O preço não foi a principal justificativa dos brasileiros que não compram livros no último ano. A informação é de um estudo da Câmara Brasileira do Livro (CBL), realizado em parceria com a Nielsen BookData, que trouxe dados atuais sobre o consumo de livros no Brasil. A 2ª edição do Panorama do Consumo de Livros revelou que, ao contrário do esperado, a principal razão foi a falta de tempo.

Ao serem questionados sobre os fatores que os desmotivam a comprarem livros, 35,5% dos participantes do estudo alegaram que “livros são caros”. Já 26,2% afirmaram “falta de loja ou livraria perto” como principal motivo e, em terceiro lugar, 24,2% disseram que não tiveram tempo para comprar e para ler. Porém, quando indagados sobre o motivo para não terem adquirido livros nos últimos 12 meses, a maioria dos participantes (31,8%) respondeu não ter tido tempo para a leitura -- e somente 16,7% justificaram que os livros que gostariam de ter comprado estavam caros.

“O preço considerado elevado continua a ser um obstáculo para o acesso aos livros no Brasil, mas é curioso notar que não necessariamente é a principal ou a única razão”, avalia a coordenadora de literatura e informativos do editorial de Educação Básica da SOMOS Literatura, Laura Vecchioli. “O estudo da CBL nos permite ter um olhar mais apurado sobre o cenário de consumo de livros no país e atuar de forma mais assertiva em relação ao que tem de fato desestimulado a população a comprar livros, levando em consideração um contexto social de ampla jornada de trabalho, cansaço e falta de foco”, afirma.

Para Laura, a rotina acelerada é um dos principais motivos para a falta de tempo para a leitura. “Em um cenário de hiperconectividade, é comum que se priorize outras atividades para o consumo de conteúdo no tempo livre, como o acesso a redes sociais, a exemplo de vídeos curtos”, avalia. “A leitura de uma obra literária pode exigir um alto nível de concentração, algo que muitas pessoas, especialmente em um contexto de vida tão agitado, não conseguem manter”, complementa a coordenadora.

A pesquisa também revela que as classes A e B (50% e 48%) dão mais importância para o quesito preço no momento de optar por um livro do que as classes C e DE (46% e 42%). “Enquanto as classes mais altas estão habituadas a comprar livros novos, as classes C e DE frequentemente utilizam outras alternativas para a leitura, como livros usados, emprestados de bibliotecas ou de conhecidos e versões digitais gratuitas, o que faz com que o preço do livro não seja uma preocupação central para esse perfil, já que a compra de exemplares novos não é um hábito recorrente”, analisa Laura. “Esse cenário reforça a importância de políticas públicas e iniciativas que democratizem o acesso ao livro e incentivem a leitura em todas as classes sociais”, acrescenta.

Dicas para criar o hábito da leitura

De acordo com o estudo da CBL, mesmo quem não comprou livro recentemente considera a leitura um hábito importante e tem a intenção de ler com mais frequência. Nesse contexto, Laura ressalta que nunca é tarde para inserir essa ação na rotina. “Nem sempre abrir um livro será a primeira escolha para uma atividade no tempo livre, mas é uma prática que pode ser desenvolvida dia após dia”, explica a coordenadora. “Aos poucos, essa ação passa a ser incorporada ao cotidiano, do mesmo modo que outras atividades, como cozinhar ou praticar exercícios físicos”, diz.

Laura considera fundamental pensar em estratégias que tornem a leitura mais acessível e compatível com a vida moderna. “Ter um livro na bolsa para ler no transporte público ou reservar cinco minutos para ler todos os dias pode ajudar a estimular o hábito”, recomenda Laura. “Em vez de se propor a concluir um livro por semana, talvez valha mais à pena se comprometer a ler uma página todo dia antes de dormir, não importa o tempo que leve para finalizar”, conclui.

Sobre a unidade de Literatura da SOMOS Educação - Com mais de 1,6 mil obras em seu catálogo e mais de 500 autores nacionais e estrangeiros, de diversos gêneros literários, a área de Literatura da SOMOS Educação reúne obras dos selos Ática, Atual, Caramelo, Formato, Saraiva e Scipione de literatura infantojuvenil. A área também é responsável pelo

Coletivo Leitor, portal que busca difundir o valor e a importância da leitura e da literatura para o ser humano desde criança, estimulando a criatividade e o desenvolvimento da empatia.