Economia

Instituto Fecomércio aponta que 72,2% das famílias alagoanas estão endividadas

Para economista, percentual é influenciado pelo consumo de itens básicos via crédito e pelo custo de moradia na capital

Por Assessoria 24/09/2024 14h46 - Atualizado em 24/09/2024 17h44
Instituto Fecomércio aponta que 72,2% das famílias alagoanas estão endividadas
Das famílias com dívidas, 31,8% têm dívida em atraso e 9,3% afirmaram que não terão condições de pagar - Foto: Assessoria

Apesar do aumento de 3,4% no endividamento e de 5,3% na inadimplência, em agosto, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), para Alagoas, apontou uma queda de 0,6 no percentual dos consumidores com mais da metade orçamento comprometido com dívidas, os superendividados. Embora na margem, a redução sinaliza uma melhora no controle das contas, conforme analisa o Instituto Fecomércio, entidade realizadora da pesquisa em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.

Em termos gerais, 72,2% das famílias alagoanas estão endividadas. Considerando que os dados do Censo 2022, do IBGE (2024) apontam a existência, no Estado, de 1.041 milhão de domicílios familiares (ou famílias), isso significa dizer que as dívidas alcançam cerca de 750 mil famílias.

E não é exagero dizer que o endividamento vem numa crescente desde final de 2023. Em dezembro, 60,9% da população estava endividada e, atualmente, esse percentual subiu para 72,2%, em agosto. O aumento em sequência é multifatorial, segundo afirma o assessor econômico do Instituto Fecomércio, Francisco Rosário. “É um aumento que sofre influências desde o consumo básico baseado no crédito até a inflação local que incide nos alimentos e na moradia na cidade de Maceió”, avalia.

Das famílias com dívidas, 31,8% têm dívida em atraso e 9,3% afirmaram que não terão condições de pagar. Na comparação mensal, este último percentual reduziu -2,1%, indicando que estas famílias estão conseguindo administrar o endividamento, mesmo com o aumento da inadimplência. Isto pode ser percebido quando se analisa o nível de endividamento, pois, em agosto, houve crescimento no número de famílias pouco endividadas (20,5%) e reduções na quantidade de famílias muito endividadas (-7,1%) e mais ou menos endividadas (-6,8%).

Quando desmembrados na comparação anual, estes percentuais demonstram que o volume de famílias mais ou menos endividadas, que havia chegado a 32,5% (08/2023), está em 25,6% (08/2024), refletindo uma redução de -21,1%. Já o número de famílias pouco endividadas saltou de 18,2% (08/2023) para 31,7% (08/2024), resultando em crescimento de 74,1%. “Isso reforça a hipótese de que o aumento do endividamento, desde dezembro passado, está sendo feito por novas dívidas e as famílias ainda conseguem administrar essas dívidas”, observa Rosário.

Contas em atraso podem acender o sinal de alerta
Em agosto, a inadimplência – as famosas contas em atraso – teve um incremento de 5,3%; uma taxa de crescimento maior do que a total dos envidados. Para o economista, é um movimento que pode acender um sinal de alerta. “O complicador, aqui, é que estamos no segundo semestre do ano, período de maior consumo, e o crescimento da inadimplência pode sinalizar a redução no fôlego do consumo das famílias alagoanas”, avalia Rosário.

No total, o percentual de famílias com as dívidas em atraso por mais de 90 dias teve um recuo de –5,2%, na comparação mensal, quando 36% afirmaram estar com dívidas atrasadas por período superior aos 90 dias, sendo a totalidade composta por famílias de menor renda. Por outro lado, como já dito, houve redução no volume de superendividados (-0,6%). E, como também caiu o número de famílias com dívidas por período superior a mais de um ano (-1,3%), percebe-se que, mesmo com o aumento das dívidas, os núcleos familiares continuam controlando o tipo e prazo de endividamento.

Famílias de renda mais baixa puxam a inadimplência
De um lado, a pesquisa do Instituto Fecomércio demonstra que houve aumento significativo no endividamento por aquisição de imóveis e automóveis, bens cujo consumo depende de crédito, levando as famílias de renda mais alta (acima de 10 salários mínimos) a ampliarem o volume de dívidas, saindo de 59,8%, em julho, para 62,2%, em agosto.

De outro, aponta aumento de 5,5% na inadimplência entre as famílias com renda mais baixa (até 10 salários mínimos), saindo de 31,6% para 33,3%, na variação mensal, e puxando a alta geral do indicador. Entre as de maior renda, a despeito do aumento do endividamento, a inadimplência se manteve em 11%. No geral, o percentual de famílias que não terão como pagar suas dívidas segue em queda e, na comparação mensal, recuou 2%, saindo de 10,6% para 10,4%.

O perfil de endividamento é diverso, mas é interessante notar que os carnês apresentaram crescimento de 18,8%, entre junho e agosto. Entre as demais modalidades, houve redução no uso do cheque pré-datado, sendo substituído pelo cartão de crédito que, por sua vez, ainda é a maior fonte de endividamento para as famílias.