Economia

Produção da própolis precisa de engajamento político em Alagoas

Avaliação é do presidente da Uniprópolis, Mário Agra Júnior, em entrevista à TV Tribuna

Por Tribuna Hoje 21/05/2025 08h29 - Atualizado em 21/05/2025 10h09
Produção da própolis precisa de engajamento político em Alagoas
Mário Agra Júnior, presidente da Uniprópolis, defende maior engajamento do segmento político alagoano para que sejam obtidos mais investimentos na produção do própolis no estado - Foto: Edilson Omena

O TH Entrevista desta semana trouxe como tema os avanços para a produção de própolis vermelha em Alagoas. A União dos Produtores de Própolis Vermelha em Alagoas (Uniprópolis), em parceria com o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDR), está dando um passo importante com o projeto inovador. A meta é quadruplicar a produção. Isso significa mais oportunidades, fortalecimento da economia local e um crescimento expressivo no mercado nacional e internacional.

Mas quadruplicar essa produção em Alagoas ainda esbarra em dois problemas que a Uniprópolis pretende encarar junto com os produtores: a baixa produção do produto para fins de comercialização - principalmente no mercado externo -, e a falta de engajamento das autoridades alagoanas para que a economia do Estado seja alavancada com a produção da própolis.

Fundada em 14/09/2010, a Uniprópolis ousou e em setembro de 2024, foi criada a Cooperativa Uniprópolis (Cooperativa dos Produtores de Própolis Vermelha em Alagoas), que nasceu com o objetivo de proporcionar melhores condições de comercialização, quadruplicar a produção de mel, própolis vermelha e derivados no estado de Alagoas, bem como promover práticas sustentáveis e ampliar o acesso a mercados interno e externo para apicultores e meliponicultores do Estado.

Em conversa com a Tribuna, Mário Agra Júnior, presidente da Uniprópolis, destacou que a fundação da cooperativa desempenha um papel crucial no desenvolvimento sustentável para o setor da apicultura e meliponicultura alagoana, promovendo a eficiência produtiva, a inserção no mercado e a sustentabilidade ambiental, ao mesmo tempo em que vai fortalecer as comunidades locais e a economia rural.

“Mas acho que ainda falta o poder público de Alagoas se interessar para alavancar essa produção no Estado, especificamente as autoridades políticas. É preciso que o governo do Estado, o governador, seja convencido de que Alagoas tem um potencial maravilhoso no que diz respeito à própolis vermelha”, avaliou.

O presidente da entidade acrescentou, no entanto, que da classe política até o momento apenas o deputado federal Paulão (PT) demonstrou interesse em se engajar para que a produção da própolis no Estado se desenvolva: “Conversamos com o deputado {Paulão} e ele garantiu uma emenda”.

Mário Agra ressaltou também que a produção da própolis vermelha ainda é muito baixa em Alagoas e vê isso como um problema a ser enfrentado pelos produtores, uma vez que se constitui como uma barreira para o mercado de exportação do produto, principalmente ao mercado asiático.

“Veja, por exemplo, que o Estado de Minas Gerais exporta entre 120 a 130 toneladas da própolis por ano, enquanto aqui em Alagoas produzimos o equivalente a apenas uma tonelada/ano. Quer dizer, é muito pouco para eles, não interessa produzir uma, duas, três ou quatro toneladas apenas para esse mercado, porque não compensa. Por isso, é importante a conscientização das autoridades políticas para essa logística”, ressalta o engenheiro agrônomo.

Propriedades exclusivas

A própolis vermelha de Alagoas possui o selo de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem, concedido pelo Inpi - Instituto Nacional da Propriedade Industrial.

A IG foi registrada em 17 de julho de 2012 pela União dos Produtores de Própolis Vermelha do Estado de Alagoas (Uniprópolis) que tem como associadas as seguintes empresas: Fernão Velho, Biva, Zumbi e outras empresas mais recentes, como a Ouro Vermelho e Rubee Apis, esta última originária de São Paulo.

A própolis vermelha de Alagoas é um produto exclusivo do Brasil e é produzida por abelhas que vivem perto de manguezais. A sua composição é única, com quatro flavonoides que não foram encontrados em nenhum outro tipo de própolis no mundo.

A IG da própolis vermelha de Alagoas é reconhecida internacionalmente e dá direito à propriedade intelectual autônoma. Com a indicação geográfica, o produto pode destacar a sua herança histórico-cultural e o seu caráter comunitário.

Abelhas e turismo

Porto Calvo, a duas horas de Maceió, é rodeada por estrelas do turismo alagoano como Maragogi, Japaratinga e São Miguel dos Milagres.

O que pouca gente sabe é que, ali naquele perímetro turístico, é produzida uma riqueza natural que tem movimentado cientistas brasileiros e pesquisas sobre dores, bactérias e HIV.

Trata-se da própolis vermelha de Alagoas. Produzida por abelhas que vivem próximas a manguezais, essa riqueza que sai das colmeias ganhou um selo de origem.

Apesar de estarem em perímetro turístico, as colmeias não são frequentadas por visitantes. E o motivo é a segurança: entrar em contato com elas demanda produtos e roupas específicas.

A própolis vermelha é produzida por 120 produtores espalhados em 22 cidades alagoanas e só pode ser comercializado por três empresas autorizadas. Ele sai dos manguezais alagoanos e é levado para Maceió.