Saúde

Maceió registra três casos de raiva animal

Secretaria confirma doença em morcegos no litoral norte; cães e gatos serão vacinados emergencialmente na segunda-feira

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 09/05/2025 09h13 - Atualizado em 09/05/2025 11h19
Maceió registra três casos de raiva animal
Exames confirmam a existência de morcegos contaminados em Maceió, levando risco à população - Foto: Reprodução

Maceió registrou três casos de raiva em morcegos esse ano, nos bairros de Cruz das Almas, Guaxuma e Garça Torta, conforme a Secretaria de Saúde de Maceió. O registro desses casos se deve, conforme a Saúde Municipal, à vigilância mais atenta da população e ao trabalho da Zoonoses, responsável por recolher esses animais e analisar os possíveis casos de raiva.

Devido às ocorrências, a Unidade de Vigilância de Zoonoses de Maceió foi acionada e irá realizar um mutirão de vacinação de cachorros e gatos no Loteamento Gurguri Guaxuma, na próxima segunda-feira, dia 12, das 08h00 às 12h00, na Praça Paulo Décio.

É obrigatória a vacinação de todos os animais, independente do porte, para a erradicação do ciclo viral e proteção de todos os moradores da região.

A ação será realizada depois que moradores da região, encaminharam para exames, morcegos encontrados mortos em suas residências e o resultado confirmou a presença do vírus da raiva, caracterizando que toda a região está contaminada.

Os moradores dos condomínios da região e as pessoas que têm mais de 10 animais em casa, poderão agendar a vacinação em domicílio direto com a Unidade de Vigilância de Zoonoses de Maceió pelo telefone 3312-5576 e pelo WhatsApp (82) 98882-8240.

Em todo o estado, foram registrados quatro casos de raiva em animais no ano passado, dos quais um em morcego e três em bovino. Neste ano, ocorreram três casos, todos em morcegos.

O presidente da Associação dos Moradores do Loteamento Gurguri Guaxuma, Vinícius Palmeira, mostrou preocupação quanto aos animais de rua, como eles serão vacinados, quem irá se responsabilizar.

“A situação é preocupante. Foram vários morcegos mortos, o que acendeu o sinal de alerta, pois são animais inofensivos, são apenas vetores da doença”, explicou.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), a raiva é uma doença que pode ser transmitida ao ser humano (antropozoonose) pela inoculação do vírus presente na saliva e nas secreções do animal infectado, principalmente pela mordedura e lambedura. Caracteriza-se como encefalite progressiva e aguda que apresenta aproximadamente 100% de letalidade.

Alagoas não registrou casos humanos de raiva desde 2006, mantendo-se livre de notificações dessa enfermidade em seres humanos durante esse período.

De acordo com a Sesau, a não-ocorrência de raiva em humanos demonstra a efetividade das ações de vigilância e controle da raiva implementadas desde então.

Seguindo as orientações gerais da Sesau, todos os animais silvestres devem ser classificados como animais de risco, mesmo que domiciliados e/ou domesticados, haja vista que, nesses animais, a patogenia da raiva não é bem conhecida, por isso o acidente é sempre classificado como grave. De igual modo, os animais de interesse econômico ou de produção, como os bovinos, equídeos, suínos e outros também são considerados animais de risco.

A Sesau salientou que as pessoas que tiveram contato direto com animais silvestres ou animais de produção com suspeita da raiva, devem procurar, de imediato, as unidades de referências a fim de que as medidas profiláticas sejam aplicadas de acordo com a norma técnica de profilaxia antirrábica vigente.

“Todo atendimento por acidente por animal potencialmente transmissor da raiva deve ser notificado pelos serviços de saúde, por meio da Ficha de Investigação de Atendimento Antirrábico Humano”, completou a Sesau.

Ainda de acordo com a Sesau, as medidas de prevenção da raiva em animais, como cães e gatos, são fundamentais para proteger humanos.

Animal silvestre (porco espinho) que foi encontrado em residência de bairro do litoral norte da capital (Foto: Cortesia)

Animais perdem habitat e invadem bairros do litoral

Maceió está perdendo os últimos resquícios da Mata Atlântica presente na área urbana e está sendo “invadida” pelos animais silvestres característicos do habitat. A constatação é do presidente da Associação dos Moradores do Loteamento Gurguri Guaxuma, Vinícius Palmeira.

Os moradores locais flagraram, nas últimas semanas, pelo menos 18 diferentes espécies de animais circulando pelos arredores das residências. Os mais novos vizinhos são porcos-espinhos, jiboias, tamanduás-mirins, capivara, gaviões, maritacas, raposas e jandaias.

Segundo o presidente da Associação dos Moradores do Loteamento Gurguri Guaxuma, Vinícius Palmeira, as mudanças estão sendo causadas devido à falta de planejamento adequado para com os animais silvestres que estão sendo “expulsos” do seu habitat pelas obras de duplicação da AL 101 – Norte e pela desordenada especulação mobiliária na região e estão tentando garantir a sobrevivência nas residências e áreas habitadas por humanos nas regiões de Guaxuma, Garça Torta e Riacho Doce.

“A obra de duplicação é necessária, mas o manejo dos animais não pode ficar em segundo plano”, completou.