Interior

DPU quer explicações sobre metais pesados no Rio Traipu

Defensoria Pública da União vai à Justiça e pede prazo de 10 dias para IMA, Semarh e mineradora darem esclarecimentos

Por Davi Salsa - Sucursal Arapiraca / Tribuna Independente 06/09/2025 08h46 - Atualizado em 06/09/2025 10h59
DPU quer explicações sobre metais pesados no Rio Traipu
Objetivo é saber se há relação direta com atividade da mineradora Vale Verde no município de Craíbas - Foto: Edilson Omena / Arquivo

Em petição encaminhada recentemente à juíza Camila Monteiro Pullin, da 8ª Vara da Justiça Federal de Arapiraca, o defensor público federal de Direitos Humanos em Alagoas, Diego Bruno Martins Alves, solicita que sejam intimados o Instituto de Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), para que, no prazo de dez dias, com base na Resolução da Agência Nacional de Águas (ANA) nº 903/2013, os órgãos atestem se os metais pesados encontrados no Rio Traipu e Riacho Salgado têm relação direta com a atividade da Mineradora Vale Verde (MVV) no município de Craíbas.

Desde o ano de 2021 que a empresa vem operando a mina a céu aberto e com a planta de processamento de cobre no Povoado Serrote da Laje, retirando o mineral do solo profundo em Craíbas. Também estão sendo exploradas jazidas de ferro e ouro no município agrestino.

A empresa foi adquirida em março deste ano pelo grupo chinês Baiyin Nonferrous. O valor do investimento foi de 420 milhões de dólares, o que corresponde a R$ 2,3 bilhões de reais.

Além das supostas agressões ao meio ambiente, a MVV é denunciada pelos moradores de povoados no entorno da empresa de provocar rachaduras em dezenas de casas, devido às fortes explosões na mina.

No final de agosto deste ano, a Câmara de Vereadores de Craíbas realizou sessão e convocou o gerente da MVV, Breno Martins, para explicar o porquê das denúncias dos moradores. O representante da mineradora negou haver relação de impactos ambientes e rachaduras nos imóveis com as explosões, que ele chamou de “desmontes controlados”.

Resultados

De acordo com análises feitas por técnicos do IMA/AL Kleber Fortes, Ricardo Oliveira e Victor Silva, sob a supervisão da Gerência de Laboratório (Gelab), divulgadas em julho do ano passado, foram apontados resultados acima do permitido de metais pesados (cobre, chumbo, alumínio, manganês, entre outros), nas águas dos dois mananciais que são afluentes do Rio São Francisco em Alagoas.

Pelo que apurou a Tribuna, a petição busca uma explicação técnica acerca dos rejeitos das rochas trituradas pela mineradora, e se os mesmos estariam contaminando o solo e a água, afetando a fauna e a flora aquática, reduzindo a biodiversidade local e comprometendo a saúde das comunidades que dependem desses recursos hídricos.

Antes das análises feitas pelo IMA/AL, nos anos de 2021 e 2022, um estudo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) já indicava a elevação de metais pesados e níveis acima dos limites toleráveis nas águas do Riacho Salgado, manancial que fica próximo da mineradora. Em 2023, a equipe fez nova avaliação e os valores permaneciam elevados.

Por sua vez, a Mineração Vale Verde afirma que tem o seu compromisso com o meio ambiente e comunidades anfitriãs de suas operações, esclarecendo que segue todas as diretrizes estipuladas pela legislação e órgãos ambientais vigentes.

A mineradora ainda afirma que todas as atividades realizadas pela companhia seguem o protocolo do Plano de Monitoramento Ambiental, validado pelo órgão licenciador, que realiza todos os controles analíticos. Todos os dados obtidos por este monitoramento são repassados para as agências fiscalizadoras responsáveis.