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Wagner Vallim, chefe da apuração da TV Globo, morre aos 55 anos

Por G1 21/09/2022 16h56
Wagner Vallim, chefe da apuração da TV Globo, morre aos 55 anos
Wagner Vallim na sala da apuração da TV Globo em São Paulo - Foto: Arquivo Pessoal

Dizem que a apuração, ou a "escuta", como também é conhecida, é o coração de uma redação jornalística. E, nesta terça-feira (20), o coração da apuração da TV Globo em São Paulo parou. Wagner Vallim, 55 anos, 19 anos deles na Globo, chefe da apuração, morreu de infarto.

Não houve um grande acontecimento na Grande São Paulo, devidamente representada por enormes mapas que cobrem as paredes da aconchegante e pulsante "salinha da apuração", que não tenha passado pela checagem rigorosa de Vallim nas últimas duas décadas.

Alguma cobertura marcante que ele tenha participado? "Todas, todas, todas", respondeu enfática Ana Escalada, diretora de jornalismo da TV Globo em São Paulo.

"Em todos esses grandes fatos, a gente sempre corria para a salinha dele, era o primeiro lugar que você ia bater, era na porta dele, e ele já estava sabendo. Ele era uma segurança para a gente", completou o jornalista José Roberto Burnier, apresentador do SP2.

Sinônimo de perfeccionismo e obstinação, Wallim era incansável. "Era a dedicação em pessoa, quando tinha uma apuração, ele ficava, fuçava, fuçava, até que não tivesse todas as apurações precisas, ele não desistia", contou Ana.

"Ele tinha muito cuidado com a informação, e isso é uma coisa preciosíssima, ainda mais nesses tempos em que estamos vivendo. Uma pessoa muito difícil de ser substituída", completou Burnier.

Tudo isso com doçura, generosidade, carinho e gentileza, como enumerou a amiga Angélica Camargo, da chefia de reportagem, vizinhos da apuração, e as "artérias do coração da redação", responsáveis por direcionar o repórter para o local dos fatos.

Mas o palmeirense fanático Vallim também jogava em outras posições. Foi um professor. De gerações, e gerações de jornalistas que passaram por ele e se criaram ali.

"Ele lutava por nós. Lapidava talentos, nos incentivava a trabalhar sempre da maneira correta, honesta e brigar pela nossa verdade. Era um verdadeiro mestre, sabe? Ensinava e multiplicava conhecimentos", afirmou Larissa Calderari, produtora da apuração.

"Ele foi um professor! Do jeitinho dele, com as apostilas, os mapas de SP, as rondas, as apostilas dos estagiários. Todos nós vamos lembrar dele com muito carinho! Presente, firme, amoroso, um dos jornalistas mais empolgados pela profissão e um doido por chocolate! Formou muita gente da TV e muito melhor do que qualquer faculdade!", disse a produtora Ariane Brione, uma das alunas de Vallim.

Foi com essa vontade de compartilhar conhecimento e aprender que Vallim abraçou a integração da TV com o g1 e abraçou a todos nós.

Nosso amigo deixa a esposa Alessandra e os filhos Henrique e Leonardo.

Nota do governo de SP

"A partida abrupta de Wagner Vallim deixa o jornalismo televisivo órfão de um profissional que tinha, em sua sua essência, a cordialidade e a gentileza no trato com seus interlocutores. Em uma jornada de quase 20 anos no jornalismo da Globo, Vallim se notabilizou pelo respeito e diplomacia na relação entre repórteres e assessores de comunicação do setor público. Ele aliava a busca diária pela excelência informativa à atenção permanente aos problemas da população. Da mesma forma que apontava falhas do poder público, também assegurava destaque jornalístico às soluções governamentais em benefício da sociedade. O interesse público era sempre o seu objetivo. Aos familiares e amigos, meus sentimentos e o reconhecimento público do Governo de São Paulo a um dos grandes nomes da imprensa nacional", diz nota assinada por Cleber Mata, secretário de Comunicação do Estado de São Paulo.