Educação

Entre panelas, quadros e corações: mães que educam dentro e fora de casa

Professora e merendeiras da Rede Estadual compartilham histórias de maternidade e cuidado que ultrapassam os muros da escola

Por Seduc 11/05/2025 09h19
Entre panelas, quadros e corações: mães que educam dentro e fora de casa
Professora Flávia Nascimento de Souza e seu filho José Flávio de Souza Neto, de 15 anos, jovem autista matriculado no espaço onde construiu sua trajetória é motivo de grande orgulho - Foto: Yasmin Henrique/Seduc

Neste Dia das Mães, a Secretaria de Estado da Educação de Alagoas presta uma homenagem especial às mulheres que, além de educarem seus próprios filhos, também se dedicam, com zelo e afeto, aos filhos de outras mães dentro da Rede Estadual de Ensino. São histórias comoventes que se entrelaçam nos corredores, nos pátios e até nas cozinhas das escolas — espaços onde o amor materno se revela em gestos simples, mas profundamente transformadores.

Em comum, essas mulheres carregam mais do que títulos ou funções. Carregam histórias de cuidado, comprometimento e amor — forças silenciosas que alimentam o cotidiano escolar e fazem toda a diferença na vida de centenas de estudantes.

Mãe e educadora


A história da professora Flávia Nascimento de Souza une maternidade e carreira de forma simbólica e tocante. Docente de Matemática desde 2006, ela também atua como gestora adjunta da Escola Estadual Gilvana Ataíde, no bairro da Santa Lúcia, onde se dedica diariamente à promoção da inclusão e ao fortalecimento da aprendizagem. “Eu me sinto feliz e realizada com o que faço”, resume.





Além da atuação profissional, Flávia é mãe de José Flávio de Souza Neto, de 15 anos, jovem autista matriculado na 1ª série do ensino médio na mesma escola. Para ela, ver o filho inserido no espaço onde construiu sua trajetória é motivo de grande orgulho. “Ao longo de 19 anos dedicados à Escola Gilvana Ataíde, senti uma imensa alegria ao ver meu amado filho vestir a camisa da instituição junto comigo”, conta, emocionada. “Acreditamos numa educação pública de qualidade, equitativa e inclusiva”, afirma.

Ela reforça que, além do vínculo familiar, o ambiente escolar é um espaço de afeto coletivo. “Todos os alunos são um pouco nossos filhos. Acolhemos, aconselhamos, torcemos por eles”, declara. A decisão de matricular o filho na própria escola onde trabalha foi natural. “De tanto acreditar na instituição, escolhi que ele estudasse aqui. Hoje, sinto muito orgulho de dizer que meu filho é aluno da Rede Pública Estadual de Alagoas”, revela.

Para Flávia, viver essa experiência em tempo integral é um privilégio. “Unir meu amor pela educação ao amor de mãe é uma bênção. Compartilhar essa jornada com meu filho, no mesmo ambiente onde sou profissional, torna tudo ainda mais especial”, conclui.

Amor que alimenta

Josiene Ferreira Medeiros, merendeira há quase 24 anos na Rede Estadual, é um exemplo marcante de maternidade que ultrapassa os limites da própria casa. Atuando na Escola Estadual Professor José da Silveira Camerino, no Cepa, ela acompanha de perto o crescimento de gerações de estudantes — incluindo suas próprias filhas, que estudaram no Cepa e se formaram na Rede Estadual. Uma se tornou fisioterapeuta e a outra técnica em Segurança do Trabalho.

“Procuro tratar cada aluno como gostaria que tratassem minhas filhas. O que a gente quer para si, faz pelo outro”, afirma Josiene. Com dedicação e carinho, ela sente o reconhecimento no olhar dos estudantes. “É um sentimento de reciprocidade, de carinho verdadeiro”, diz. Um dos momentos mais marcantes, conta ela, foi reencontrar uma ex-aluna estagiando como psicóloga. “Vê-la de jaleco, vencendo, é a mesma alegria que sinto pelas minhas filhas”, celebra. Para Josiene, a escola é mais do que um local de trabalho — é um lar onde, há mais de duas décadas, ela planta afeto e colhe respeito.

Nelci Alves de Oliveira também vive essa entrega diária. Mãe, merendeira e defensora da educação pública, ela atua há quase dois anos na Rede Estadual e, atualmente, trabalha na Escola Estadual Princesa Isabel, no Cepa. Entre panelas e receitas, Nelci compartilha mais do que alimento: oferece escuta e acolhimento.

“A mãe cuida do alimento, escuta, acolhe, mesmo com a correria da cozinha”, pontua. Seu filho também estuda em escola pública, e ela acredita na parceria entre família e escola como base para a formação dos jovens. “A escola pode ser um segundo lar, quando há amor, diálogo e respeito. A mãe quer ver o filho bem, e a educação é parte disso”, fala. Apesar do pouco tempo na nova unidade, Nelci já é lembrada como alguém que nutre com afeto e atenção — ingredientes fundamentais para o desenvolvimento dos alunos.