repensar como vai ser a nossa relação com Renan.
Tribuna Independente - Em Alagoas, o PT perdeu espaços no governo, na Assembleia Legislativa e Câmara. Como reverter esta situação no próximo ano?
Ricardo Barbosa - Nós já estamos trabalhando nisso. Os novos diretórios eleitos estarão daqui a alguns dias sentando para discutir um planejamento nesse sentido. Não só um planejamento no sentido da reorganização do partido, mas também dessa nova forma de interagir com a sociedade, com as entidades de classe, cumprindo seu papel histórico, mas também pensando em 2018. E a prioridade do partido é recuperar espaços perdidos. Agora verdadeiramente espaços do PT, então nós deveremos ter uma forte chapa de deputados estaduais para concorrer com a possibilidade de eleger de dois a três. O PT aprendeu e deverá aprender mais com erros que ocorreram no passado. A gente viu que o preço que esse equívoco cobra é grande, pois tivemos vários políticos que se elegeram aqui pelo partido e acabaram deixando o PT e saíram justamente no momento em que o partido mais precisava deles. O próprio presidente da nossa legenda municipal no momento em que a gente mais precisava, de companheiros na defesa do PT migrou para outra sigla e sigla essa que se manifestou favorável ao impeachment. Mas, agora faremos uma chapa que venha a defender o legado do PT, que tenha orgulho de ser PT, que não tenha negado o PT nas suas histórias.
Tribuna Independente - Se o Lula não for candidato, qual seria o nome ideal vindo da esquerda no cenário atual para enfrentar postulantes a presidência como Bolsonaro e João Dória?
Ricardo Barbosa - Primeiro, se Lula não for candidato por qualquer motivo obviamente, nós teremos que pensar em outras opções, apesar de que o Lula hoje é a maior expressão política das esquerdas no Brasil. É necessário que nós tenhamos esse programa bem elaborado para podermos apresentar para qualquer outra candidatura que venha a aceitar. Deverá haver nomes, hoje em dia tem nomes como o próprio Ciro Gomes. Agora dou um exemplo, Lula candidato a presidente, eu tenho minhas dúvidas se os setores do PMDB representado por Requião, Kátia Abreu e o próprio Renan se mantiver essa postura, se eles não vão estar ao lado de Lula e orientar suas bases e seus estados o apoio a Lula.
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