Ciência e Tecnologia
Estudo confirma que modelos climáticos dos anos 1990 acertaram elevação do mar
Especialista em proteção costeira alagoano vem alertando o agravamento da situação

Um novo estudo mostrou que a elevação do nível do mar medida por satélites ao longo das últimas três décadas ocorreu exatamente dentro das previsões feitas pelos modelos climáticos da década de 1990. Esse novo estudo, realizado por diversos cientistas, ressalta também que o aumento não é linear, com tendência de aceleração, o que ameaça cidades costeiras com inundações cada vez mais frequentes, como já ocorre em diversos países do mundo.
Pesquisadores da Universidade de Tulane, de New Orleans, na Louisiana, Estados Unidos, como Torbjörn Törnqvist e Sönke Dangendorf, compararam os dados atuais com o relatório do IPCC de 1996, que previa uma elevação global média entre 6 e 7 centímetros de 1993 a 2023.O resultado real foi 8 cm — diferença explicada pelo derretimento do gelo na Groenlândia e na Antártida, subestimado na época.
Várias cidades no Brasil e no mundo enfrentam o avanço do mar devido ao aumento do nível dos oceanos, causado por mudanças climáticas e elevação da temperatura global, como Atafona, no Rio de Janeiro, conhecida como um exemplo emblemático, enfrenta destruição de casas e perda de terras devido à erosão; praias do Ceará, incluindo a Praia do Icaraí e Jericoacoara, que já perderam parte de seu território para o mar, Baía ds Traição, na Paraíba, onde cidades na região já tiveram casas destruídas pela maré e a situação é crítica e Santos, em São Pàulo, apontada como uma das cidades que podem ter grande parte do território submerso até 2100.
Pelo mundo, são centenas de cidades,e mesmo países, que correm o risco de desaparecer. Kiribati, um dos primeiros países a sentir os efeitos das mudanças climáticas, o arquipélago está sendo engolido pelas águas; Guayaquil, no Equador e Kingston, na Jamaíca, cidades que constam na lista de locais com maior risco de serem permanentemente abaixo do nível do mar, segundo estudos sobre o aquecimento global.
Esse novo estudo, que se junta ao estudo da Climate Central, já mapeou mais de 100 cidades no mundo em risco, como Cotonou, no Benin, Kolkata, na Índia, e outras na Austrália e no mundo.
Para o engenheiro alagoano Marco Lyra, um dos maiores especialistas em proteção costeira do Brasil, e expert em recuperação de praias através de tecnologias desenvolvidas pela sua emppresa, a Ocean Protections, como o sandbag e o bagwall, a conclusão é preocupante. ``Se esses cálculos antigos estavam corretos, os cenários futuros também devem ser levados a sério. Ainda que o nível do mar varia regionalmente com correntes e fenômenos climáticos, tudo isso reforça a importância dos dados de satélite da NASA e da NOAA para decisões de adaptação e proteção das populações litorâneas´´.

E claro que Alagoas não pode ficar de fora desta discussão, segundo ele. As praias alagoanas mais vulneráveis à elevação do mar são as de Pontal do Peba (Piaçabuçu), Pontal (Coruripe), Barra Mar (Barra de São Miguel), Saco e Barra Nova (Marechal Deodoro), além de Riacho Doce, Garça Torta e Ipioca, todas em Maceió. Outras áreas de risco incluem a Ilha da Croa (Barra de Santo Antônio), o Marceneiro (Passo de Camaragibe), o Patacho (Porto de Pedras), Barreiras de Boqueirão (Japaratinga) e as praias de Barra Grande e Burgalhau (Maragogi).
``Todas essas regiões precisam de investimentos em obras de proteção costeira para mitigar os impactos, especialmente nas áreas urbanizadas que já sofrem com a erosão. É fundamental a implementação de medidas de contenção para evitar que a situação se agrave e para proteger as comunidades e atividades econômicas desenvolvidas nas orlas´´, finaliza Marco Lyra.
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