Transformar resíduos em arte, gerar renda e ainda cuidar do meio ambiente: esse é o propósito da Oficina de Papel Artesanal (OPA), localizada no povoado Pontes, em Feliz Deserto, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da Marituba do Peixe. Como parte das ações do Mês do Meio Ambiente, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA/AL) foi até lá conhecer de perto essa iniciativa que mostra, na prática, como comunidades tradicionais podem ser protagonistas na construção de um futuro mais sustentável.

Neste contexto, a equipe da Gerência de Unidades de Conservação visitou o povoado Pontes, localizado na Área de Proteção Ambiental (APA) da Marituba do Peixe, para conhecer de perto o trabalho realizado pela cooperativa de papel artesanal OPA (Oficina de Papel Artesanal), uma iniciativa que alia economia circular, geração de renda e cuidado com o meio ambiente.

O consultor do IMA, Clayton Santos, explicou que a proposta da visita foi valorizar e divulgar boas práticas desenvolvidas dentro das Unidades de Conservação (UCs) e mostrar como iniciativas como a OPA transformam resíduos em oportunidades. “Queremos evidenciar que as Unidades de Conservação são espaços vivos, que abrigam não só biodiversidade, mas também pessoas que desenvolvem projetos sustentáveis e transformadores”, disse.

A artesã Daniela Bispo contou que o projeto OPA surgiu em 2005, com apoio da prefeitura de Feliz Deserto e da Usina Coruripe. Segundo ela, o papel artesanal é produzido a partir da reciclagem de sacos de cimento e do bagaço da cana-de-açúcar. “O trabalho é realizado de forma ecologicamente correta, respeitando as características naturais da região. Atualmente, oito mulheres participam do projeto, gerando emprego e renda para a comunidade local”, contou.

Dayana dos Santos, também artesã, explicou que os materiais recicláveis são fornecidos pela Usina Coruripe, pela prefeitura e por moradores da comunidade. Ela detalhou o processo: “Primeiro, lavamos os sacos de cimento para retirar o excesso de produto, depois picotamos. Esse material fica três dias de molho antes de ser triturado. Já a fibra feita com o bagaço de cana, cal e água precisa repousar por um mês antes de ser usada”, explicou. Após esse preparo, o material é moldado em folhas de papel, que secam naturalmente ao sol.

Além do papel, as mulheres da OPA produzem itens como chaveiros, caixas para presentes, bolsas de mão, colares e molduras para fotos. De acordo com a artesã Edilaine Caetano, os produtos são vendidos para a comunidade, para a Usina e também em eventos, contribuindo para o fortalecimento da economia local.

A consultora do IMA, Islane Emília, explicou que a economia circular é baseada nos cinco R: Recusar, Repensar, Reutilizar, Reduzir e Reciclar. Segundo ela, esse modelo busca substituir a lógica linear da economia tradicional, que extrai matéria-prima virgem, produz e descarta. “Com a economia circular, os produtos, após sua vida útil, são reciclados e retornam ao processo produtivo. Isso reduz a extração de recursos naturais e gera renda, especialmente em comunidades tradicionais e periféricas”, destacou. Islane, reforçou que a OPA é um exemplo prático de como esse modelo pode beneficiar famílias e preservar o meio ambiente ao mesmo tempo.

Durante o Mês do Meio Ambiente, o IMA continuará apresentando iniciativas como essa, que mostram o protagonismo das comunidades na construção de um futuro mais justo e sustentável para todos.

Saiba mais sobre a APA da Marituba do Peixe

A Área de Proteção Ambiental (APA) da Marituba do Peixe foi criada pelo Decreto Estadual nº 32.858, de 1988. Com uma área de 18.600 hectares (ou 186 km²), abrange parte dos municípios de Feliz Deserto, Piaçabuçu e Penedo. Seu objetivo é preservar as características ambientais e naturais da região, garantindo a produtividade pesqueira, a diversidade da fauna e da flora, e o equilíbrio ambiental e socioeconômico local.