Saúde

Descoberto o caminho neural causador da ansiedade

Pesquisadores descobriram um novo mecanismo de ação envolvendo circuitos neuronais específicos no cérebro relacionados aos efeitos ansiolíticos dos agonistas terapêuticos do receptor opioide delta

Por Diário da Saúde 05/03/2024 15h36
Descoberto o caminho neural causador da ansiedade
Ansiedade - Foto: Imagem: Yirui Sun/Creative commons

Os receptores opioides delta (ROB), localizados nas regiões do cérebro associadas à regulação emocional, desempenham um papel fundamental no desenvolvimento da ansiedade. Vários estudos demonstraram os efeitos terapêuticos dos agonistas do ROB - compostos sintéticos que se ligam seletivamente aos ROB e imitam o efeito do composto de ligação natural - em uma vasta gama de distúrbios comportamentais.

Já se demonstrou que um desses agonistas seletivos, chamado KNT-127, exerce efeitos ansiolíticos - ou de redução da ansiedade - em modelos animais, com efeitos colaterais mínimos. No entanto, o seu mecanismo de ação não era ainda claramente compreendido, limitando sua aplicação clínica mais ampla.

Para fechar essa lacuna, Ayako Kawaminami e uma equipe da Universidade de Ciência de Tóquio (Japão) conduziram uma série de experiências e estudos comportamentais em camundongos.

Rota neural da ansiedade


Primeiro a equipe descobriu que o KNT-127 inibe a liberação de glutamato, um neurotransmissor importante e atuante sobretudo na região pré-límbica.

Agora, eles demonstraram que a ativação dos ROBs (receptores opioides delta) pelo KNT-127 suprime a transmissão glutamatérgica e atenua o comportamento semelhante à ansiedade mediado tanto pelo córtex pré-límbico, quanto pelo núcleo basotermal da amígdala.

Em resumo, o estudo revela o papel do eixo neuronal dessas duas regiões cerebrais na regulação da ansiedade e sua função potencial nos efeitos ansiolíticos mediados pelos receptores opioides. A equipe pretende agora compreender os mecanismos moleculares e neuronais precisos atuantes nas duas vias, para então abrir caminho para o desenvolvimento de novas terapias direcionadas aos DOPs nessas regiões.

"Estamos otimistas de que a supressão da hiperatividade nesta região do cérebro, usando terapias direcionadas aos ROBs, pode exercer efeitos ansiolíticos significativos em humanos," disse o professor Akiyoshi Saitoh.