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Ocupação irregular de áreas em Petrópolis mais do que dobrou entre 1985 e 2020

Dados são de monitoramento realizado pelo MapBiomas com base nas regiões consideradas 'aglomerados subnormais' pelo IBGE. A expansão da ocupação irregular continuou a crescer mesmo após grandes tragédias, como as de 1988, 2011 e 2013.

Por G1 23/02/2022 11h59
Ocupação irregular de áreas em Petrópolis mais do que dobrou entre 1985 e 2020
Ocupação irregular de áreas em Petrópolis - Foto: Divulgação

As áreas ocupadas de forma irregular mais que dobraram em Petrópolis, no Rio de Janeiro, nos últimos 35 anos. É o que mostra levantamento feito a pedido do g1 pela MapBiomas com base em imagens de satélite e dados do IBGE.

Entre 1985 e 2020, houve um crescimento de 108,81% no espaço ocupado na cidade pelos "aglomerados subnormais", classificação do IBGE para áreas como favelas, invasões e loteamentos irregulares.

Geralmente, esses locais estão em áreas precárias, sem infraestrutura básica – muitas vezes em regiões consideradas de risco de deslizamentos ou inundações.


O IBGE mapeou 48 "aglomerados subnormais" em Petrópolis, entre eles o Morro da Oficina, um dos mais devastados pela tempestade que destruiu a cidade na última semana.
A expansão da ocupação irregular continuou a crescer mesmo após grandes tragédias, como as de 1988, 2011 e 2013.

A área construída no município sobre esses locais em 1985, três anos antes de uma das maiores tragédias já registradas na história da cidade, era de 198,7 hectares, mostra o levantamento realizado por Julio Cesar Pedrassoli, coordenador do mapeamento das áreas urbanizadas do MapBiomas e professor de engenharia Cartográfica da Universidade Federal da Bahia.

Em 2020 – último ano com dados atualizados –, essa ocupação passou para 414,9 hectares (aumento de 108,81%).

Mais de 70 mil pessoas em áreas de risco


De acordo com uma pesquisa feita pelo IBGE e pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), utilizando dados do Censo 2010, pouco mais de 70 mil pessoas moravam nessas áreas de risco de desastres naturais em Petrópolis em 2018.

O número representa 24,4% da população total do município calculada pelo órgão. Esse mesmo levantamento do IBGE apontou que 24.089 domicílios estavam nas áreas de risco.

Em outro levantamento, contratado pela prefeitura de Petrópolis e realizado pela empresa Theopratique Obras e Serviços de Engenharia e Arquitetura em 2016, foram mapeadas 27.704 moradias "em áreas de risco alto e muito alto" nos 5 distritos que compõem a cidade.

As informações constam no Plano Municipal de Redução de Riscos, que foi entregue à prefeitura em 2017 e utiliza metodologia diferente da empregada pelo IBGE.