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IML recebe corpos de 19 das 25 pessoas que morreram em operação da Polícia Civil

A ação, ocorrida nesta quinta-feira, foi a mais letal já realizada no estado

Por Extra 07/05/2021 11h50
IML recebe corpos de 19 das 25 pessoas que morreram em operação da Polícia Civil
Reprodução - Foto: Assessoria
O Instituto Médico Legal (IML) recebeu, até o início da manhã desta sexta-feira, os corpos de 19 das 25 pessoas que morreram num tiroteio durante uma operação da Polícia Civil na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio. A ação, ocorrida nesta quinta-feira, foi a mais letal já realizada no estado. O irmão de uma delas fez um desabafo: — Foi chacina. Meu irmão levou um tiro só, no coração. A favela não pode ficar calada. Foi chacina. Meu irmão morreu assassinado. Um tiro só no peito. Não foi troca de tiros, não. Um dos mortos no tiroteio foi o policial civil André Frias. O agente, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), será sepultado às 15h30 no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste da capital. O velório começa às 9h30m. Às 13h sairá uma carreta da Cidade da Polícia, no Jacarezinho, em direção ao cemitério. Cinco pessoas ficaram feridas durante o confronto: dois policiais civis, um homem que foi atingido no pé dentro de casa e dois passageiros do metrô, feridos na estação Triagem, perto do Jacarezinho. Esses últimos são o militar da Marinha Rafael Silva e Humberto Duarte. Rafael foi levado para o Hospital municipal Salgado Filho e saiu de lá à revelia, segundo a Secretaria de Saúde. Ele foi para uma unidade de saúde da Marinha. Já Humberto recebeu atendimento no Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro, e já teve alta. Moradores do Jacarezinho relataram abusos durante a operação. Uma equipe da Defensoria Pública foi à comunidade e ouviu denúncias sobre essas supostas arbitrariedades por parte dos policiais. — Um rapaz foi executado no quarto de uma menina de 8 anos. A cama dessa criança, que está traumatizada, estava cheia de sangue, inclusive a coberta — disse Maria Júlia Miranda, do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos. Segundo ela, moradores também acusaram os agentes de tomar seus celulares. Para o diretor da Ford Brasil e ex-diretor da Anistia Internacional, Atila Roque, o episódio precisa ser devidamente apurado e esclarecido. Em termos de letalidade ele comparou as mortes do Jacarezinho às das chacinas de Vigário Geral, em 1993, e da Baixada, em 2005, ambas com número grande de vítimas: — Uma verdadeira chacina.