Saúde
Resistência a antibióticos causa 1,27 milhão de mortes no mundo e 34 mil no Brasil por ano
De 18 a 24 de novembro, a Semana Mundial de Conscientização sobre Resistência a Antimicrobianos alerta para o uso racional desses medicamentos
Com 1,27 milhão de mortes diretas por ano e outras 4,95 milhões associadas, a resistência a antimicrobianos (RAM) já figura entre as dez maiores causas de óbito no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). É por isso que, entre os dias 18 e 24 de novembro, ocorre a Semana Mundial de Conscientização sobre Resistência a Antimicrobianos, iniciativa internacional que reforça a urgência do uso racional desse tipo de medicamento.
No Brasil, o problema também é crescente: são cerca de 34 mil mortes diretamente relacionadas ao fenômeno e mais de 138 mil associadas, além de 221 mil óbitos por infecções bacterianas e 400 mil casos anuais de infecção generalizada.
“A RAM ocorre quando bactérias, vírus e fungos se tornam capazes de sobreviver aos tratamentos disponíveis. São múltiplas as causas, incluindo o uso incorreto de antibióticos, como automedicação, abandono precoce do tratamento, além de prescrição indiscriminada por profissionais de saúde e uso intensivo na pecuária”, explica a médica infectologista da Unimed Maceió, Mardjane Lemos.
Segundo ela, situações comuns do dia a dia ilustram bem esse cenário. “Um paciente com uma infecção pode receber um antibiótico para ser tomado rigorosamente a cada oito horas. Mas, por esquecimento ou para economizar, decide tomar apenas duas doses ao dia, aumentando o intervalo entre elas. Esse simples ajuste altera a eficácia do tratamento e favorece o surgimento de bactérias resistentes”, detalha a médica.
Se nada mudar, projeções de um estudo publicado na revista The Lancet em 2024 estimam que a resistência antimicrobiana poderá causar mais de 39 milhões de mortes até 2050. Esse número representa um aumento de cerca de 70% em relação aos níveis de 2022. O estudo também prevê um aumento nas mortes associadas à RAM, que poderiam chegar a 8,22 milhões anuais até 2050. Ainda segundo a pesquisa, pessoas com 70 anos ou mais sofrerão o maior impacto com relação aos óbitos.
Além disso, um outro grande desafio contemporâneo para a ciência é a escassez de novos antibióticos. O relatório “Agentes antibacterianos em desenvolvimento clínico e pré-clínico em 2020: uma visão geral e análise” da OMS, publicado em 2021, mostra que os antibióticos em estudo ainda não são suficientes para combater as chamadas “superbactérias”, classificadas na Lista de Patógenos Bacterianos Prioritários. A revisão concluiu que ainda não se produz, no ritmo necessário, os tratamentos capazes de conter a expansão das bactérias resistentes a medicamentos.
Segundo a especialista, atitudes simples podem evitar o avanço da resistência
Segundo a infectologista da Unimed Maceió, Mardjane Lemos, algumas medidas simples têm impacto direto na redução da resistência antimicrobiana. Ela reforça que evitar a automedicação, seguir corretamente a prescrição médica — respeitando horários, doses e o tempo completo do tratamento — é fundamental para impedir que microrganismos se tornem resistentes.
A médica lembra ainda que manter a higiene das mãos, cuidar da qualidade da água e dos alimentos para prevenir infecções gastrointestinais, e manter os esquemas vacinais em dia são atitudes que ajudam a reduzir a necessidade de uso de antibióticos e, consequentemente, diminuem a pressão seletiva que favorece o surgimento de bactérias resistentes.
Para Mardjane, o enfrentamento da RAM exige responsabilidade compartilhada. Ela destaca que profissionais de saúde têm papel central ao indicar, prescrever e orientar de forma adequada, enquanto os pacientes são responsáveis por seguir corretamente essas orientações, evitando adaptações feitas por conta própria. Essa combinação, segundo ela, é o que garante eficácia ao tratamento e contribui para retardar o avanço da resistência.
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