Brasil

Moradores e comerciantes mudam rotina após rebeliões em presídio de Natal

Onda de medo fez com que moradores se recolham mais cedo e a maioria dos comerciantes nem cheguem a abrir o seu estabelecimento

20/01/2017 11h33
Moradores e comerciantes mudam rotina após rebeliões em presídio de Natal
Reprodução - Foto: Assessoria

A tranquilidade deu lugar à tensão nos últimos dias na capital potiguar.  O clima de insegurança após a rebelião no presídio de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, Rio Grande do Norte, já dura quase uma semana, e resultou em pelo menos 26 mortes de detentos, segundo o governo. O pânico afetou o comércio, transporte coletivo urbano, coleta de lixo, escolas e universidades.

A onda de medo fez com que moradores se recolham mais cedo e a maioria dos comerciantes nem cheguem a abrir o seu estabelecimento. De acordo com o aposentado Fábio Peixoto, que é síndico de um prédio no bairro Capim Macio, na zona sul da cidade, o caos está instalado e sem previsão de calmaria.

Presídio Alcaçuz é conhecido como 'queijo suiço'

“O objetivo dos presidiários de Alcaçuz foi alcançado, eles conseguiram tocar o terror em Natal, o pânico está generalizado na cidade”, frisou. Ele comentou que, agora, os prestadores de serviço que ainda têm ‘coragem’ de abrir seu negócio, se limitam nos horários, e os funcionários que são obrigados a trabalhar sentem muita dificuldade de chegar até o emprego devido à falta de transporte coletivo na cidade.

Segundo Fábio, o governo do estado liberou o uso do transporte escolar para fazer lotação, bem como taxistas e particulares. A cobrança, de acordo com ele, foi estipulada tendo como base a mesma tarifa do ônibus, que é R$ 2,90. A iniciativa partiu depois de vários ataques a ônibus, que forçou empresas do transporte público a reduzirem a frota.

“As pessoas que se arriscam em sair de casa, até saem, mas com a presença de parentes ou grupos. O presídio Alcaçuz é conhecido como ' queijo suíço' feito em cima de dunas de areia, o que facilita a fuga de presos, caso queiram cavar túneis. A situação é preocupante para todos, o que atinge também a economia da cidade que neste período recebe inúmeros turistas”, destacou. 

Presídio Alcaçuz é situado próximo a maior cajueiro do mundo

Falando em turismo, a reportagem do Tribuna Hoje, falou com uma alagoana que esteve há pouco tempo em Natal. Edla Calheiros afirmou que visitou a cidade potiguar com um grupo, porém se limitou à orla de Ponta Negra. “Fomos antes destas rebeliões, mas como já sabíamos que a cidade estava violenta por conta da onda de ataques a ônibus que houve no ano passado, preferimos nos resguardar num local mais seguro”, mencionou.

Até o momento, segundo informações do governo do Estado do Rio Grande do Norte, os detentos seguem soltos nos pavilhões e pátios do presídio com a presença de um muro humano feito por policiais militares de batalhões especiais, como os da tropa de chope, por exemplo.

O governo disse ainda que pretende manter o policiamento no local até a construção de um muro de concreto no meio do pátio. A intenção é dividir os detentos de facções rivais.

A Penitenciária de Alcaçuz fica muito próxima do Maior Cajueiro do Mundo, um dos pontos turísticos obrigatórios do Rio Grande do Norte, em Nísia Floresta, distante cerca de seis quilômetros da capital Natal.