Saúde

Saúde ocular infantil é tema de cartilha

Oftalmologistas ensinam como tratar conjuntivites e terçol, escolher óculos certos e evitar problemas com uso de maquiagem

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 10/09/2025 07h56
Saúde ocular infantil é tema de cartilha
Oftalmologista Carmem de Biase diz que exame ocular deve ser realizado nos primeiros meses de vida - Foto: Acervo Pessoal

O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) lançaram a cartilha Saúde Ocular na Infância, com recomendações para que pais, responsáveis e professores fiquem de olho na visão das crianças.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% dos casos de cegueira infantil poderiam ser prevenidos ou tratados com o diagnóstico precoce.
Segundo a presidente do CBO, Wilma Lelis Barboza, muitos desses problemas não apresentam sintomas claros no início, o que torna importante a divulgação de informações objetivas e seguras, como as da cartilha.

“Dificuldades de enxergar muitas vezes passam despercebidas, mas podem se evidenciar no processo de aprendizagem. Pais e professores devem ficar atentos a sinais como dificuldade para enxergar a lousa, aproximação excessiva de livros e telas e dores de cabeça frequentes. Nessas situações, é importante procurar um oftalmologista”, orientou.

Um dos nomes de maior referência em oftalmologia em Alagoas, Carmem De Biase Ferraz, destacou que entre as principais medidas que pais e/ou responsáveis devem adotar para proteger a saúde ocular da criança estão o exame oftalmológico regular desde os primeiros meses de vida, o limite do uso excessivo de telas e uma alimentação saudável, rica em vitamina A.

“O ideal é que uma criança seja examinada por um oftalmopediatra até o segundo mês de vida. O exame oftalmológico completo é indicado ao menos duas vezes na infância: entre os 6 e 12 meses e entre os 3 e 5 anos”, ensinou Carmem De Biase que atua na Ferraz Oftalmologia Avançada e no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes.
Ela salientou que a cartilha elenca as etapas do desenvolvimento visual desde a infância até a adolescência, além da importância da realização do exame oftalmológico de rotina, mesmo na ausência de sintomas.

“Fala também do uso de óculos de proteção e do cuidado com o armazenamento de produtos químicos e objetos cortantes, que devem estar fora do alcance das crianças”, detalhou Carmen De Biase, cuja especialização em oftalmopediatria, plástica ocular, prótese e vias lacrimais foi concluída no Instituto Hilton Rocha, em Belo Horizonte. A oftalmologista tem mestrado em Ensino na Saúde, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas.

CARTILHA

Problemas de refração, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, são comuns na infância e podem atingir de 1,44% a 18,63% das crianças, dependendo da região e do tipo de alteração visual. Quando não tratados, esses casos podem evoluir para quadros mais graves, como baixa visão ou até mesmo cegueira.

Entre os temas abordados na cartilha Saúde Ocular na Infância, os oftalmologistas ensinam como tratar conjuntivites e terçol, escolher os óculos certos e evitar problemas com maquiagem infantil.

O material também traz informações sobre outros problemas oculares comuns, como estrabismo e celulite periorbital, além de cuidados no uso de lentes de contato. Outras recomendações importantes incluem o uso seguro de telas e a prevenção de acidentes domésticos e escolares.

SAÚDE OCULAR NA INFÂNCIA

Durante o desenvolvimento infantil, destacou a cartilha, existem marcos visuais que ajudam a identificar possíveis problemas. Desde o primeiro mês de vida, o bebê já deve ser capaz de fixar o olhar por alguns segundos. Aos três meses, deve acompanhar objetos com o olhar, e aos nove meses, reconhecer rostos familiares e reagir a expressões faciais. Se a criança não atingir esses marcos ou apresentar sinais como desalinhamento constante dos olhos e reflexo esbranquiçado na pupila, é essencial buscar um oftalmologista.

O desalinhamento constante dos olhos em qualquer idade ou intermitente após os 4-6 meses pode indicar estrabismo e também deve ser avaliado.

A cartilha também aborda o impacto do uso excessivo de telas na saúde ocular das crianças. Para evitar o cansaço ocular e problemas a longo prazo, a recomendação é que até os dois anos de idade as crianças não devem usar equipamentos como celulares, computadores e tablets.

Ainda conforme a cartilha, entre dois e cinco anos, o uso deve ser limitado no máximo a uma hora. Entre seis e dez entre uma e duas horas e de 11 aos 18 no máximo três horas. Tais medidas podem evitar o uso dos óculos no futuro. Fazer atividades ao ar livre e se expor corretamente à luz solar também têm o efeito de auxiliar no desenvolvimento correto da visão.

A publicação também ensina a regra 20-20-20, a cada 20 minutos de tela, olhar para algo a uma distância de 20 pés (cerca de seis metros de distância) por 20 segundos, é uma prática recomendada para aliviar o esforço visual. Além disso, atividades ao ar livre, com exposição solar indireta, ajudam no desenvolvimento saudável da visão.

Ainda conforme as orientações, a conjuntivite viral, por exemplo, causa vermelhidão, coceira e secreção nos olhos. Para aliviar os sintomas, recomenda-se o uso de compressas frias e uma boa higiene, evitando o compartilhamento de objetos pessoais.

Já para o terçol, elevação ou bolinha (inchaço) doloroso na pálpebra, a recomendação é aplicar compressas mornas e massagear a região suavemente. Outro problema comum é a obstrução do canal lacrimal, que se manifesta por um lacrimejamento constante, especialmente em bebês. Muitas vezes, massagens suaves no canto dos olhos ajudam a desobstruir o canal, mas se o problema persistir após um ano de idade ou apresentar complicações, é melhor procurar ajuda médica.

A publicação também fala da prevenção a acidentes domésticos e escolares. A cartilha orienta o uso de óculos de proteção durante atividades manuais, cuidados ao manusear objetos cortantes e atenção ao armazenamento de produtos químicos fora do alcance das crianças. Para os pequenos que utilizam óculos ou lentes de contato, o acompanhamento médico periódico é essencial para ajustar a graduação e garantir o uso correto e seguro.

“O material reforça que cuidar da visão desde a infância impacta diretamente na qualidade de vida e no aprendizado. Além de trazer dicas de cuidados e apresentar os principais sintomas, a cartilha se torna uma fonte de consulta indispensável. Mais do que informar, o conteúdo busca incentivar ações preventivas e corretivas”, destaca a presidente do CBO.

RETINOBLASTOMA

O setor de oncopediatria da Uncisal (Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas) irá esclarecer a população sobre a importância do diagnóstico precoce do retinoblastoma, um tipo raro de câncer ocular infantil que pode ser identificado com idas pontuais ao oftalmologista. A ação acontecerá neste sábado, dia 13, na Praça Central do Maceió Shopping, em Mangabeiras.