Interior
Onda de calor devasta corais em Maragogi e transforma cenário marinho

O calor intenso tem provocado a mortandade daqueles que são um termômetro da saúde dos oceanos: os corais. Os repórteres Sônia Bridi e Paulo Zero mergulharam em famosos pontos do Nordeste brasileiro e encontraram um cenário de devastação.
A reportagem mostrou como esse problema pode interferir no turismo? E o que é preciso fazer para proteger esses berçários tão importantes da diversidade marinha?
Podem parecer pedra ou planta, mas são animais. Seus corpos formam o ambiente para que outras vidas possam nascer, crescer, se reproduzir. Os corais representam menos de 1% da área dos oceanos, eles abrigam mais de 30% das espécies marinhas e estão em perigo em decorrência do aquecimento do planeta.
Em Maragogi (AL), um dos principais destinos turísticos do país, o impacto foi visível. Só em 2024, mais de 2 milhões de turistas foram às piscinas naturais formadas pelos recifes. Recife após recife, um cenário de devastação. A onda de calor matou 95% dos corais-de-fogo e 92% dos corais-vela. Esses animais só desenvolvem alguns milímetros por ano. Colônias centenárias colapsadas. Esqueletos espalhados pelo chão de areia.
"A gente trabalha aqui há alguns anos, mas retornar a um ambiente morto, silencioso, acompanhar isso é muito triste", destaca Cláudio Sampaio, professor da UFAL/ Coral Vivo. Outras espécies de coral parecem resistir melhor ao calor. Como o rabo-de-macaco ou um que parece uma cortina: a casca-de-jaca.
"Eles vão mudar. Vai ser outro recife. Não vai ser mais aquele recife que a gente via nos filmes, que encantava. Vai ser algo muito mais simples, muito mais monocromático. Mais pobre”, diz Cláudio Sampaio.
"As ondas de calor no mundo inteiro, inclusive nos recifes brasileiros, estão ficando mais intensas, ou seja, as temperaturas estão ficando em valores mais altos, mais duradouras e mais frequentes", diz Miguel Mies, oceanógrafo USP/ Coral Vivo.
O professor de oceanografia da USP explica por que o calor pode ser fatal para os corais.
Embora alguns fragmentos de coral sobrevivam e possam formar novas colônias, o tempo de regeneração é longo – e o aquecimento global não dá trégua.
"É possível se a gente parar de esquentar o planeta", afirma Miguel Mies.
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