Cidades

Empreendedorismo feminino e inclusão: A inspiração de Luana Rodrigues e as famílias atípicas em Alagoas

Mulher, mãe de cinco filhos autistas e fundadora de projeto pioneiro, Luana mostra como o empreendedorismo pode transformar vidas e fortalecer famílias atípicas diante dos desafios sociais e econômicos

Por Tribuna Hoje 25/05/2025 11h39
Empreendedorismo feminino e inclusão: A inspiração de Luana Rodrigues e as famílias atípicas em Alagoas
Os jornalistas Ana Paula Omena e Lucas França receberam a empresária Luana Rodrigues e o economista do Sebrae/Al e professor da Ufal Fábio Leão - Foto: Edilson Omena

No TribunaPod conheça a história emocionante de Luana Rodrigues, uma mulher com baixa visão que superou uma infância marcada por violência e silenciamento para se tornar empreendedora e sustentação de sua família. Mãe solo de cinco filhos diagnosticados com autismo, Luana encontrou na confeitaria, habilidade herdada da avó, o caminho para construir seu negócio e oferecer dignidade à sua casa.

Além de sua trajetória pessoal de coragem, Luana é fundadora do projeto "Famílias Atípicas Empreendedoras", uma rede que conecta mães em situações semelhantes para empreenderem juntas, ganhando visibilidade e apoio. O projeto virou lei em Alagoas, que instituiu uma semana oficial dedicada no mês de setembro à Feira das Famílias Atípicas, fortalecendo a causa e ampliando o legado de inclusão.

O economista e professor universitário Fábio Leão participou do podcast trazendo dados que reforçam a urgência de políticas públicas inclusivas e de apoio à mãe solo empreendedora, que muitas vezes abandona empregos formais para cuidar dos filhos, enfrentando a informalidade e a exclusão social. Ele defendeu a criação de fundos e incubadoras específicas para capacitação e fomento desses negócios, com menos burocracia e mais acesso a recursos.

Um dos destaques foi a fala de Luana, que comparou pais presentes como José, o pai de Jesus, àqueles que assumem responsabilidades ativamente na criação dos filhos atípicos, ressaltando a importância da presença paterna e do apoio familiar. Ela enfatizou que 72% dos pais com filhos atípicos abandonam o lar, deixando mães solo com filhos pequenos de até 5 anos.

Ela também enfatizou que menos de 1% das pessoas com deficiência concluem o ensino superior no Brasil, e que muitas mães são forçadas a abandonar estudos e o mercado de trabalho para cuidar dos filhos, enfrentando uma sobrecarga invisível. A solução, segundo Luana, passa pelo envolvimento da iniciativa privada e de instituições educacionais que ofereçam bolsas e capacitações específicas para essas mulheres.

O economista Fábio reforçou os dados ao trazer resultados de sua pesquisa realizada em bairros periféricos de Maceió, onde constatou que muitas mães solo empreendem por falta de alternativas, abandonando empregos formais devido à carga de cuidados com os filhos.

FUNDOS ESPECÍFICOS

Ele defendeu a criação de fundos específicos para apoiar esse público, com menos burocracia e mais acesso a recursos, incubadoras e capacitações adaptadas à realidade dessas mulheres. Ambos destacaram que não se trata de buscar privilégios, mas equidade social: “oferecer condições mínimas para que essas mães possam competir de forma justa na sociedade e garantir o sustento de suas famílias com dignidade”.

O episódio também destacou as dificuldades enfrentadas pelas famílias atípicas em Alagoas, como a falta de rede de apoio, a dificuldade no acesso a terapias e laudos, e baixa inclusão escolar. “Mães relatam o impacto emocional, com altos índices de depressão e ansiedade, agravados pela precariedade dos serviços públicos e ausência de suporte psicológico”, destacou Luana.

Ela reforçou ainda que a dor e as dificuldades não definem suas vidas, e que a coragem e o empreendedorismo podem transformar realidades, inclusive por meio da arte e da economia circular, que alia inclusão social e sustentabilidade. Luana conclamou mulheres a não silenciarem suas dores e a buscarem redes de apoio e oportunidades.

O podcast encerrou com a mensagem de que, apesar da crise econômica, é possível gerir recursos públicos e privados com eficiência para fortalecer iniciativas sociais, conectando a economia tradicional a projetos inovadores e inclusivos que promovem autonomia financeira e impacto social real. Confira a entrevista completa no canal abaixo.