Economia
Produção da própolis precisa de engajamento político em Alagoas
Avaliação é do presidente da Uniprópolis, Mário Agra Júnior, em entrevista à TV Tribuna

O TH Entrevista desta semana trouxe como tema os avanços para a produção de própolis vermelha em Alagoas. A União dos Produtores de Própolis Vermelha em Alagoas (Uniprópolis), em parceria com o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDR), está dando um passo importante com o projeto inovador. A meta é quadruplicar a produção. Isso significa mais oportunidades, fortalecimento da economia local e um crescimento expressivo no mercado nacional e internacional.
Mas quadruplicar essa produção em Alagoas ainda esbarra em dois problemas que a Uniprópolis pretende encarar junto com os produtores: a baixa produção do produto para fins de comercialização - principalmente no mercado externo -, e a falta de engajamento das autoridades alagoanas para que a economia do Estado seja alavancada com a produção da própolis.
Fundada em 14/09/2010, a Uniprópolis ousou e em setembro de 2024, foi criada a Cooperativa Uniprópolis (Cooperativa dos Produtores de Própolis Vermelha em Alagoas), que nasceu com o objetivo de proporcionar melhores condições de comercialização, quadruplicar a produção de mel, própolis vermelha e derivados no estado de Alagoas, bem como promover práticas sustentáveis e ampliar o acesso a mercados interno e externo para apicultores e meliponicultores do Estado.
Em conversa com a Tribuna, Mário Agra Júnior, presidente da Uniprópolis, destacou que a fundação da cooperativa desempenha um papel crucial no desenvolvimento sustentável para o setor da apicultura e meliponicultura alagoana, promovendo a eficiência produtiva, a inserção no mercado e a sustentabilidade ambiental, ao mesmo tempo em que vai fortalecer as comunidades locais e a economia rural.
“Mas acho que ainda falta o poder público de Alagoas se interessar para alavancar essa produção no Estado, especificamente as autoridades políticas. É preciso que o governo do Estado, o governador, seja convencido de que Alagoas tem um potencial maravilhoso no que diz respeito à própolis vermelha”, avaliou.
O presidente da entidade acrescentou, no entanto, que da classe política até o momento apenas o deputado federal Paulão (PT) demonstrou interesse em se engajar para que a produção da própolis no Estado se desenvolva: “Conversamos com o deputado {Paulão} e ele garantiu uma emenda”.
Mário Agra ressaltou também que a produção da própolis vermelha ainda é muito baixa em Alagoas e vê isso como um problema a ser enfrentado pelos produtores, uma vez que se constitui como uma barreira para o mercado de exportação do produto, principalmente ao mercado asiático.
“Veja, por exemplo, que o Estado de Minas Gerais exporta entre 120 a 130 toneladas da própolis por ano, enquanto aqui em Alagoas produzimos o equivalente a apenas uma tonelada/ano. Quer dizer, é muito pouco para eles, não interessa produzir uma, duas, três ou quatro toneladas apenas para esse mercado, porque não compensa. Por isso, é importante a conscientização das autoridades políticas para essa logística”, ressalta o engenheiro agrônomo.
Propriedades exclusivas
A própolis vermelha de Alagoas possui o selo de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem, concedido pelo Inpi - Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
A IG foi registrada em 17 de julho de 2012 pela União dos Produtores de Própolis Vermelha do Estado de Alagoas (Uniprópolis) que tem como associadas as seguintes empresas: Fernão Velho, Biva, Zumbi e outras empresas mais recentes, como a Ouro Vermelho e Rubee Apis, esta última originária de São Paulo.
A própolis vermelha de Alagoas é um produto exclusivo do Brasil e é produzida por abelhas que vivem perto de manguezais. A sua composição é única, com quatro flavonoides que não foram encontrados em nenhum outro tipo de própolis no mundo.
A IG da própolis vermelha de Alagoas é reconhecida internacionalmente e dá direito à propriedade intelectual autônoma. Com a indicação geográfica, o produto pode destacar a sua herança histórico-cultural e o seu caráter comunitário.
Abelhas e turismo
Porto Calvo, a duas horas de Maceió, é rodeada por estrelas do turismo alagoano como Maragogi, Japaratinga e São Miguel dos Milagres.
O que pouca gente sabe é que, ali naquele perímetro turístico, é produzida uma riqueza natural que tem movimentado cientistas brasileiros e pesquisas sobre dores, bactérias e HIV.
Trata-se da própolis vermelha de Alagoas. Produzida por abelhas que vivem próximas a manguezais, essa riqueza que sai das colmeias ganhou um selo de origem.
Apesar de estarem em perímetro turístico, as colmeias não são frequentadas por visitantes. E o motivo é a segurança: entrar em contato com elas demanda produtos e roupas específicas.
A própolis vermelha é produzida por 120 produtores espalhados em 22 cidades alagoanas e só pode ser comercializado por três empresas autorizadas. Ele sai dos manguezais alagoanos e é levado para Maceió.
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