Saúde
Novo protocolo nacional aprimora diagnóstico do autismo e reduz risco de atrasos no tratamento
A Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI) acaba de divulgar um novo protocolo clínico para diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A atualização traz critérios mais detalhados e uma abordagem multidisciplinar, com foco em diagnósticos mais precoces e precisos — especialmente em crianças menores de 3 anos.
O novo documento substitui as diretrizes anteriores de 2015 e está alinhado às recomendações internacionais da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Associação Americana de Psiquiatria (APA). O protocolo reforça a necessidade de uma avaliação integrada entre neurologistas, pediatras, fonoaudiólogos e psicólogos, e amplia o olhar para aspectos do desenvolvimento motor e da comunicação social, antes pouco valorizados nas triagens iniciais.
Entre as principais mudanças, destacam-se:
* Incorporação de novos instrumentos padronizados de triagem, como o M-CHAT-R/F e o STAT, aplicáveis já a partir dos 18 meses. Esses testes consistem em um questionário aplicado aos pais e na observação direta da criança.
* Ênfase na observação contínua do comportamento da criança em diferentes contextos (família, escola, consultas).
* Critérios mais sensíveis para identificar sinais sutis do espectro leve, como dificuldades de reciprocidade social e rigidez de interesses.
* Capacitação obrigatória de profissionais da rede pública e privada para garantir uniformidade na aplicação dos testes.
* Criação de fluxos regionais de referência para confirmação diagnóstica e encaminhamento a terapias de intervenção precoce.
De acordo com o neuropediatra Dr. Flávio Santana, a mudança representa um avanço fundamental para a saúde pública brasileira:
“O diagnóstico do autismo ainda é muito desigual no país. Há crianças que são identificadas apenas aos cinco ou seis anos, quando muitos ganhos poderiam ter sido obtidos se a intervenção tivesse começado antes. Esse novo protocolo estabelece parâmetros mais objetivos, que ajudam o profissional a reconhecer sinais precoces e reduzem o tempo entre a suspeita e o início do tratamento”, explica o especialista.
O protocolo também destaca a importância do acompanhamento longitudinal, reforçando que o diagnóstico de TEA deve ser visto como um processo contínuo e não como uma decisão única baseada em uma consulta isolada.
Para a SBNI, a implementação das novas diretrizes deve reduzir significativamente os casos de subdiagnóstico e ampliar o acesso a intervenções precoces, fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças. A entidade prevê que, até 2026, todos os serviços de neurologia infantil e centros de referência em desenvolvimento neuropsicomotor adotem o novo modelo de avaliação.
Em uma mensagem voltada às famílias, Dr. Flávio Santana reforça o papel essencial dos pais e cuidadores nesse processo:
“Os primeiros sinais do autismo muitas vezes aparecem em pequenas coisas do dia a dia — como a ausência de contato visual, o atraso na fala ou a falta de interesse em brincar com outras crianças. Com as novas ferramentas de triagem, conseguimos orientar melhor as famílias sobre o que observar e quando procurar ajuda. Quanto mais cedo esses sinais forem percebidos, maiores são as chances de estimular o desenvolvimento da criança e garantir sua autonomia no futuro”, destaca o neuropediatra.
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