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Polícia vasculha escritórios da Odebrecht na República Dominicana

Gerente-geral da empresa no país revelou que o grupo entregou US$ 92 milhões ao empresário Ángel Rondón entre 2001 e 2014

Por G1 20/01/2017 01h20
Polícia vasculha escritórios da Odebrecht na República Dominicana
Reprodução - Foto: Assessoria
Policiais vasculharam escritórios da Odebrecht em Santo Domingo, na República Dominicana, como parte da investigação judicial sobre o pagamento de US$ 92 milhões em propina a funcionários no país.

Na quarta-feira (18), dezenas de policiais cercaram o prédio onde estão os escritórios da empresa, no centro da cidade, enquanto promotores interrogaram ex-funcionários ligados a licitações de obras conquistadas pela empreiteira.

"A revista ocorre em cumprimento do devido processo, após o confronto das informações fornecidas à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos representantes da Odebrecht no país com dados obtidos mediante trabalhos de inteligência", assinalou o Ministério Público.

A Odebrecht confirmou a ação de busca e apreensão em seus escritórios e informou estar "à disposição para colaborar com as autoridades". A companhia disse ainda, por nota, que reafirma o seu compromisso com a implantação das melhores práticas de compliance, baseadas na ética, transparência e integridade".

A promotoria interrogou ex-funcionários públicos envolvidos na contratação de obras da Odebrecht no país.

Na semana passada, o gerente-geral da Odebrecht na República Dominicana, Marcelo Hofke, revelou ao procurador dominicano Jean Alain Rodríguez que o grupo entregou US$ 92 milhões ao empresário Ángel Rondón entre 2001 e 2014.

Mas segundo Hofke, o empresário "recebeu os US$ 92 milhões por um contrato de representação comercial", sem qualquer relação com corrupção. De acordo com as investigações, os subornos foram pagos durante os governos dos presidentes Hipólito Mejía, Leonel Fernández e Danilo Medina.

Propina em 12 países

Em acordo de leniência firmado com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, derivado das investigações da Lava Jato, a Odebrecht admitiu ter pago em propina US$ 788 milhões entre 2001 e 2016 e a Braskem, US$ 250 milhões entre 2006 e 2014, a funcionários do governo, representantes desses funcionários e partidos políticos do Brasil e de outros 11 países. Para o órgão dos Estados Unidos, é o "maior caso de suborno internacional na história".

A construtora brasileira pagou propina para garantir contratos em mais de 100 projetos em Angola, Argentina, Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.