Cidades
“Afundamento do Bom Parto é causado pela mineração”
Afirmação é do professor Abel Galindo em resposta ao chefe da Defesa Civil

O engenheiro civil Abel Galindo, professor aposentado do curso de Engenharia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), disse que não existe no subsolo do Bom Parto e de bairro nenhum, a tal argila expansiva que o coordenador da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Nobre, teria atribuído como causadora das rachaduras e fissuras nos imóveis, na região.
“A causadora das rachaduras e do afundamento do solo, no bairro do Bom Parto, como já foi provado, é a mineração da Braskem”, garantiu Galindo.
Em mensagem à redação da Tribuna Independente, ele chamou atenção para a possiblidade da mina 34 entrar em colapso, a exemplo do que aconteceu com a mina 18 em dezembro de 2023, e deu as seguintes explicações:
“Na terça-feira (22/07), tivemos uma comitiva de autoridades diversas e muitas pessoas vítimas da mineração desastrosa da Braskem, verificando as rachaduras e danos diversos nas residências localizadas no bairro do Bom Parto.
Soube que o coordenador da Defesa Civil, senhor Abelardo Nobre, presente à comitiva, estava dizendo que as rachaduras e afundamento das casas era devido a presença de argila expansiva no subsolo. E sendo essa argila expansiva, estaria rachando as casas.
Gente, faço investigações do solo de Maceió, de todos os bairros, para estudos de suporte carga, a quase 50 anos. Tenho, aproximadamente, 20 mil furos [perfurações] para investigações do tipo de solo que temos no subsolo de todas as áreas de Maceió.
Posso garantir que não existe no subsolo do Bom Parto e de bairro nenhum, a tal argila expansiva que o senhor Abelardo [Nobre] atribuiu como causadora das rachaduras nos imóveis.
A causadora das rachaduras e afundamento no Bairro do Bom Parto, como já foi provado é a mineração da Braskem”.
MINA EM COLAPSO
Galindo disse ainda que “a mina 34, que é a mais próxima do Bom Parto, provavelmente está subindo na direção da superfície”.
Segundo ele, “em 2020, empresas francesa, italiana e holandesa, contratadas pela Braskem, por exigência da Agência Nacional de Mineração (ANM), afirmaram que a mina 34 é uma das que podem subir até a superfície, a exemplo da mina 18. E à medida que uma mina sobe, ela provoca deformações na superfície e consequentemente as rachaduras nos imóveis”.
NOTA DA DEFESA CIVIL
A Defesa Civil de Maceió evitou polemizar com o professor Abel Galindo e não respondeu se na opinião do coordenador Abelardo Nobre a “argila expansiva” seria a causa das rachaduras e fissuras, registradas em vários imóveis do Bom Parto.
Por meio de nota, a Defesa Civil Municipal disse que “monitora a região do Bom Parto de forma ininterrupta, não somente pelos equipamentos de alta tecnologia instalados no local, mas também por visitas periódicas”.
Disse também que “a região citada é uma área de risco mapeada pelo Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) desde 2007, como suscetível a inundação por estar às margens da Laguna Mundaú, o que também provoca patologias nas residências pelo tipo de solo encontrado no local”.
Por fim, destacou que “as vistorias realizadas na última terça-feira (22/7) não têm como finalidade a ampliação do Mapa de Linhas de Ações Prioritárias e, sim, subsidiar o juiz federal com as informações necessárias para a tomada de decisões”.
ESCLARECIMENTO DA BRASKEM
A Braskem informa que realiza, desde 2019, estudos de sonar na cavidade 34 periodicamente. Os dados mais recentes indicam que a cavidade permanece estável, sem tendência de movimentação ascendente.
Conforme atualização do Plano de Fechamento de Mina, bem como o último Relatório Consolidado, referente ao mês de junho de 2025, apresentados à Agência Nacional de Mineração (ANM) e as demais autoridades públicas competentes, o preenchimento da cavidade 34 está previsto para iniciar no primeiro semestre de 2026.
Mais lidas
-
1Regras rigorosas
Lei obriga uso de focinheira e guia curta para cães de raças agressivas em AL
-
2Superação e resistência
A impressionante história real por trás do filme Perdido na Montanha
-
3Plantão do sexo
Orgia entre funcionários de hospital durante expediente vaza na web e vira caso de polícia
-
4Acordo Coletivo
Mesmo com lucro de R$ 706 milhões, Equatorial tenta cortar direitos de trabalhadores
-
5Agentes de endemias e comunitários de saúde
Batalha judicial dos Agentes de Saúde chega ao fim e Justiça reconhece direito ao piso salarial e retroativos