Educação
Como identificar e prevenir o comportamento suicida será debate na Ufal
Roda de conversa acontece na próxima sexta-feira
Segunda principal causa de morte entre os jovens abaixo de 25 anos e a principal entre garotas adolescentes, o suicídio é um tema ainda pouco discutido em lares e escolas. Mesmo assim, os números assustam e para romper essa barreira de silêncio a Universidade Federal de Alagoas, por meio da Pró-reitoria Estudantil (Proest), da Faculdade de Medicina (Famed) e da Escola de Enfermagem e Farmácia (Esenfar), iniciam no próximo dia 12 de maio, às 13h30, a primeira roda de conversa sobre “adoecimento psíquico e comportamento suicida - como identificar e prevenir”.
Inicialmente realizada no Centro de Ciências Agrárias, a ideia é expandir o debate para outros Campi da Universidade. Segundo a professora Edna Bezerra, coordenadora de ações acadêmicas da Proest, a demanda surgiu a partir de relatos de servidores, quanto ao adoecimento de alguns alunos, inclusive com sinais de comportamento suicida. “Como há um aumento dos casos de suicídios e adoecimentos, como síndrome do pânico, depressão e outros em diversas universidades, sentimos a necessidade de realizarmos esta atividade, como uma das estratégias que pode colaborar para evitar tais situações”, explica.
Para a professora Verônica de Medeiros, doutora em Saúde Mental, o suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial. “O comportamento suicida envolve desde os pensamentos sobre morte, ideação suicida, tentativas de suicídio até o suicídio consumado. Alguns fatores de vulnerabilidade são: maus tratos infantis, história familiar de comportamento suicida, alto grau de impulsividade, baixa autoestima, desempenho escolar ruim, entre outros”.
Segundo ela, 90% daqueles que se suicidam apresentam algum transtorno mental, sendo a depressão o mais comum. “Outros transtornos como o transtorno bipolar, esquizofrenia e dependência química, além dos transtornos de personalidade também apresentam papel importante nesse fenômeno”, afirma.
Verônica explica que não é possível definir um motivo para o suicídio, mas normalmente ele acontece por uma soma de fatores. “A família e os amigos têm um papel crucial na prevenção do suicídio. Ao contrário do que se imagina, conversar sobre suicídio não estimula o ato, aliás, costuma trazer um grande alívio para quem está pensando em se suicidar. Sentir que alguém realmente se importa com ele e demonstra interesse em ajudar, pode trazer esperança para o potencial suicida”, afirma.
Por isso, a Universidade nesse papel de formação, e numa conversa aberta, franca e sem julgamentos, pretende esclarecer que o sujeito com risco de suicídio pode passar a se sentir compreendido e assim aceitar ajuda especializada. “Esta ajuda pode ser adquirida tanto em serviços públicos como Centros de Atenção Psicossocial (Caps), unidades de saúde da família e Emergência Psiquiátrica (Hospital Portugal Ramalho), como no setor privado, em consultórios. Com ajuda especializada, é possível diagnosticar o mais rápido possível qualquer transtorno mental, a fim de tratá-lo e evitar complicações como o comportamento suicida. O tratamento pode envolver medicamentos, psicoterapia e em alguns casos internação”, diz Verônica.
O evento é aberto ao público, podendo participar servidores e alunos. As inscrições serão feitas no local, o auditório do Ceca. Participam da roda psicólogos da Proest, o professor Valfrido Leão, psiquiatra da Famed, e as professoras Cicera Albuquerque e Verônica de Medeiros, do núcleo de saúde mental da Esenfar.
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