Turismo

Turismo alagoano ainda não sente impacto do óleo

Segundo ABIH e Abrasel, turistas estão receosos e pesquisam destino, mas cancelamentos são pontuais e ainda não afetam o setor

Por Lucas França com Tribuna Independente 23/10/2019 08h26
Turismo alagoano ainda não sente impacto do óleo
Reprodução - Foto: Assessoria
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Alagoas (ABIH/AL) e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Alagoas (Abrasel), os turistas estão com receio em viajar para cidades do litoral nordestino, atingido pelas manchas de óleo desde início de setembro. No entanto, segundo as associações, o estado ainda não sentiu o impacto porque as desistências foram pontuais e irrelevantes, de modo que o setor não teve prejuízos econômicos. “Foram uma ou outra desistência, bem pontuais. O que tem acontecido é muita consulta, e claro, o receio das pessoas desistirem de comprar o destino’’, afirma ABIH/AL. [caption id="attachment_335114" align="alignleft" width="260"] Thiago Falcão diz que bares e restaurantes não contabilizam prejuízos (Foto: Secom/Maceió)[/caption] A Abrasel confirma que, até o momento, os associados não reclamaram sobre prejuízos econômicos. “O que está acontecendo são algumas manifestações pelas redes sociais ou turista ligando para saber o que está acontecendo. Mas, até o momento, os bares e restaurantes não contabilizam prejuízos. Não há relato de cancelamentos em reservas, se houve é bem pontual. O fluxo continua dentro do previsto e acreditamos que o Verão será muito bom, por vários fatores com a melhora da divulgação do destino”, disse Thiago Falcão, presidente da Abrasel. SEDETUR Em nota, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur) também informou que ainda não considera haver impactos relevantes das machas de óleo no litoral nordestino no dia a dia da atividade do turista em Alagoas, assim como também não há reflexo direto na economia do Estado. “A Sedetur segue em constante diálogo com as companhias áreas, agências de viagem e todo o trade, por meio da Associação Brasileira da Indústria de Hóteis (ABIH/AL), que até o momento não apontaram regressão ou desistência significativa na vinda de turistas para o Estado. De acordo com o diretor da CVC - uma das principais parceiras do segmento do turismo na região e maior operadora da América Latina - Claiton Armelin, os cancelamentos de reserva identificados foram muito pontuais, não apresentando interferência expressiva no número total de visitantes e reservas’’. A Sedetur informou ainda que de forma incisiva, o Governo de Alagoas, por meio do Grupo Técnico de Acompanhamento (GTA) - atualmente são mais de 800 pessoas mobilizadas com as ações de limpeza das praias - tem atuado de maneira conjunta com as prefeituras municipais, órgãos ambientais e demais setores envolvidos para a identificação e controle da situação da forma mais célere e eficiente possível. Em Alagoas foram recolhidas mais de 533 toneladas   Em Alagoas, segundo o GTA, até o momento há o registro de pouco mais de 533 toneladas de material retirado das praias, considerando óleo e areia contaminada, tendo sido a maioria recolhida no município de Japaratinga. Nesta terça-feira (22), novos fragmentos surgiram na praia de Ipioca, em Maceió, e em Japaratinga. Na capital a prefeitura iniciou a limpeza logo em seguida. Nas cidades do Litoral Norte e Sul, o trabalho de mutirão prossegue com a participação de homens da marinha, reeducandos, técnicos e voluntários do Instituto do Meio Ambiente (IMA), trabalhadores contratados pela prefeitura e voluntários/moradores da região. Uma equipe do ICMBio  está fazendo o trabalho de análise da situação dos estuários. O GTA é formado por representantes dos órgãos estaduais – IMA e Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh); federais – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); e Marinha – Capitânia dos Portos. O grupo conta com o apoio das secretarias de meio ambiente dos municípios atingidos, reforço da Defesa Social do Estado e apoio da Secretaria de Estado de Ressocialização e Inclusão Social (Seris). Nos noves Estados do Nordeste, já são mais 200 localidades atingidas pelo óleo, de acordo com a atualização feita no domingo (20) pelo Ibama, e mais de 900 toneladas de resíduos retiradas das praias. 30 embarcações de diferentes países são investigadas   O comandante da Marinha, almirante Ilques Barbosa Júnior, afirmou ontem (22) que as investigações sobre a origem do óleo que atingiu praias do Nordeste se concentram em 30 embarcações regulares, com bandeiras de 10 países diferentes, e na possibilidade de o material ter sido derramado por um “dark ship”. Júnior explicou que “dark ship” é uma embarcação com dados conhecidos das autoridades, mas que, em função de restrições para transportar determinada carga, opta por uma “navegação nas sombras”, a fim de evitar ser interceptado por Marinhas de guerra. “Ou seja, ele busca linhas de comunicação marítima que não são tão frequentadas, não alimenta sistemas de identificação, ele procura as sombras. Essa navegação às sombras produz esse dificuldade de detecção”, acrescentou.