Educação

Governo fortalece investimentos na Educação Escolar Indígena em Alagoas

Construção de novas escolas, formação de professores e realização de processos seletivos são algumas das ações empreendidas pela Seduc

Por Ana Paula Lins e Manuella Nobre / Ascom Seduc 19/04/2025 09h12 - Atualizado em 19/04/2025 10h28
Governo fortalece investimentos na Educação Escolar Indígena em Alagoas
Escolas valorizam tradições e culturas dos povos originários - Foto: Alexandre Teixeira / Ascom Seduc

O Governo de Alagoas fortaleceu os investimentos na Educação Indígena nos últimos três anos. Na data em que se comemora o Dia dos Povos Indígenas, 19 de abril, o Estado contabiliza ações como reformas e construção de novas escolas, realização de processo seletivo específico e a criação de uma gerência dentro da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) voltada para esta modalidade.

Os investimentos nesta modalidade são uma prioridade para a gestão Paulo Dantas, tanto que, em um ano, foram aportados R$ 55,5 milhões para melhorar a infraestrutura destas instituições de ensino por meio do Programa Escola do Coração.

Maior programa de construção de escolas da história de Alagoas, o Escola do Coração já entregou oito escolas, desde 2024, entre elas, quatro indígenas: a Escola Indígena Francisco Higino da Silva, em Água Branca; Escola Indígena Antônio José da Silva, em Pariconha; Escola Indígena José Saraiva Irmão Suraconã, em Traipu; e Escola Indígena Cacique Antônio Izidoro, em São Sebastião. Juntas, elas somam um investimento de R$ 15,5 milhões.

Escola Indígena José Saraiva Irmão Suraconã, em Traipu (Foto: Thiago Sampaio / Agência Alagoas)

O programa terá ainda a inauguração de outras nove escolas de seis ou quatro salas nos municípios de Palmeira dos Índios, São Sebastião, Pariconha e Inhapi que, juntas, somam um investimento de cerca de R$ 40 milhões.

Tanto as escolas entregues como as que ainda serão inauguradas contam com ginásio poliesportivo.

Histórico

A Constituição Federal de 1988 garantiu o direito a uma educação diferenciada para os povos indígenas brasileiros, assegurando a preservação de suas culturas e línguas. Na década de 2000, a Educação Escolar indígena foi estadualizada e, em 2003, por meio do Decreto Estadual nº 1272, o Governo de Alagoas assumiu a gestão de 15 escolas indígenas em várias regiões do estado.

Atualmente, Alagoas conta com 20 escolas indígenas que integram a Rede Estadual de Ensino localizadas nos municípios de Palmeira dos Índios, Inhapi, Porto Real do Colégio, Feira Grande, São Sebastião, Traipu, Joaquim Gomes, Pariconha e Água Branca, as quais atendem mais de 4.100 estudantes em todas as etapas da Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental (anos iniciais e finais), Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA).

(Foto: Alexandre Teixeira / Ascom Seduc)

Para atender às demandas destas escolas, em 2024, o Governo de Alagoas também realizou dois processos seletivos para a contratação de professores, agentes educacionais e profissionais da Educação Especial para atuarem nestas unidades de ensino. Até o momento, foram convocados 622 profissionais.

O governador Paulo Dantas destaca que a Educação Indígena é uma prioridade de sua gestão. “Da mesma forma que investimos na Primeira Infância, ensinos Fundamental e Médio, investimos também na Educação Indígena e Quilombola, valorizando os profissionais da Educação e entregando novas escolas que ampliam a oferta de vagas”, pontuou

A secretária de Estado da Educação, Roseane Vasconcelos, lembra que o Governo de Alagoas colabora para a preservação da cultura e história dos povos originários do estado.

“O Governo de Alagoas trabalha para ofertar uma educação de qualidade, desenvolvendo uma série de programas, ações e iniciativas voltadas aos povos indígenas, fortalecendo as partes estrutural e pedagógica. Essas escolas são essenciais para criar oportunidades e promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo, assegurando às comunidades indígenas o acesso a uma educação de qualidade, preservando sua história, cultura e tradições”, reforçou a secretária.

Formação Escolar

Em junho de 2023, a Seduc passou a contar também com a Gerência Especial de Educação Escolar Indígena, responsável pelo acompanhamento pedagógico da Educação Indígena de Alagoas. Titular da Gerência, Gilberto Ferreira ressalta a importância da formação de professores.

“Paralelamente às melhorias na infraestrutura das escolas existentes e à construção de novas unidades nos últimos dois anos, a formação de professores indígenas tem sido uma prioridade para o Estado de Alagoas. O trabalho desenvolvido pela Universidade Estadual de Alagoas com o Curso de Licenciatura Indígena contribui para o desenvolvimento de uma política pedagógica específica para esses povos, reunindo discentes indígenas de diversas etnias de Alagoas, possibilitando uma formação superior intercultural baseada na interação entre os saberes tradicionais indígenas e os conhecimentos globais. São professores que já lecionam ou que irão lecionar nas escolas de suas comunidades”, observou.

(Foto: Thiago Sampaio / Agência Alagoas)

Ele também faz um balanço das conquistas da Educação Indígena nos últimos anos. “A formação de professores indígenas, a construção de novas escolas e a revitalização das unidades existentes reduziram a necessidade de deslocamentos perigosos, melhorando o acesso à educação, a segurança dos estudantes e o acolhimento adequado às suas culturas. Esses fatores combatem a evasão escolar e contribuem para avanços nos indicadores educacionais, como o Saeb e o Saveal, nas escolas indígenas. Esses progressos mostram que Alagoas está em transformação, garantindo direitos, qualidade de ensino e orgulho cultural para as comunidades indígenas”, avaliou.

Novas escolas: reivindicações atendidas

A entrega das novas unidades atende a reivindicações antigas dos povos indígenas. Para o povo Aconã, de Traipu a Escola Indígena José Saraiva Irmão Suraconã é a concretização de um sonho e de uma luta de 20 anos da comunidade. A unidade leva o nome do antigo cacique, que, em vida, sonhou e lutou pela construção da escola, entregue em 19 de fevereiro.

“Esta escola era o sonho do meu pai e de todo o povo Aconã. Ter uma escola construída dentro do nosso povoado facilita muito a vida das crianças e jovens da comunidade, que, para estudar, precisavam se deslocar para a zona urbana de Traipu, pros municípios de São Brás e Porto Real do Colégio e até para Pernambuco, nos municípios de Lagoa Comprida e Bom Jardim”, relatou a diretora Rosineide Saraiva, que é e filha do cacique Saraiva Suraconã.

Em Pariconha, a Escola Indígena Antônio José da Silva, no povoado Campinhos, é a concretização de um sonho do povo Karuazú. Segundo a gestora Rafaela Lima da Silva, por décadas a comunidade lutou pela criação de um espaço educacional próprio, que valorizasse a cultura e atendesse às necessidades dos estudantes indígenas.

De acordo com a gestora, um estudo de demanda apresentado ao Ministério Público Federal, apontava que 86% dos alunos que estudavam na rede municipal de ensino eram indígenas Karuazú. “A construção da nova escola beneficia não só os Karuazú, mas também os indígenas dos povoados Tanque, Capim e Verdão. Os estudantes do Ensino Médio também são beneficiados. Antes, para estudar, precisam se locomover até Pariconha ou Água Branca”, explicou Rafaela.