Alagoas viveu um marco histórico na medicina com a realização do primeiro transplante cardíaco do estado com órgão captado fora de Alagoas. A cirurgia foi realizada no Hospital do Coração Alagoano e devolveu a esperança à vida de Samuel, um adolescente de 16 anos, que enfrentava sequelas graves da dengue hemorrágica desde 2022, que afetaram seu coração.

A operação foi um grande desafio logístico e médico, envolvendo uma verdadeira força-tarefa entre equipes de saúde e transporte aéreo. O coração para o transplante foi captado em Sergipe e transportado para Maceió, onde foi implantado em Samuel em tempo recorde.

Desde que foi diagnosticado com dengue hemorrágica, Samuel passou por três anos de intenso sofrimento, com múltiplas internações e um quadro grave de comprometimento cardíaco. O jovem, antes ativo, foi forçado a parar de estudar e a depender de medicamentos pesados para sobreviver. A mãe de Samuel, Ana Carla, lembra do sofrimento diário vivido pelo filho:

“Na época, ele tinha 13 anos e teve que parar tudo. Ele não podia fazer nada sozinho, precisava de ajuda para tomar banho, para se vestir. Era muita medicação, muitas internações. Os médicos indicaram que ele precisaria de um transplante de coração”, relembra Ana Carla, emocionada.

Na madrugada de quinta-feira (31), a esperança de uma nova vida para Samuel finalmente chegou. A mãe recebeu a tão esperada ligação do hospital informando que havia um coração compatível disponível em Aracaju. "Às quatro horas da manhã o telefone tocou e quando eu vi que era do hospital, eu já sabia que a esperança de mudança de vida estava chegando para o meu filho. Foi muita felicidade, muita alegria. Ele chorou muito, nós choramos juntos e corremos para o hospital", disse Ana Carla, com voz embargada de emoção.

Corrida contra o tempo 

A cirurgia, realizada no Hospital do Coração Alagoano, teve um tempo extremamente reduzido entre a retirada do coração em Aracaju e o implante em Maceió. A logística envolveu um helicóptero que transportou o órgão, e a cirurgia foi realizada dentro do limite de quatro horas exigido para o implante de órgãos vitais.

"Demoramos apenas duas horas para transportar o coração de Aracaju até o hospital em Maceió. Isso nos deu ainda duas horas para realizar o transplante com sucesso. O coração chegou em ótimas condições e, graças à equipe e ao tempo, o procedimento foi um sucesso. O coração bateu forte e firme no peito de Samuel", explicou o cirurgião cardiovascular Diego André.

 Sistema de Transplantes de Alagoas

De acordo com a Central de Transplantes de Alagoas, até julho deste ano, o estado já havia realizado 76 transplantes, incluindo córneas, rins, fígado e corações. No entanto, ainda existem quase 600 pessoas na fila à espera de um órgão, o que reforça a importância de decisões conscientes sobre doação de órgãos.

“A lista de espera continua grande. Muitas pessoas aguardam pela doação de órgãos e o 'sim' da família em momentos difíceis. Se você conversar com seus familiares sobre a sua vontade de ser doador, isso pode salvar vidas como a de Samuel, que ganhou uma nova chance de viver", ressaltou Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas.

Agora, após o transplante, Samuel inicia uma nova etapa em sua vida, com grandes perspectivas de recuperação e uma saúde renovada. Para sua mãe, o transplante representou mais que um procedimento médico; foi a chance de dar ao filho uma nova chance de viver com qualidade e liberdade.