Saúde

Academias lotadas e a falta de higiene preocupam no verão

Vídeo em que mulher afirma ter sido infectada por HPV após tocar em aparelho de estabelecimento está circulando

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 22/01/2025 08h45
Academias lotadas e a falta de higiene preocupam no verão
Equipamentos de academia de ginástica devem ser higienizados antes e depois do uso - Foto: Edilson Omena

Academias de ginástica lotadas são o mais autêntico retrato de um típico verão. A busca pelos corpos em forma aumenta significativamente a movimentação de pessoas durante esta época do ano nas academias. No entanto, será que na correria entre um aparelho de musculação e outro, as pessoas que estão malhando estão preocupadas em higienizar os aparelhos a fim de manter a higiene e a saúde em dias e evitar contaminação por vírus, bactérias e fungos?

Recentemente, circulou nas redes sociais um vídeo em que uma mulher, de 24 anos, afirmou ter sido infectada com o Papilomavírus Humano, também conhecido como HPV, após tocar em um aparelho da academia.

Segundo a mulher, a infecção provavelmente ocorreu na academia pois é o ambiente em que ela tem maior contato com pessoas desconhecidas.
O médico infectologista Fernando Maia descartou a possibilidade de o HPV ser contraído em academias de musculação e ginástica ou mesmo em outros ambientes compartilhados. “A transmissão do HPV é por relação sexual e por compartilhamento de roupa íntima”, frisou o médico.

Excluído o risco de contrair HPV que é uma doença de transmissão sexual, algumas outras doenças podem circular em qualquer ambiente coletivo, a exemplo de academias. Para acabar com esse risco ou pelo menos diminuí-lo consideravelmente, adotar cuidados com limpeza e higiene é a receita.

Academias

De uma forma geral, os equipamentos de uma academia de ginástica devem ser higienizados antes e depois do uso, para evitar a transmissão de vírus, fungos e bactérias.

Formado em Educação Física e proprietário de uma academia de ginástica, Edson Avelino de Lima, explicou que as academias de ginástica devem ter e buscar toda qualidade de limpeza possível no ambiente físico e nos maquinários.

“É necessário ter um cronograma de limpeza a ser cumprido pelos colaboradores desse setor. Todos os lugares da academia precisam ser higienizados com frequência. Desde à recepção à garagem, passando pelos portões, banheiros, salas de avaliação, copa, sala de ginástica, corredores, entre outros. A limpeza dos ambientes é constantemente avaliada e refeita sempre que surgir demanda”, detalhou.

Segundo o profissional, a academia deve sempre disponibilizar itens necessários para a manutenção da limpeza. Desde produtos a utensílios. Detergentes, desinfetantes, sabão, vassouras, panos limpos, espanadores, dispenser de papel toalha e baldes são alguns exemplos.

Já as pessoas que frequentam as academias, também podem e precisam ajudar, ensinou Edson Avelino, utilizando o álcool ou desinfectante em spray oferecidos e distribuídos na academia.

“Usando os produtos de limpeza antes e após usar o aparelho, lavando as mãos ou usando álcool em gel antes de iniciar o treino e após o treino”, discorreu.

Apenas 47% dos meninos de nove anos foram imunizados em Maceió

A Secretaria Municipal de Saúde de Maceió explicou que o HPV não é uma doença de notificação compulsória, por isso não há dados estatísticos sobre contaminação. Sobre a procura pelo imunizante, em 2023, 47% dos meninos de 9 anos buscaram a vacina. No ano passado, esse número foi um pouco menor, atingiu 45,78% dos meninos nesta faixa etária.

Em 2023, 69,13% das meninas de 9 anos receberam a dose da vacina e 61,15% procuraram os postos de vacina para receber o imunizante no ano passado.

Entre o público de 10 anos, em 2023, 50,69% meninos receberam a vacina. Um número bem maior 72,55 das meninas na mesma idade fizeram o mesmo.

No ano passado, enquanto 86,27 das meninas de 10 anos receberam a vacina, 67,16 dos meninos de 10 anos fizeram o mesmo. Na faixa etária de 11 anos, em 2023, 64,17% dos meninos foram imunizados. No ano passado, 70,85% meninos de 11 anos foram em busca da vacina.

Já entre as meninas de 11 anos, receberam a dose contra o HPV 84,51% das meninas e no passado 82,74%. Entre os adolescentes de 12 anos do sexo masculino, em 2023, 60,31% receberam a vacina e no ano passado esse número foi um pouco maior, quando 76,18% buscaram o imunizante. Entre as meninas de 12 anos, 83,41% delas procuraram a vacina em 2023 e 86,79% em 2024.

Aos 13 anos, 65,29% do público masculino apto a receber a vacina em 2023, 65,29% recebera a dose e em 2024, o número foi de 65,91%. Já entre as meninas de 13 anos, 115,86% buscaram a vacina em 2023 e 87,53% fizeram o mesmo no ano passado.

Em 2023, do total do público alvo masculino de 14 anos, 73,52% receberam a vacina. E, 2024, esse percentual foi de 73,17%. Entre as meninas de 14 anos, 108,43% receberam a dose em 2023 e 119,81% em 2024.

A SMS frisou que a vacina contra HPV é disponibilizada também para grupos especiais, entre eles vítimas de violência sexual.

Vacina previne cânceres e reduz transmissão em ambos os sexos vírus em meninas e meninos (Foto: Edilson Omena)

Vacina contra HPV está disponível em Alagoas para as idades de 9 a 14

A vacina contra o Papilomavírus Humano (cuja sigla em inglês é HPV) está disponível nos postos de saúde dos 102 municípios alagoanos e é voltada a meninos e meninas de 9 aos 14 anos da idade. O esquema vacinal contra a doença compreende dose única e, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, é a única forma de prevenir o vírus que pode causar os cânceres de útero, pênis e boca.

Conforme estudos técnicos realizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o imunizante é seguro e eficaz.

A enfermeira do Programa Nacional de Imunização em Alagoas, Laudiceia Vieira, explicou que, anteriormente, o esquema vacinal compreendia duas doses, mas foi alterado pelo Ministério da Saúde. Ela salientou que os pais devem ficar atentos e devem vacinar seus filhos contra o HPV, assegurando que estejam protegidos contra doenças que podem levar à morte.

“A vacina contra o HPV imuniza contra quatro tipos do vírus e previne contra a segunda doença que mais mata mulheres no Brasil, que é o câncer do colo do útero. Já no caso dos meninos, ajuda no combate ao câncer de pênis e de boca, além de evitar a transmissão da doença para outras pessoas”, destacou.

Laudiceia Vieira informou que, de acordo com o novo esquema preconizado pelo Ministério da Saúde para a vacina contra o HPV, as Secretarias Municipais de Saúde devem fazer o resgate de adolescentes até 19 anos que não foram imunizados. Mas esta ação será realizada posteriormente. Também devem ser preconizadas as pessoas portadoras de Papilomatose Respiratória Recorrente (PRR) como grupo prioritário da vacina HPV.

O HPV é responsável pela infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo. Está associado ao desenvolvimento da quase totalidade dos cânceres de colo de útero, bem como a diversos outros tumores em homens e mulheres. Além disso, provoca verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e câncer, a depender do tipo de vírus. A infecção pelo HPV é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST).

Sinais e sintomas – A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas. Em alguns casos, o HPV pode ficar latente de meses a anos, sem manifestar sinais (visíveis a olho nu), ou apresentar manifestações subclínicas (não visíveis a olho nu).

A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões. A maioria das infecções (sobretudo em adolescentes) tem resolução espontânea, pelo próprio organismo, em um período aproximado de até 24 meses.

As primeiras manifestações da infecção pelo HPV surgem entre, aproximadamente, dois a oito meses, mas pode demorar até 20 anos para aparecer algum sinal da infecção. As manifestações costumam ser mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa. O diagnóstico do HPV é atualmente realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, se clínica ou subclínica.

Nas mulheres, o Papanicolau é um exame ginecológico preventivo contra o HPV. É a forma mais comum para identificar de lesões precursoras do câncer do colo do útero.

O exame não é capaz de diagnosticar a presença do vírus, no entanto, é considerado o melhor método para detectar câncer de colo do útero e suas lesões precursoras.

Sesau reforça importância da imunização

A Secretaria do Estado da Saúde (Sesau) reforçou a importância da vacina contra o HPV para prevenir o câncer do colo do útero, segunda doença que mais mata mulheres no Brasil.

A técnica de normatizações do Programa Nacional de Imunização de Alagoas (PNI/AL), da Sesau, enfermeira Amélia Albuquerque, ressaltou que a vacinação é uma das estratégias mais importantes para prevenção da infecção pelo HPV.

Na avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina é segura e eficaz. A doença é causada por um vírus que contamina pele ou mucosas de forma oral, genital ou anal, tanto de homens quanto de mulheres, provocando verrugas anogenitais e câncer, dependendo do tipo de vírus.

A infecção pelo vírus não apresenta sintomas na maioria das pessoas e, em alguns casos, pode ficar de meses a anos sem manifestar sinais visíveis. Amélia Albuquerque salientou, ainda, que os pais devem ficar atentos e vacinar seus filhos contra o HPV, assegurando proteção contra doenças que levam à morte.