Interior
Demarcação de terra indígena em Palmeira/AL causa insegurança entre agricultores
Segundo o advogado Adeilson Bezerra, a demarcação existe desde 2010 e o processo foi instaurado em 2015, mas nenhuma ação para proteger os agricultores foi tomada desde então
Uma Assembleia Geral Extraordinária mobilizou centenas de produtores rurais em Palmeira dos Índios/AL para discutir o processo de demarcação da Terra Indígena Xukuru-Kariri. O encontro, realizado nesta terça-feira (9) pela Associação Comunitária da Serra da Boa Vista, expôs o temor de cerca de 10 mil agricultores, que se sentem ameaçados de perder suas terras, muitas delas com registros que datam de mais de um século.
O clima de revolta e incerteza é compartilhado por Paulo Lima da Silva, um agricultor de 81 anos que vive na zona rural desde que nasceu. "Só quero viver em paz, onde nasci com a minha família", desabafa o agricultor Luciano Santos, outro morador da região, que se sente humilhado com a vistoria de técnicos da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) em sua propriedade.
Ações para Reverter o Processo
Segundo o advogado Adeilson Bezerra, a demarcação existe desde 2010 e o processo foi instaurado em 2015, mas nenhuma ação para proteger os agricultores foi tomada desde então. Para reverter a situação, a Associação decidiu buscar amparo na Justiça. "Essa assembleia nos dará poderes para entrarmos com algum tipo de ação que possa paralisar o processo demarcatório", explica Bezerra.
O advogado também utilizou a Lei de Acesso à Informação (LAI) para solicitar à FUNAI o mapa definitivo da área e o cronograma de atividades do grupo técnico responsável pelo levantamento de dados. "É fundamental a total transparência na atuação dos servidores públicos, principalmente em tema tão delicado que envolve a propriedade da terra de milhares de famílias", reforça.
A área em questão abrange mais de 7 mil hectares, o que corresponde a um terço do território de Palmeira dos Índios, intensificando a preocupação de agricultores e moradores locais.
Encaminhamentos da Assembleia
Jacicleide Oliveira, presidente da Associação Comunitária, descreveu o encontro como "produtivo e esclarecedor". A reunião permitiu aos presentes entender os próximos passos. "Nesta quinta-feira (11), faremos uma reunião com os diretores da Associação para darmos encaminhamento ao documento que foi autorizado na Assembleia", informa.
O objetivo é anular o processo de demarcação. Caso não tenham sucesso, os moradores correm o risco de serem "expulsos das nossas casas e atividades do campo, as quais somos donos e temos como provar", afirma Jacicleide. O encontro também contou com a presença de representantes da Prefeitura e de outras autoridades.
Mais lidas
-
1Aniversário
Judiciário prestigia cerimônia de 178 anos da Capitania dos Portos
-
2True Crime
Real ou imaginação! Quem foi Adeline na história de Ed Gein?
-
3Emissão
Cartórios de Alagoas passam a emitir a nova Carteira de Identidade Nacional a partir desta quarta-feira
-
4Demência frontotemporal
Esposa de Bruce Willis sobre doença do astro: 'Longo adeus'
-
5Valores
Cooperativas mirins constroem hoje o mundo melhor de amanhã