Política
Tribuna Independente publica última entrevista do ex-prefeito Djalma Falcão
Em fevereiro deste ano, Falcão foi procurado pelo jornal para falar sobre o cenário político
No último dia 2 de fevereiro, a reportagem da Tribuna Independente marcou uma conversa com o ex-prefeito de Maceió Djalma Falcão. A pauta em questão era que ele repercutisse o fato de o PMDB só ter elegido um único prefeito na capital alagoana – no caso, ele próprio – apesar de ser um dos maiores partidos do Estado. O material dessa pauta foi publicado na edição de 4 e 5 de fevereiro.
Quis as imbatíveis leis da Natureza que essa fosse a última entrevista concedida por esse personagem ímpar da política de Alagoas. Falcão também foi presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), deputado federal e senador. Ele faleceu aos 83 anos de idade, no último dia 24 de março, em decorrência de problemas respiratórios.
Por ter sido sua última conversa com uma equipe jornalística, a redação da Tribuna decidiu – por conta da relevância histórica – publicar a entrevista na íntegra.
Falcão cita, sob sua ótica, fatos de bastidores do PMDB, cujos desdobramentos tiveram reflexos na política alagoana e brasileira. O que ele conta parte estritamente de sua perspectiva e os eventos narrados são o que sua memória permitiu lembrar no momento do encontro com a reportagem.
Em mais de 54 minutos de conversa, Falcão procura dar contexto às suas respostas e, como diz o ditado de que político diante de um microfone não para de falar, foi aí que revelou momentos de sua passagem na política ao lado de, como não podia deixar de ser, figuras proeminentes desse universo. Muitos dos quais ainda atuam politicamente.
Tribuna Independente – O senhor foi único prefeito eleito pelo PMDB aqui em Maceió. O PMDB é um dos maiores partidos do Estado, senão o maior, mas na capital não consegue ter bons desempenhos eleitorais. Além de lembrar um pouco sua campanha e a eleição de 1985, por que o PMDB não consegue ter vitórias eleitorais em Maceió?
Djalma Falcão – O PMDB e MDB [Movimento Democrático Brasileiro], que são a mesma coisa, gozavam da confiança e apoio do povo brasileiro até o início do governo Sarney. No governo Sarney, que assumiu por acaso, o PMDB inchou com políticos egressos da ditadura, que muitos até hoje estão aí. São nomes que apoiaram a ditadura e que não sabem viver fora dos favores de governo. Oportunisticamente, invadiram o PMDB, que passou a ser um partido ‘bonde’, pois acudia toda e qualquer pessoa que viesse.
Nessa onda de adesão, aqui em Alagoas entraram Fernando Collor e Geraldo Bulhões, que eram deputados federais. E depois surgiu a ‘miserável’ de uma corrente de vários deputados estaduais, prefeitos do interior, e membros das câmaras municipais que, historicamente, pertenciam à ditadura militar de 1964. Então, o partido ficou descaracterizado.
Um fato interessante para te revelar: Renan Calheiros não patrocinou a entrada de Fernando Collor e Geraldo Bulhões ao partido, tendo em vista tornar o PMDB forte e defendendo suas bandeiras históricas. Ele queria, realmente, os holofotes da TV Gazeta, os microfones da Rádio Gazeta, e os espaços gráficos da Gazeta de Alagoas que, como você sabe, a Organização Arnon de Mello tem peso preponderante no mercado publicitário e midiático de Alagoas.
Os jornais que se formaram no Estado sempre enfrentaram imensas dificuldades para sobreviver porque não mereceram o beneplácito dos governos de Fernando Collor, Geraldo Bulhões, Moacir Andrade, nem de Teotonio (Vilela Filho), nem de Ronaldo Lessa, nem esse, do Renan Filho. Esses governadores governam com uma mão na verba publicitária e a outra mão com a arma da opressão, da coação. E assim, eles dominam, ao mesmo tempo, uma opinião pública deformada e não informada, dominam a Assembleia Legislativa que, de 27 deputados estaduais, é inconcebível, apenas um seja oposição.
Pelo que me consta, apenas o filho da Ceci Cunha, deputado Rodrigo Cunha, é de oposição. Vinte e seis apoiam o governo em nome de uma relação promíscua entre o Executivo e o Legislativo.
Além do mais, como vício da ditadura ainda – hoje bem melhor – essas oligarquias políticas de Alagoas dominavam também, não todo, grande parte do Poder Judiciário e do Ministério Público. Mas hoje temos juízes jovens com formação democrática e social independentes, tanto federais e estaduais. São eles que patrocinam o combate à corrupção no Brasil.
Tribuna Independente – Então, em sua avaliação, o PMDB não consegue ter vitórias eleitorais em Maceió...
Djalma Falcão – Não consegue porque Maceió não confia mais nos Calheiros.
Tribuna Independente – Mas o Renan Filho foi o mais votado em Maceió em 2014...
Djalma Falcão – Isso tem uma explicação: Renan Filho enfrentou quatro ou cinco anticandidatos. O que mais parecia com um era o Benedito de Lira, que não tinha discurso.
Tribuna Independente – Então em sua opinião foi praticamente um W.O.?
Djalma Falcão – É. Você veja, o próprio Teotonio Vilela Filho, então governador, deixou de apresentar candidatos eleitoralmente bem viáveis, como José Thomaz Nonô e o procurador Eduardo Tavares. Ele foi pescar um vereador de Palmeira dos Índios, que tinha poucos votos em Palmeira dos Índios e não tinha nenhum destaque na vida pública de Alagoas, e fazer esse rapaz candidato a governador do Estado em detrimento do interesse do próprio PSDB, que tinha candidatos viáveis. Portanto, Teotonio Vilela, de maneira transversa, foi um dos principais eleitores do Renan Filho. Outro dos principais eleitores de Renan Filho foi Fernando Collor de Mello, que o apoiou por ser candidato ao Senado. E o Benedito, que foi um senador bem votado na eleição anterior, teve uma votação pífia.
Tribuna Independente – E em Maceió, não há essa característica, então?
Djalma Falcão – Maceió, Rio Largo, cidades do entorno, o eleitorado é mais esclarecido, mais consciente e mais rebelde. Aqui é possível comprar votos para vereadores, até para deputados estaduais. Mas para governador, o povo recebe o dinheiro – os que recebem! – e votam de acordo com o que querem.
Tribuna Independente – Para o Executivo tem mais critério?
Djalma Falcão – Exato. Agora outro aspecto importante: por que o PMDB na minha eleição – e antes até – tinha 80% dos votos em Maceió? Não era porque eu liderasse e sim porque tínhamos nomes como José Costa, Mendonça Neto, José Moura Rocha, o próprio Ronaldo Lessa, Kátia Born, Jarede Viana...
Tribuna Independente – E os partidos de esquerda ainda não estavam legalizados e atuavam no PMDB...
Djalma Falcão – Isso. E outros tantos. Eles lutavam pela respeitabilidade da sociedade e por isso [as pessoas] votavam nesses candidatos confiáveis. Na minha época, quando eu ainda estava na oposição da ditadura militar, nós tínhamos de 10 a 12 deputados estaduais. Nós elegemos três deputados federais, em duas dessas eleições, eu me elegi deputado federal. Atuavam também meus irmãos, a exemplo do Alcides.
Djalma Falcão durante a campanha eleitoral em Maceió ao lado de José Costa, em 1985 (Foto: Acervo Edberto Ticianeli)
A partir daqui, Djalma Falcão resgata o início do MDB, a atuação política no tempo da ditadura civil-militar de 1964 até a posse de José Sarney, em 1985, e entrada de Fernando Collor e Geraldo Bulhões no PMDB, por intermédio de Renan Calheiros.
Logo após o Ato Institucional de 1965, que extinguiu os partidos políticos e admitiu apenas duas agremiações, que não podiam ser ‘partido’, eram a Aliança Renovadora Nacional [Arena] e Movimento Democrático Brasileiro. Pois bem, eu e Alcides, o Camucé e meu irmão Muniz Falcão, fizemos parte do grupo fundador do MDB em naquele ano. O primeiro presidente estadual foi o Muniz Falcão, que era governador eleito, mas não tomou posse porque morreu aos 51 anos de idade. A presidência passou ao Cleto Marques Luz, que foi o candidato a vice, mas também não assumiu o mandato. Por questão de deferência, o homologamos no partido.
Com o AI-5 [Ato Institucional nº 5, baixado em 13 de dezembro de 1968, durante o governo do general Costa e Silva], o Cleto Marques e o Aloísio Nonô, pai do José Thomaz, foram eleitos comigo os três representantes da oposição na Câmara dos Deputados. Eles renunciaram à filiação ao MDB. Aloisio foi cassado e Cleto Marques ficou sem partido algum tempo e depois foi para a Arena aqui em Alagoas.
Quando veio a eleição do Tancredo e a posse do Sarney [1985], Renan se aliou a Collor, a Geraldo Bulhões e João Lyra e forçou a entrada deles no PMDB, sob o argumento, correto, aliás, de que o governo do Tancredo – que passou a ser do Sarney – era de transição entre a ditadura e a normalidade democrática e então necessitaria de amplo apoio parlamentar no Congresso Nacional.
O Tancredo Neves me chamou para conversar sobre isso e eu disse: “Presidente, o interesse é seu. E olhe, o Collor e o Geraldo Bulhões não me merecem confiança. Mas você é o presidente. Decida”. Ele (Tancredo) disse: “Fale com o Ulysses”. Ulysses, então, resistiu, mas depois disse: “Olhe Falcão, se esses rapazes estiverem imbuídos do propósito de se aliarem ao partido, você decida”. Então, eu não podia ficar contra os três deputados, como presidente do partido, e vetá-los. Eu nunca tive vocação para veto nem para censura. A partir daí, Renan Calheiros assumiu, de fato, a liderança do partido.
Em 1989, Fernando Collor se elege presidente da República e junto com Renan, mais o peso da Organização Arnon de Mello, dinheiro de João Lyra e de outros usineiros, dissolveram o PMDB em Alagoas, que tinha 60 diretórios e precisava, no mínimo, de 22, o reduzindo a seis. Isso levou o Tribunal Superior Eleitoral a declarar nula a representação do PMDB no Estado de Alagoas.
Thomaz Nonô, Divaldo Suruagy e Djalma Falcão em ato do “Fora Collor” (Foto: Plínio Nicácio / Arquivo)
Neste enredo da entrevista, Falcão narra o motivo de sua presença na suplência no Senado de Renan Calheiros, em 1994, do exercício do mandato por quase dois anos e sua postura de oposição ao governo de Fernando Henrique Cardoso.
Tribuna Independente – No governo Fernando Henrique, o Renan já era senador e assumiu o Ministério da Justiça. O senhor era o suplente. Por que aceitou ser suplente do Renan Calheiros, então?
Djalma Falcão – Passei dois anos como suplente. Eu aceitei ser suplente do Renan porque formou-se uma coligação aqui no Estado e nosso objetivo era combater de qualquer maneira o pior governo que Alagoas já tivera, o de Geraldo Bulhões. Então, houve uma ampla aliança entre o PMDB, PSDB, PTB e, naquele tempo, o PFL (hoje, DEM). A divisão da chapa ficou desse jeito. Candidato a governador: Divaldo Suruagy, que teve oitenta e tantos por cento da votação e era do PMDB; candidato a vice-governador: Manoel Gomes de Barros, que deixou o PFL e entrou no PTB; candidato a senador: Teotonio Vilela pelo PSDB porque ele era candidato natural, tinha direito; e ficou a outra vaga ao Senado para o PMDB, que foi disputada por mim, José Costa, Renan Calheiros e José Thomaz Nonô. Quatro candidatos, portanto. Nós seguramos essa decisão até dia 20 de julho daquele ano.
Pois bem, eu não era somente o presidente do partido, como fui escolhido como coordenador político da coligação. Em determinado momento, eticamente, eu pensei assim: bom, eu não posso ser candidato a senador contra companheiros do PMDB e, ao mesmo tempo, presidente do diretório e da coligação. Era uma concorrência absolutamente desleal. Renunciei. E posso dizer que tinha a preferência de noventa e tantos por cento do ‘MDB’, e só o ‘MDB’ que escolhia. (Djalma se referiu ao PMDB como MDB).
Aí o José Costa deu uma andada pelo interior, viu que não tinha vez e renunciou. Permaneceu Renan Calheiros e José Thomaz Nonô. Ora, como o Renan já tinha 10, 11 anos de partido e José Thomaz era ‘cristão novo’, que saíra do PFL havia apenas dois anos, por questão de solidariedade, declarei apoio a Renan Calheiros.
Quando declarei o apoio ao Renan, ele estava desiludido porque Suruagy apoiava José Thomaz Nonô, assim como Manoel Gomes de Barros. E Suruagy era o dono da bola. O Renan estava à procura de ser candidato a deputado estadual, porque o irmão Olavo – quando o Renan foi derrotado como candidato a governador – elegeu-se deputado federal. E o ‘Olavinho’, me parece, que tinha compromisso de ceder a vaga ao Renan, fincou o pé: eu sou o candidato nato, pois sou deputado e não abro mão. Eles ficaram, então, na seguinte sinuca: dois irmãos candidatos a deputado federal. Corria o risco certo de que nenhum dos dois se elegesse.
Após meu anúncio de apoio ao Renan, eu tenho esse documento, 96% dos que tinham direito a voto na convenção do PMDB me seguiram. E o Renan, assim, se elegeu como candidato a senador. Eu proclamei o resultado e o Renan ficou calado. O Jorge Assunção, que era jornalista também, pediu a palavra e disse: “Olha, essa decisão pacifica os candidatos escolhidos, mas falta o complemento. Eu acho que pela maneira correta e decente com que Djalma Falcão liderou esse processo, e sempre atuou na política de Alagoas, o nosso companheiro Renan Calheiros deveria convidá-lo para sua primeira suplência”. Aí o Renan falou: “Eu não estava esquecido e ele é o meu candidato”. Eu não queria, mas aceitei.
Até às vésperas das eleições, no limite da troca de candidato, Renan Calheiros tentou me substituir e eu concordei, sob o seguinte argumento: “Djalma você é um líder político, mas está quebrado. Nós podemos nadar e morrer na praia porque o Grupo Tenório tem laços familiares com o Téo [Teotonio Vilela Filho] e o apoiam. Tem dinheiro para eleger o Téo. E nós? Eu não tenho nada, você também não tem nada. Você aceita escolher um nome ou quer que eu escolha um nome?” Eu disse: “Renan, eu não sou companheiro de beira de estrada. Sou político por dever de ofício. Você pode escolher”.
No outro dia, Olavo me procurou dizendo que o Renan tinha feito acordo com o João Tenório e que ele seria candidato na suplência. No dia seguinte, eu assinaria minha renúncia, mas o Olavo voltou e me procurou na minha casa: “Doutor Djalma, tudo voltou à estaca zero, porque Teotonio e José Aprígio entenderam que se João Tenório fosse candidato a suplente de senador do Renan, claro que ele ia gastar com o Renan e desfalcaria os recursos financeiros da campanha do Teotonio”.
Numa outra vez, depois dessa conversa, Renan veio e disse: “Tem um candidato aí muito bom”. Eu disse: “Renan, eu admito ser substituído na sua suplência ao Senado, mas por alguém que represente dignamente Alagoas. Não interessa que seja pobre ou rico, interessa que seja respeitado”. Aí ele veio com o nome de Lula Cabeleira. Eu lhe disse: “Olha Renan, não dá. Cabeleira é um analfabeto. Você se licencia e Alagoas vai ser representada por um analfabeto, alguém que tem contra si dezenas de denúncias”.
Bom, lá vem ele (Renan) com o terceiro candidato: Severino da Bananeira, de Arapiraca. Da janela da minha casa, na Rua Abdon Arroxelas. Eu disse: “Renan, rapaz você está louco? Severino da Bananeira? Rapaz, você quer colocar um indiciado várias vezes por roubo de carga, por assalto? Renan, acabou. Eu concordei até agora, mas não concordo mais. Sou candidato. Só eu posso renunciar e não renuncio. E te dou um conselho. Você não tem dinheiro, arregace as mangas da camisa e calce o sapato e vá lutar. Confie no povo de Alagoas”.
O medo de Renan Calheiros era perder sabe para quem? Para Antônio Holanda, que era deputado federal e candidato do Geraldo Bulhões. Geraldo Bulhões dizia que tinha 27 milhões em caixa para eleger Antônio Holanda, e era o governador. Eu disse ao Renan que isso era conversa fiada.
Djalma em comício de1985, quando disputou a Prefeitura de Maceió (Foto: Arquivo / Edberto Ticianeli)
Tribuna Independente – Então, só para voltar ao assunto...
Djalma Falcão – Deixa eu complementar. Ele (Renan Calheiros) se elege. Fernando Henrique o convida para ser ministro, porque se discutia a sucessão do Manoel Gomes de Barros. Renan era candidato, com o meu apoio. E Teotonio era candidato pelo PSDB. Pois bem, Manoel Gomes de Barros ficou na corda bamba porque não sabia quem apoiar. Então, Teotonio levou o caso ao Fernando Henrique Cardoso, que era do PSDB, e Fernando decidiu nomear o Renan para ministro da Justiça. Aí ele ficou inelegível. E Teotonio achava que, por ser usineiro, convencia o Manoel Gomes de Barros a apoiá-lo. Então, imediatamente, assumi a vaga de senador.
Vou lhe dizer um fato que a sociedade alagoana não conhece. Renan passou cerca de dois anos no Ministério. Ele podia ter passado quatro, seis ou oito anos, mas só ficou dois. Eu sou o responsável pela saída dele do Ministério. Por que eu sou o responsável? Porque quando eu fui tomar posse, o Renan me procurou: “Olha, Djalma, você vai para a base de sustentação parlamentar e você tem de apoiar todos os projetos do governo”. Eu respondi: “Renan, da base eu sei que sou, mas nominalmente. Agora você me desculpe, eu vou atender minha consciência. As proposições que o presidente Fernando Henrique mandar para o Senado e minha consciência disser que são boas para o Brasil, eu apoio. Aquelas que não forem, eu não apoio”.
Renan chegou a marcar quatros encontros entre mim e o Fernando Henrique. Eu não fui a nenhum. Entendeu?
Tribuna Independente – Então, para não perder esse voto no parlamento, Fernando Henrique o tirou do Ministério da Justiça?
Djalma Falcão – Sim. Eu era mais PMDB, oposição, do que governo. Foram o Pimenta da Veiga e o Arthur Virgílio que disseram ao Fernando Henrique: “Olha, presidente, esse negócio tá errado. O senhor deu um ministério ao Renan Calheiros e perdeu o voto no Senado porque o Djalma Falcão vota sistematicamente contra o governo”. Isso quem me contou foi o pai do Cássio Cunha Lima, Ronaldo. Que também era senador.
O senador Wallace Tadeu de Melo e Silva, pai do senador Roberto Requião, uma vez me disse: “Falcão, olha, em política ninguém pode bancar o Tiradentes. Você vota sistematicamente contra o governo. Não faça isso”. Eu disse: “Olha, eu viajo toda semana a Brasília com uma pequena valise porque sei que os suplentes dormem titulares e acordam sem mandato. Eu não vou votar contra minha consciência”.
Aí começou indisposição total do Renan contra mim. E desde o ano 2000, eu o tenho como meu adversário, como meu desafeto pessoal pelo que ele fez comigo. E desde o ano 2000, eu me desfilei do PMDB, o único partido de minha vida.
Djalma encerrou sua militância partidária em 2000, após deixar o PMDB. Aqui ele explica o porquê.
Recebi convite para outros partidos, mas não aceitei porque, como posso dizer, político não pode fazer papel de macaco e ficar pulando de galho em galho. Praticar incoerência e aquilo que sempre condenava. Política é como a veia: deve ser irrigada por sangue novo. Eu sempre incentivei os jovens a participarem da política. Em segundo lugar, na política de Alagoas, nos pleitos eleitorais, geralmente vencem aqueles que têm mais dinheiro.
Eu passei mais de 40 anos na vida pública. Fui deputado federal, senador, prefeito, presidente do Tribunal de Contas e também jornalista, por 11 anos no Diário de Alagoas e na revista Manchete. Fui secretário de Estado quatro vezes. E você está me visitando num apartamento que tem dois quartos. Veja meus móveis. Vivo de restos dos meus proventos de conselheiro. Eu não tenho uma bicicleta. Não tenho bens móveis nem imóveis, nem em Maceió ou qualquer parte do Brasil. Dinheiro em banco, eu tenho muito. Muita dívida (brincou).
Apesar das arestas com o senador Renan Calheiros, Djalma afirmou torcer por um bom desempenho de seu filho, o governador Renan Filho.
Djalma Falcão - O Renan Calheiros é o meu grande algoz, mas, sinceramente, eu torço pelo sucesso de Renan Filho. Nunca estive com ele, mas torço por ele. Porque, se não for mentira o que a imprensa diz, ele está fazendo um governo bom ou regular. E pelo menos ele tem uma qualidade: não é rancoroso nem persegue, entendeu? Tudo o que a gente quer é um governo que não persiga, não bata, não maltrate...
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