Cidades
Número de casos de chikungunya sobe 1.400% em Alagoas
Até outubro deste ano foram 17.474 registros contra 1.163 em 2015; para entomologista, transmissão será mais intensa em 2017
Alagoas registrou aumento em casos de chikungunya. Segundo dados da Secretária Estadual de Saúde (Sesau), de janeiro a outubro deste ano foram registrados 17. 474 casos da doença. Número é quinze vezes o do mesmo período de 2015, quando foram contabilizados apenas 1.163 casos, e representa um aumento de 1.400%.
O número de Alagoas é bem maior que o nacional. No Brasil, de acordo com divulgação do Ministério da Saúde no dia 24 de novembro, houve um aumento de 850% no número de casos. Os dados são do Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo aedes aegypti. De acordo com o ministro Ricardo Barros, foram 251.051 casos da doença neste ano, contra 26.435 em 2015. Os registros superam os de zika no mesmo período, com 208.867 notificações e apenas 3 mortes.
O aumento é assustador, mas o próximo ano pode registrar um número ainda maior. Para o entomologista Rafael Freitas, da Fiocruz, 2017 deve ser o ano da chikungunya. “Todos os dados epidemiológicos até agora sugerem que o próximo Verão vai ter uma transmissão mais intensa da chikungunya. E está encontrando uma população de seres humanos ainda suscetível a esse vírus que nunca tiveram contato com ele”.
O infectologista Fernando Andrade diz que na chegada do Verão, por ser uma época mais quente, consequentemente os casos da doença aumentam. E que todo ano esse aumento já é esperado.
Segundo o infectologista, por ser uma doença nova, a população inteira é suscetível a contrair o vírus. “Se não tiver cuidados os casos podem aumentar”, disse Andrade.
O infectologista explicou que sintomas como febre alta, dor articular (que costuma ser incapacitante) fazendo com que as pessoas não consigam nem se movimentar, além de edemas e inchaços nas juntas são os sintomas mais comuns da doença. Ele orienta que as pessoas com esses sintomas procurem um médico, tenham repouso, tomem bastante (água e sucos) e remédios para febre sempre com a orientação de um especialista e claro fazer os exames necessários para ver se é um quadro mais leve ou se requer mais cuidados.
A servidora pública Diva Lessa está incluída nesse montante de pessoas que tiveram confirmação da chikungunya esse ano. Ela procurou uma unidade de saúde e foi diagnosticada com a doença. O diagnóstico foi em abril, mas segundo ela, até hoje sente dores nas articulações.
“Quase sete meses e até hoje ainda sinto dores no corpo. Fiquei de repouso, as pernas ficaram inchadas, tive náuseas, febre, quase não conseguia andar”, falou Diva Lessa.
Secretaria monta plano para período epidemiológico
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) está avaliando e montando um plano para o período epidemiológico para intensificar as ações de combate ao mosquito em todo o Estado. A informação é da gerente de Vigilância e Controle das Doenças Transmissíveis da Sesau, Danielle Castanha.
Segundo a gerente, as ações de combate ao mosquito são constantes e precisam da participação de todos. “E ontem no dia nacional de combate ao mosquito, as intensificações foram realizadas em prédios públicos de vários municípios. Nas residências essas ações já acontecem rotineiramente”, informou.
A gerente de Vigilância e Controle das Doenças Transmissíveis, também ressaltou que o Ministério da Saúde (MS) doou quatro carros que foram entregues ontem na cidade de Junqueiro e vão auxiliar nas ações que estão sendo realizadas com apoio da Defesa Civil e da Polícia Militar (PM). Além dos 100 estudantes da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) capacitados pela Sesau que fazem visitas as residências uma vez por mês conscientizando a população. “Hoje, eles estarão fazendo visitas na área do Trapiche e nos hospitais próximos ao bairro”, falou Danielle Castanha.
“Além das ações feitas pelas gestões estadual e municipais, a população também devem fazer sua parte, uma vez que o aedes aegypti transmite três doenças, dengue, zika vírus e a chikungunya, que podem deixar sequelas e até levar à morte. A melhor forma de evitar o aumento nos casos é a prevenção”, enfatizou Daniella Castanha.
Ações são promovidas com atividades de campo e educativas
A Prefeitura de Maceió informou que Secretaria Municipal de Saúde (SMS) vem trabalhando de forma permanente, por meio das coordenações reunidas na Diretoria de Vigilância em Saúde (DVS) – de Vigilância Epidemiológica, de Controle de Doenças Transmitidas por Vetores e Animais Peçonhentos e de Promoção e Educação em Saúde – nas ações de combate ao mosquito aedes aegypti. Ações são realizadas através de atividades educativas e de campo. Estas em parceria com as demais secretarias do município, órgãos públicos, instituições de ensino e empresas privadas.
De acordo com a secretaria, as ações contínuas de inspeção de imóveis e escolas ocorrem em todas as regiões da cidade. “Os agentes de endemias de Controle de Doenças Transmitidas por Vetores e Animais Peçonhentos têm realizado busca ativa de focos do mosquito e orientado a população com a distribuição de folhetos educativos acerca dos cuidados preventivos, como na ação de mobilização realizada pelo governo federal na sexta-feira (2). Além disso, vêm fazendo coleta de pneus nas borracharias e terrenos baldios regularmente”, informou a Prefeitura por meio de nota enviada a equipe de reportagem.
A Prefeitura informou ainda que a Secretaria Municipal de Educação e os técnicos da Coordenação de Promoção e Educação em Saúde (Copes) promovem em parceria, desde o início do ano, a mobilização dos estudantes das escolas públicas de Maceió, ampliando a visibilidade sobre o problema com a abordagem dentro das salas de aula e estimulando crianças, adolescentes e jovens a serem protagonistas na conscientização e mudança de comportamento nas comunidades onde estão inseridos.
“O ponto alto desse trabalho ocorreu durante o mês de novembro, quando eles colocaram em prática, através de inúmeras ações relacionadas ao Dia D de Combate ao Aedes aegypti, todo o conhecimento apreendido com os técnicos da Copes e agentes de endemias do município”, diz um trecho da nota.
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