Cidades

Alagoas: proporção de pretos entre pobres é maior em relação a brancos

Dados são da pesquisa Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, realizada pelo IBGE no ano passado

Por Luciana Beder – Colaboradora com Tribuna Independente 12/11/2022 09h03
Alagoas: proporção de pretos entre pobres é maior em relação a brancos
No Brasil, a proporção de pessoas pobres entre pretos e pardos foi de 37,7% e entre os brancos de 18,6% em 2021, conforme pesquisa do IBGE - Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O levantamento Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado na última sexta-feira (11), mostrou que em 2021 a proporção de pessoas pobres entre pretos e pardos (53,6%) é maior que entre os brancos (47,1%) em Alagoas. Na taxa de pobreza, o IBGE considerou a linha de U$$ 5,50 diários. Na linha da extrema pobreza, (US$ 1,90 diários), as taxas foram de 15,5% para brancos e 15,7% para os pretos e pardos.

No Brasil, a proporção de pessoas pobres entre pretos e pardos foi de 37,7% e entre os brancos de 18,6%. Na linha da extrema pobreza, as taxas foram de 5% para brancos e 11% para os pretos e pardos.

Para a integrante do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô – entidade do movimento negro alagoano – Valdice Gomes, os números não surpreendem. “Sempre soubemos que somos a grande maioria da pobreza, nós sempre dissemos que a pobreza no Brasil tem cor e essa cor é a cor negra. São os pretos e pardos que estão nessa camada da população”, afirmou.

De acordo com Gomes, sempre faltou políticas públicas para a população negra. “Sempre faltou saúde, oportunidade de educação e de emprego. Isso mostra também o quanto nós, que fazemos o movimento negro, estamos corretos, quando cobramos dos governantes política pública, saúde da população negra, porque existe um programa de saúde da população negra, uma política no Ministério da Saúde que não é implementada porque não se tem interesse de implementar. É por isso que cobramos também cotas nas instituições de ensino e mais oportunidades de emprego e em todos os segmentos”, disse.

A integrante do Anajô disse ainda que espera que pesquisas como essa sejam utilizadas pelas autoridades governamentais do país. “Todos os governantes nesse país, as pessoas quando se interessarem em ser gestoras, devem pensar que estão sendo gestoras de um país que tem uma população cuja maioria que está na pobreza é a população negra e que precisa ter seus valores enquanto cidadãos reconhecidos. Estados e Municípios, porque isso não é uma tarefa exclusiva do Governo Federal”, enfatizou.

Segundo a presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir), Marluce Remígio, os dados têm origens históricas e persistentes. “São muitas desvantagens que a população negra ainda continua a amargar. Como no mercado de trabalho, condições de moradia, educação, violência e representação política. Dessa forma, a população negra acaba sofrendo mais no acesso a serviços básicos”, afirmou.

Ainda de acordo com Remígio, a situação piora mais à medida que os jovens vão avançando nos anos escolares. “Temos que reconstruir esse país, que vem sofrendo com os desmontes das políticas públicas, e enfatizar a reparação a essa comunidade. Como, por exemplo, com a Lei de Cotas e as leis 10.639 e 11.645”, disse.