Saúde

Especialista do Hospital da Criança explica os riscos do cigarro eletrônico para o público infantojuvenil

Ana Cláudia Dowsley diz que o uso contínuo deste dispositivo pode causar danos irreversíveis ao trato respiratório de crianças e adolescentes

Por Hospital da Criança 30/05/2025 15h30
Especialista do Hospital da Criança explica os riscos do cigarro eletrônico para o público infantojuvenil
Apesar da proibição da venda de cigarros eletrônicos, a comercialização exacerbada sem fiscalização gera interesse entre os mais novos - Foto: Marco Antônio / Agência Alagoas

As substâncias presentes no cigarro eletrônico podem causar danos irreversíveis ao trato respiratório de adultos e, principalmente, do público pediátrico. Esse é um alerta da pneumologista Ana Cláudia Dowsley, que atua no Hospital da Criança de Alagoas (HCA), localizado no bairro Jacintinho, em Maceió.

Entre 2018 e 2022, o número de usuários de cigarros eletrônicos, conhecidos popularmente como vapes, quadruplicou no Brasil, de acordo com uma pesquisa do Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec). Foi um salto de 500 mil para 2,2 milhões de pessoas. Esse objeto se tornou uma febre entre os mais jovens, sendo usado por quase 17% dos estudantes de 13 a 17 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da proibição da venda de cigarros eletrônicos no país desde 2009, a comercialização exacerbada sem fiscalização gera interesse entre os mais novos.

“Recentes pesquisas observaram que a criança ou o adolescente começa a usar esses produtos mais por questões emocionais, como ansiedade, necessidade de socialização com os colegas e curiosidade”, explica a profissional.





Riscos do uso contínuo do cigarro eletrônico


No entanto, muitas dessas crianças e adolescentes não sabem os riscos que o consumo contínuo do vape pode ocasionar no organismo a curto e longo prazos. Para a especialista Ana Cláudia Dowsley, é até difícil dizer quais riscos podem ser gerados, porque não se sabe quais compostos estão presentes além da nicotina.

“Não tem só a nicotina, tem uma série de produtos químicos que dão um cheiro e um sabor adocicado e amanteigado. Essas substâncias causam danos irreversíveis no trato respiratório. No público pediátrico, por conta da fase de crescimento e de desenvolvimento, isso vai ocasionar um déficit na função pulmonar na idade adulta”, detalha a profissional.

O cigarro eletrônico consegue ser ainda mais danoso que o cigarro convencional justamente por conta dessas substâncias que não são informadas na embalagem, podendo causar insuficiência respiratória grave.







Onde procurar ajuda?


A especialista explica que é importante que os pais e responsáveis observem se seus filhos fazem uso e que devem procurar atendimento para tratar o vício. “Não basta só a ajuda do médico, do pneumologista, do pediatra. Vai precisar também do psicólogo e, dependendo do grau de dependência química do cigarro eletrônico, do psiquiatra”, afirma a pneumologista pediátrica.

Todos esses profissionais podem ser encontrados no Ambulatório de Especialidades do Hospital da Criança. Para ter acesso, é preciso marcar a consulta por meio do Sistema de Regulação na Unidade Básica de Saúde (UBSs) ou nas Secretarias Municipais de Saúde (SMSs).