Alagoas registrou um aumento de 68,96% no número de denúncias de violência contra a pessoa idosa, entre os meses de janeiro e agosto deste ano, se comparado com o mesmo período do ano anterior. Segundo dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/AL), foram registradas 196 denúncias, de janeiro a agosto deste ano, e 116 denúncias, no mesmo período do ano anterior.

De acordo com a SSP, a Chefia de Prevenção do órgão tem acompanhado as denúncias de violência contra pessoas idosas recebidas pelo 181, feito operações para averiguar e, em alguns casos, tem flagrado crimes. As ações contam com o apoio da Polícia Civil (PC) e das Bases Comunitárias da Polícia Militar (PM).

Segundo o gerontólogo Crismédio Costa, os casos de violência contra a pessoa idosa são muitos e revoltantes. “A gente chama atenção para a questão dos golpes virtuais. Aliás, a maioria das violências contra as pessoas idosas acontece, justamente, por elas não terem tido acesso à educação. Então, envelheceram sem ter um manejo, sem ter uma leitura e aí dependem de alguém. Esse alguém é justamente a pessoa que quebra esse elo de afeto e de confiança”, afirmou.

Apesar do aumento no número de denúncias, o gerontólogo ressaltou que as pessoas idosas têm sido, aos poucos, mais valorizadas e apoiadas na defesa de seus direitos. “Um fato importante, que eu acho necessário para a visibilidade, é que a legislação federal alterou, baniu a palavra idoso e agora o termo correto é pessoa idosa. Assim como o Governo Federal fez com a pessoa que antes era chamada de deficiente e agora é uma pessoa com deficiência”, disse.

Segundo a OAB, crimes mais frequentes são praticados por familiares

A Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL), por meio da Comissão Especial do Idoso, registrou 29 casos de violência praticados contra pessoa idosa neste ano, sendo sete por meio de agressão; seis de abandono; cinco de ameaça; quatro tentativas de homicídio; quatro de maus-tratos; um de tortura; um de estelionato e um de perturbação de sossego.

De acordo com o presidente da Comissão Especial do Idoso da OAB/AL, Gilberto Irineu, os crimes mais frequentes, geralmente, são praticados por familiares, responsáveis, cuidadores e até mesmo instituições de cuidado.

“Os filhos, os netos ou outras pessoas próximas tentam desviar os proventos, os recursos da pessoa idosa. Isso é muito comum acontecer. E, às vezes também, os próprios filhos ficam brigando para ter e isso caracteriza crime mesmo. Ao reter de forma irregular e desviar proventos da pessoa idosa, seja do pai ou de uma outra pessoa, são seis meses a dois anos de reclusão”, afirmou.

Além dos casos de violência, a Comissão Especial do Idoso da OAB/AL contabilizou 18 homicídios até agosto, sendo oito praticados com arma de fogo; quatro através de espancamento; três com arma branca; um por pauladas e outros dois não foram informados. Destes, 17 foram praticados contra homens e um contra mulher, sendo três registrados em Maceió e 15 no interior de Alagoas.
Durante todo o ano de 2021, trinta e um idosos foram assassinados em Alagoas, segundo levantamento da OAB/AL. Os homens lideram as estatísticas, sendo as principais vítimas. Os crimes ocorreram na capital e no interior do estado, em cidades como Arapiraca, Rio Largo, Piaçabuçu, Mata Grande e São Sebastião.

DISQUE 100

Alagoas registrou 287 denúncias de violência contra pessoa idosa e 1.504 violações de direitos dos idosos, no primeiro semestre deste ano, por meio do Disque 100, segundo dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH). O número de denúncias apresentou uma redução de 24,07%, se comparado com o mesmo período do ano anterior, em que foram contabilizadas 378 denúncias.

De acordo com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, o número de denúncias representa a quantidade de relatos de violação de direitos humanos envolvendo uma vítima e um suspeito, sendo que uma denúncia pode conter uma ou mais violações de direitos humanos. Já as violações configuram qualquer fato que atente ou viole os direitos humanos de uma vítima como, por exemplo, maus tratos e exploração sexual.