Saúde

Telemedicina cresce com a pandemia

CFM regulamenta prática; segundo médico Hemerson Casado, pioneiro do formato em Alagoas, meio traz benefícios

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 24/06/2022 09h18 - Atualizado em 24/06/2022 16h31
Telemedicina cresce com a pandemia
Pioneiro da modalidade em Alagoas, médico Hemerson Casado comenta os avanços obtidos pela prática - Foto: Edilson Omena

A regulamentação do exercício da telemedicina pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) consolida o formato que já vinha sendo amplamente utilizado com a pandemia de Covid-19. O médico Hemerson Casado é pioneiro da modalidade em Alagoas e comenta os avanços obtidos pela prática, que engloba desde consultas ao ensino. Também ouvido pela reportagem, o Conselho Regional de Medicina (Cremal) avalia que o modelo é uma tendência que vem crescendo nos últimos anos.

Hemerson Casado explica que a prática da telemedicina não sé restringe apenas a consultas, mas envolve a interpretação de exames, aconselhamento, laudos e intervenções, além do ensino, que podem ser aplicados desde consultórios a hospitais. “A telemedicina se divide em várias vertentes. O tele ensino, o tele aconselhamento, a tele consulta, a tele interpretação de exames e os tele laudos e a tele intervenção, que terá uma enorme expansão com a chegada do 5G”.

Em Alagoas, existem iniciativas do poder público estadual e municipal, além da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) neste sentido.

“A regulamentação ainda é muito recente, mas há tempos que as instituições, com destaque para o hospital do coração de Alagoas, que estruturou uma Tele UTI de Covid-19, para orientar as UTIs do estado inteiro. Mesmo antes, o Hospital do Coração de Alagoas, que é uma ilha de excelência no estado, já tinha um programa de infarto, por telemedicina. A Ufal estabeleceu um programa de tele aulas para graduação e pós-graduação, o que permitiu que eu fizesse as minhas aulas do mestrado por telemedicina. Alguns planos de saúde, como o Hapvida e a Unimed, criaram os seus programas. O governo estadual e municipal e outras prefeituras, como a do município do pilar, que através do prefeito Renato Filho e a deputada estadual Fátima Canuto, criaram um programa exclusivo pra mim, para que trabalhasse como cardiologista, coisa que ninguém mais fez, nem os meus antigos companheiros de trabalho fizeram muito provavelmente pelo preconceito e ignorância em relação à minha doença”, diz.

O médico avalia que a pandemia consolidou esse modelo de atendimento, tornando a prática definitiva a partir da regulamentação.

“Bem, nos dias atuais, eu diria que eu só vejo pros. Ela se provou durante esse período de pandemia, como um meio alternativo, consistente de ajudar a medicina. E agora, que o Congresso Nacional atendeu a um pedido do Conselho Federal de Medicina e estabeleceu o marco da telemedicina, tornou a prática definitiva. A única desvantagem que eu vejo é que a consulta se torna muito fria e o exame físico, fica muito prejudicado. Ela não é recomendada quando o caso é ou uma emergência ou uma urgência, pois nesse caso, nada substitui a emergência ou urgência, dos hospitais, prontos socorros, UPAs e mini pronto socorros”, destaca Casado.

Neste sentido, ele expõe ainda que apesar dos avanços, a telemedicina atua de forma complementar na relação médico x paciente.

“O principal valor que a telemedicina tem é a ausência do contato médico paciente, que é uma das premissas que rege uma consulta. A falta de um abraço, um aperto de mão, uma palavra de apoio, de carinho, quando se fala sobre uma coisa mais séria, quando se dá uma notícia ruim ou boa. No mais são detalhes técnicos e legais. O paciente tem que estar preparado para aceitar aquela tecnologia e nesse ponto a abordagem da equipe local é fundamental. Eu estou muito feliz com a minha experiência”, enfatiza.

“Modelo vem para beneficiar pacientes”, avalia presidente do Conselho em Alagoas

Para o médico e presidente do o Conselho Regional de Medicina em Alagoas (Cremal), Fernando Pedrosa a telemedicina vem sobretudo para beneficiar pacientes e oficializar o modelo que já vinha sendo desenvolvido com mais frequência nos últimos anos.

“Ajuda principalmente aos pacientes, que passam a ter o direito de estando fora do estado de consultar seu médico, de ter uma consulta oficial, registrada, essa é a grande vantagem. Para os médicos é relativa a vantagem. Porque tem colegas que não veem com bons olhos. Algumas empresas estão investindo nesse segmento com outros interesses, interesse de ganhar clientela, mas ainda não temos uma avaliação dos resultados práticos disso aí. Isso é uma realidade, não temos como fugir dela”, diz.

USO DA TECNOLOGIA


A experiência de Hemerson Casado aponta para um caminho bem sucedido entre a prática da medicina e o acompanhamento aliado a tecnologia.

“Quando eu adoeci, eu voltei todas as minhas atenções para a possibilidade da cura. Viajei para vários países em busca de uma alternativa de cura. Quando eu percebi que não tinha cura, eu passei a me preocupar em sobreviver, em seguida eu passei a me preocupar com o ativismo contra as doenças raras e aí veio a pandemia e eu senti que precisava fazer algo de útil e eu anunciei nas redes sociais e desde então eu trabalho em cinco empresas de telemedicina dando laudos de exames cardiológicos e faço teleconsultas, no ambulatório de cardiologia no Pilar”, explica Casado.

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