Política
Dados de mortes por resistência causaram diferença em dados de anuário, diz SSP
Informações divulgadas em versão preliminar de anuário estavam sem números completos
Atualizada às 15h12 de 4/11
Na manhã desta quinta-feira (3), a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP-AL) convocou coletiva para esclarecer diferenças que estavam ocorrendo entre os números de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) nos dados da secretaria e o divulgado preliminarmente pelo Fórum de Segurança Pública. Por não contabilizar inicialmente as vítimas de mortes por resistência em operações policiais, os dados do fórum apresentaram números menores do que os divulgados pela SSP-AL. Com a alteração e a utilização dos dados corretos, o 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública foi publicado com os números corrigidos. Com os novos dados, Alagoas é o estado que mais reduziu esse tipo de crime no País com uma redução de 18,1%, à frente do Distrito Federal que ficou em segundo com 13%.
Quando os números preliminares do fórum foram divulgados no início desta semana com diferenças entre o total de CVLI apresentados pela SSP, tanto para os anos de 2014 quanto para 2015, o fato foi questionado. A SSP-AL, através do secretário Lima Júnior e do capitão Anderson Cabral do Núcleo de Estatística e Análise Criminal (NEAC), e a Secretaria de Estado de Comunicação, com o secretário Ênio Lins, prestaram esclarecimentos de como o incidente aconteceu.
O Fórum de Segurança Pública enviou solicitação para o capitão Anderson em agosto, solicitando os dados dos CVLIs destrinchando tipos como latrocínio, lesão corporal, trânsito, entre outros. Na solicitação, não constavam os autos de resistência em operações e atividades policiais e esses números não foram enviados quando a SSP respondeu em setembro.
O número então divulgado pelo Fórum na versão inicial do Anuário mostrava que Alagoas havia tido 2.129 Mortes Violentas Intencionais (segundo a nomenclatura do Fórum) em 2014 e 1.696 em 2015, o que causou a redução de 20,8% divulgada anteriormente pela SSP e pelo Governo de Alagoas. Só que os dados da SSP mostram 2.201 CVLIs em 2014 e 1.813 em 2015.
Com os números divulgados pela SSP na imprensa, membros do fórum perceberam a diferença nos dados e então solicitaram o envio das mortes de auto de resistência. Foram então encaminhados os números de 2014 (Resistência com Resultado Morte – 70 - e Outros Crimes com resultado Morte – 2 - total de 72) e 2015 (Resistência com Resultado Morte – 103 - e Outros Crimes com resultado Morte – 14 – total de 117). Somando-se esses dados que faltavam ao divulgado na versão inicial, os números batem com o informado pela SSP-AL.
De posse da informação correta, a versão oficial do anuário divulgada nesta quinta já contém os números corretos. Com a queda da porcentagem de 20,8 para 18,1, Alagoas perde o primeiro lugar na redução para Sergipe.
Toda troca de e-mails entre o NEAC e o Fórum de Segurança Pública foi apresentada e entregue impressa à imprensa.
Aumento em mortes por resistência está ligado a maior quantidade de operações
O secretário Lima Júnior afirmou que o crescimento no número de mortes por resistência (70 para 103) de 2014 para 2015 é decorrência da maior incidência de operações policiais. “É pelo grande número de operações integradas que já realizamos em 2016 mais de 8 mil prisões, 1.500 armas apreendidas e quase 3 toneladas de drogas apreendidas, maior a possibilidade de confronto”
O secretário de Comunicação ressaltou que em nenhum momento houve a qualquer tipo de manipulação. “Toda crítica é muito bem-vinda e exige esclarecimentos e por isso o levantamento detalhado está sendo apresentado”, pontuou Ênio Lins. No entendimento do governo do Estado, houve uma confusão entre as planilhas enviadas, mas que já foi corrigida.
Lima Júnior declarou que a SSP trabalha com dados concretos e estatísticas. “Jamais vou jogar sujeira para debaixo do tapete. Estatística de Alagoas é referência para o Ministério da Justiça”, pontuou.
Sobre a SSP ter sido questionada quanto a estar ‘maquiando’ os números, o secretário de Segurança se mostrou indignado. “Peço que fique claro, não iremos permitir que façam insinuação com relação à credibilidade, levantando dúvidas sobre os números. A Segurança Pública não pode ser motivo de trampolim político. Não estou feliz, acho uma tremenda injustiça”, frisou Lima Júnior.
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