Interior
Pela vida: Mais um assassino de mulher é condenado em Arapiraca com pena de mais de 18 anos

O júri não foi fácil, pois se vive numa sociedade machista que discrimina, julga e condena mulheres, mais ainda se uma vítima, como Thalita Borges de Araújo, for profissional do sexo. Mas, o Ministério Público de Alagoas (MPAL) esteve, como sempre, defendendo a vida e mostrando que aquele crime bárbaro não poderia ficar impune. Por essa razão, o promotor de Justiça Ivaldo Silva, munido de provas incontestáveis, sustentou as qualificadoras de motivo fútil e com discriminação à condição de mulher da vítima (feminicídio), levando o conselho de sentença a enxergar que José de Farias Silva agiu friamente e deveria ser condenado. Os julgadores entenderam a necessidade da punição e o réu foi sentenciado com 18 anos e nove meses de prisão em regime fechado. Além disso, o Ministério Público pediu , e foi atendido, multa por danos morais.
Durante os debates, o promotor de Justiça Ivaldo Silva rebateu qualquer possibilidade de fragilizarem a imagem da vítima, ressaltando que Thalita Borges foi morta porque não atendeu o réu na hora em que ele almejava, forçando prioridade, comprovando que se utilizou da condição de homem para descarregar sua fúria por não ter sido atendido.
“O Ministério Público foi ao júri para defender uma mulher assassinada brutalmente, simplesmente porque um homem, que se colocou como cliente, não aceitou a demora para ser atendido. Há provas de mensagens dele forçando o encontro antecipado, mesmo com a vítima já tendo dito quando estaria disponível. Ele passou uma tarde inteira incomodando e, inconformado, foi ao local onde ela estava e lá a golpeou com seis facadas. Queremos deixar bem claro para a sociedade que, para nós, a prioridade será sempre a defesa da vida, e a ela não cabe um julgamento desumano responsabilizando a vítima pela atividade que desenvolvia. Por trás da realidade daquela mulher, de qualquer outra, poderá ter uma história sofrida e que desconhecemos”, declara o promotor.
Após a prisão decretada e leitura da sentença. o réu foi levado pela Polícia Militar para o presídio. Além da pena, ele terá que pagar 15 mil reais ao filho de Thalita Borges, hoje com 13 anos.
“Pedi indenização, já que à época ela deixou um filho de 12 anos, o juiz concordou e aplicou 15 mil. Mas, se a família quiser entrar com ação cível para aumentar, pode”, diz o membro ministerial.
A mãe da vítima veio do Rio Grande do Norte e acompanhou até o fim o julgamento.
O caso
Vítima e réu teriam se conhecido no dia 3 de fevereiro de 2023, por meio de um site de garotas de programa, tendo as conversas iniciado pelo Whatsapp, onde José de Farias Silva agendara um encontro de uma hora, desde o início com valor estabelecido de R$ 250,00. Fechado o acordo, Thalita Borges enviou o endereço da casa para o assassino que insistia em ser atendido com brevidade. No entanto, ele foi avisado da impossibilidade.
Após muita insistência, desde ao meio-dia, sem lograr êxito, José de Farias, inconformado e sem avisar, por volta das 17h30, dirigiu-se até o imóvel onde Thalita se encontrava elá, mais uma vez, foi informado de que, naquele momento, não poderia atendê-lo. Fingindo entender, ele disse para a vítima que retornaria mais tarde, o que ocorreu 20 minutos depois quando obteve a mesma resposta.
Sentindo-se ignorado, ele retornou à casa, localizada à Rua Estudante Joseane Lima, bairro Cacimbas, Arapiraca, e cometeu o crime.
Mais lidas
-
1Posto 7
Assessor político é encontrado morto dentro de veículo próximo a base da Oplit na Jatiúca
-
2Cinema
F1: O filme com Brad Pitt é baseado em história real?
-
3Reoxigenação
Eleição do PT-AL chega à reta final
-
4Redes sociais
PED do PT: Chapa denuncia compra de votos, bolsonaristas e entregas de cestas básicas
-
5Sem Alma existe?
Quem é o verdadeiro Sem Alma da série brasileira 'DNA do Crime'?