Cooperativas

'Jornada das Águas' demonstra potencial da fruticultura no Sertão Alagoano

Iniciativa trouxe seminário de fruticultura com palestras técnicas e mostra de agroprodução em Água Branca

Por Texto: João Paulo Macena com Assessoria 28/10/2021 16h34
'Jornada das Águas' demonstra potencial da fruticultura no Sertão Alagoano
Reprodução - Foto: Assessoria
O Seminário Fruticultura na Região Semiárida, realizado no município de Água Branca, Sertão Alagoano, foi realizado na última quarta-feira (27). O evento faz parte da programação da Jornada das Águas e a Rota da Integração, promovida pelo Sebrae, Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. O município sertanejo, um dos escolhidos pela rota que passou por oito estados do Nordeste e Minas Gerais, reuniu produtores de todo o Sertão Alagoano que puderam expor seus produtos e obter mais conhecimento sobre a fruticultura. O gerente adjunto da Agência de Atendimento Integrada do Sebrae em Delmiro Gouveia, Vitor Pereira, destaca a importância da escolha de Água Branca como o único do estado a receber as ações da Jornada das Águas. “Água Branca foi uma das cidades do país escolhidas para receber a Jornada pelo potencial que tem para o desenvolvimento da fruticultura. Trouxemos essas palestras para que os produtores possam aproveitar o conhecimento e aumentar a produtividade deles. É o conhecimento que transforma o mundo e a agricultura tem o potencial de desenvolver a nossa região semiárida, que se fosse um estado, seria o mais pobre do Brasil. Por isso, precisamos do apoio dessas entidades para mudar essa realidade”, afirma Vitor Pereira. Na abertura do seminário, a representante oficial de Comunicação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, Aline Czezacki, abordou temas como o desperdício de alimentos, fome e o papel da mulher do campo na produção de alimentos, principalmente no cenário da pandemia. “O desperdício de alimentos não é só aquele produto que é jogado fora. Ele também significa o desperdício do tempo do produtor, de insumos, de recursos naturais, da água, do solo. Preservar e não desperdiçar esses alimentos também é uma forma de garantir a preservação de todos esses recursos. Hoje, no Brasil, temos 20 milhões de pessoas passando fome. Essa é uma realidade muito dura”, pontua Aline. “Com a pandemia, aumentaram as restrições e a mulher do campo precisou cuidar ainda mais da família, de casa, dos filhos e esse trabalho acaba sobrecarregando essa produtora. Precisamos pensar como podemos garantir mais acesso, mais oportunidades para a mulher rural que é importante e tem papel central na produção de alimentos”, ressalta. O evento também marcou a assinatura do Termo de Adesão e Compromisso para a inclusão do município na Rota da Fruticultura no MDR, para que o ministério possa mapear informações sobre produtores e culturas de frutas iniciadas na região. José Carlos Carvalho, prefeito de Água Branca lembra que a Jornada das Águas é motivo de celebração para os produtores locais. “Essa Jornada só irá trazer melhorias para o nosso município. Hoje é um dia de luta, de trabalho e de agradecer ao MDR, ao Sebrae, a Codevasf, que juntos, de mãos dadas, poderemos trazer ainda mais melhorias. Junto com a agricultura, iremos chegar lá. Que todos os nossos pequenos produtores possam aproveitar bem esse conhecimento”, frisa. O diretor do Departamento de Desenvolvimento Regional e Urbano do MDR, Francisco Soares, reforça que o trabalho realizado pela Jornada das Águas pode ajudar a garantir o aumento da produção de alimentos no Brasil, atendendo demandas internas e de outros países do mundo. “Hoje, somos o segundo maior produtor de alimentos do planeta, mas muito em breve seremos o primeiro. Essas ações que estão sendo feitas para desenvolver a fruticultura vai demonstrar que o Nordeste tem condições de utilizar a agricultura irrigada em toda região para triplicar a possibilidade de produção de alimentos aqui. Por isso, a responsabilidade nossa, enquanto nordestinos é enorme. É uma grande satisfação poder participar desse momento que é muito importante para o MDR”, afirma o diretor. Mostra de agroprodução A Jornada também contou com a Mostra de Agroprodução, com estandes da Cooperativa dos Agricultores Familiares do Sertão de Alagoas (Cafisa), Cooperativa dos Produtos de Mel, Insumos e Derivados Apícolas (Coopeapis), Associação Municipal dos Jovens Rurais (Terra Jovem), Produtores do Assentamento Lameirão, bem como Engenho São Lourenço e um da Secretaria de Agricultura de Água Branca. Todos os grupos produtivos são acompanhados pelo Programa Alagoas Maior, desenvolvido pelo Sebrae Alagoas e Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur). Somente a Coopeapis, levou produtos como o mel, própolis e pólen, além de outros produtos feitos à base de mel, como biscoitos e outros de frutas plantadas por pequenos produtores da região. Um desses itens foi a geleia de umbu. A Coopeapis trabalha com produtores de 13 municípios do Sertão. Atualmente, a cooperativa conta com uma nutricionista que dá suporte no desenvolvimento de novos produtos através do Programa Alagoas Maior. O programa ainda oferta consultorias e capacitações na área de marketing, vendas e finanças, principalmente para a precificação dos produtos. Cooperada e responsável pela parte administrativa da Coopeapis, Paula Alves, destaca que iniciativa foi essencial para obtenção de conhecimento e expansão da venda dos produtos de cooperados e parceiros. “Participar da Jornada das Águas é muito importante para divulgar a variedade dos nossos produtos. Nesses municípios temos a produção de mel, ovo caipira, hortaliças e frutas na base do Canal do Sertão e alguns irrigados. Também trabalhamos o beneficiamento da macaxeira, fazendo pães, bolos e biscoitos, além do próprio extrativismo do umbu. Do Umbu, fazemos a geleia, o ‘nego bom’ e já queremos criar outros produtos”, conclui. Outro participante da mostra foi o empresário Maurício Brandão, do Engenho São Lourenço. Além do engenho que produz rapadura, a marca também conta com um restaurante e uma sorveteria com uma variedade de produtos especiais à base de rapadura. Na mostra, Maurício Brandão levou alguns dos produtos fabricados pelo engenho, que, entre algumas pausas, conta com 101 anos de atuação. Os visitantes puderam conhecer o mel de engenho, brownie, paletas recheadas à base de rapadura e tradicional Cachaça Artesanal Baronesa. O empresário agradeceu ao Sebrae que contribuiu para a expansão da marca. “Esse evento é muito importante para mostrar nossos produtos que são vendidos em hotéis, pousadas e restaurantes. Somos gratos ao Sebrae por essa oportunidade de mostrar os produtos. Foi graças ao Sebraetec que repaginamos a marca, ajudando a confecção de embalagem, de rótulos, tabelas nutricionais dos produtos e na área de finanças com a precificação, o que nos ajudou a saber trabalhar e separar bem as fontes de renda do empreendimento. Com isso, evoluímos e passamos a ter um financeiro mais organizado e a agregar mais valor aos nossos produtos”, finaliza. Palestras A primeira palestra ‘Viticultura no Baixo São Francisco: sucessos e desafios’, foi ministrada pelo Prof. Dr. Samuel Silva, do Instituto Federal de Alagoas - Campus Piranhas, que contou a história da produção de uva e vinho e da origem das principais espécies de uva como a vitis vinífera e vitis labrusca. Samuel Silva também abordou a produção de uva na região dos municípios de Juazeiro/BA e Petrolina/PE e de como foi feita a adaptação ao semiárido, com sistemas de irrigação e gotejamento e variedades de uvas melhoradas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Além de abordar algumas iniciativas de produção de uva em Alagoas como no município de Craíbas e o parreiral do IFAL. O evento foi encerrado com a palestra ‘Frutas Nativas do Semiárido como Produtos Agroalimentares Diferenciados’, ministrada por Ricardo Elesbão Alves, representante da Embrapa Alimentos e Territórios. Ele mostrou algumas plantas e frutas que podem ser exploradas e cultivadas no Sertão para o uso alimentar e outras utilizações. Segundo ele, frutas como a atenóia, umbu, umbu-cajá, licuri e o fruto da palma forrageira, são exemplos de culturas que podem ser trabalhadas para agregar valor e para abastecer o mercado local e até para a exportação. Ricardo Elesbão também citou algumas tendências mundiais da alimentação e que devem ser levadas em consideração por pequenos e grandes produtores de frutas, entre essas tendências estão: sustentabilidade e prazer, saudabilidade e bem-estar, conveniência e praticidade, confiabilidade e qualidade, sustentabilidade e ética.