Saúde

Número de atendimentos do Samu Aeromédico cresce 53% em Alagoas

De janeiro a maio deste ano, foram 118 ocorrências feitas pelo helicóptero

Por Texto: João Victor Barroso com Agência Alagoas 12/06/2019 17h11
Número de atendimentos do Samu Aeromédico cresce 53% em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Um atendimento ágil e eficiente, realizado dentro dos padrões de segurança aérea, que agiliza a assistência médico-hospitalar e evita sequelas graves aos pacientes. É com essa visão que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) mantém o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Aeromédico. Inaugurado em julho de 2010, o serviço já realizou 1.705 socorros, sendo 118 somente no período de janeiro a maio deste ano, representando um aumento de 53,24% quando comparado com os atendimentos realizados no mesmo período do ao passado. Contando com uma aeronave exclusiva modelo Esquilo B3, que possui autonomia para realizar pousos em qualquer local do Estado, a exemplo de rodovias, o Samu Aeromédico funciona todos os dias da semana, no horário das 7h às 17h. O serviço dispõe de 48 profissionais habilitados para compor as equipes de atendimento aeromédico, devidamente treinados para executar socorros aéreos. De acordo com Reginaldo Melo, médico do Samu Aeromédico, o uso do helicóptero garante um tempo resposta cerca de 80% menor do que se o transporte fosse feito por via terrestre. “Essa redução no tempo faz toda a diferença para o paciente. Qualquer que seja o tipo da ocorrência, seja trauma ou caso clínico, a agilidade garante uma melhor recuperação e redução de sequelas na vítima”, destacou. O Samu Aeromédico pode ser considerado uma UTI aérea, já que possui os equipamentos essenciais presentes em uma Unidade de Terapia Intensiva, como respirador, desfibrilador, bomba para a infusão de medicamentos, monitor cardíaco e medicações necessárias para todo o tipo de atendimento. Além disso, a equipe ainda tem acesso ao Desfibrilador Externo Automático, cilindro de oxigênio, colar cervical, talas de imobilização e a prancha rígida. Atuação O Samu Aeromédico atua em colisões automobilísticas em rodovias, para transferir um paciente de uma unidade hospitalar do interior do Estado para um hospital da capital e para transportar pacientes que necessitam realizar transplantes. A equipe que atua no serviço é formada por quatro integrantes, sendo um médico, um enfermeiro, um tripulante operacional do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL) e o piloto, que é o comandante da aeronave. Para um serviço aeromédico ser habilitado pelo Ministério da Saúde (MS) é necessário seguir as regras da portaria nº 1.010, de 21 de maio de 2012. Atualmente, no Brasil existem 15 equipes habilitadas pelo MS, distribuídas em oito estados. Entre as federações que possuem Serviço Aeromédico, cinco estão localizadas no Nordeste do país (Pernambuco, Rio Grande do Norte, Alagoas, Piauí e Ceará). Os outros estados que possuem aeronaves para atendimento médico são Acre, Santa Catarina e Paraná. Já o uso exclusivo para resgates e serviço aeromédico no Nordeste é feito somente pelo Samu Alagoas. Os demais estados que possuem aeronaves dedicadas somente para esse fim são Santa Catarina, que possui quatro aeronaves, sendo dois helicópteros e dois aviões, e o Paraná, que possui quatro helicópteros. O Estado do Piauí também possui uma aeronave exclusiva, mas o avião utilizado pelo Samu local realiza apenas transportes inter-hospitalares de pacientes. Os outros quatro estados compartilham as aeronaves com as equipes da segurança pública local, com os veículos sendo utilizados pela Polícia Militar (PM), Corpo de Bombeiros Militar (CBM), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pelo Samu. De acordo com Marcos Ramalho, supervisor do Samu Alagoas, no ano passado foram feitos 77 atendimentos entre resgates em rodovias, transferências e voos de busca e salvamento. “Nossa equipe aeromédica desempenha um serviço valoroso, trazendo inúmeros benefícios, como segurança e agilidade no atendimento à população. O aumento no quantitativo de ocorrências aconteceu pela criação de protocolos e de um fluxo de atendimento e acionamento para a utilização do helicóptero”, destacou. Mirelle Torres, enfermeira do Samu, complementa as explicações sobre como é a atuação da equipe de resgate nos atendimentos feitos pelo Samu Aeromédico. “Em todas as ocorrências, a tripulação atua com base nos protocolos do Atendimento Pré-Hospitalar. Nós, enfermeiros, fazemos uma avaliação da vítima, aplicando a sistematização da assistência de enfermagem de forma rápida e objetiva, buscando diagnósticos e intervenções que prestem um melhor atendimento àquela vítima”, destacou a enfermeira. Resgate no Aniversário Entre os atendimentos feitos pelo Samu Aeromédico este ano, está o resgate da autônoma Vera Lúcia de Andrade, natural de São Paulo (SP). Ela estava em Maceió de férias junto com a família e, no dia do aniversário de 56 anos, sofreu um acidente e precisou ser socorrida e levada até o Hospital Geral do Estado (HGE). “Estávamos em Maceió há três dias, quando resolvemos ir até a praia de Tabuba, no município de Barra de Santo Antônio. Naquele dia a maré estava baixa, então pedimos o almoço e resolvemos caminhar próximo aos corais. Estava calçada com um chinelo, mas teve um momento que não prestei atenção, acabei pisando em um buraco, me desequilibrei e caí. Meus familiares chegaram para me tirar da água, porque eu não conseguia andar, meu pé estava literalmente balançando”, contou a autônoma. Neste momento, ainda de acordo com relatos de Vera Lúcia de Andrade, o funcionário da barraca de praia em que a família estava percebeu a situação e ligou para acionar o Samu Alagoas. Na hora do desespero, os familiares colocaram Vera Lúcia no carro deles para leva-la ao hospital. “Foi nesse momento que o pessoal que estava no local viu o helicóptero vermelho do Samu e minha família ficou um pouco mais tranquila, com a certeza do atendimento. Quando médico me avaliou, disse logo que eu tinha uma fratura exposta. Agradeço muito a toda equipe, eles foram a minha salvação, muito atenciosos, fizeram os primeiros socorros, me imobilizaram e me transportaram para o HGE”, lembrou. Dos 10 dias que a família iria passar de férias em Maceió, Vera Lúcia Andrade ficou cinco dias internada no HGE, onde passou por uma cirurgia para colocar um fixador na perna esquerda. Vera Lúcia ainda brincou com a situação, dizendo que iria levar boas recordações de Maceió, e uma delas foi andar de helicóptero no dia do aniversário. “Eu nunca quebrei nenhum osso em toda minha vida, justamente no meu aniversário acontece isso. Mas passei tudo numa boa, sem me estressar, porque não adiantava nada. O que me ajudou muito a me acalmar foram os profissionais do HGE, que sempre me diziam o que estava acontecendo, e quais seriam as próximas etapas. Me senti muito bem acolhida, senti um calor humano indescritível no HGE. Preciso agradecer e elogiar toda a atenção que a equipe do hospital e do Samu me deram nesse momento de dificuldade”, disse Vera Lúcia Andrade, em está realizando fisioterapia em São Paulo, após passar por uma nova cirurgia. Vida Nova Outro tipo de ocorrência feita pelos tripulantes do Samu Aeromédico é o transporte de órgãos para serem transplantados. No último dia 7, a equipe do serviço aeromédico fez o transporte de três órgãos para a cidade de Recife (PE). A família do paciente foi sensibilizada pelos profissionais da Organização de Procura de Órgãos (OPO), vinculada à Central de Transplantes de Alagoas, e aceitaram fazer a doação. O doador foi transportado por uma ambulância do Samu até a Santa Casa de Misericórdia de Maceió, unidade onde foi realizada a captação de dois rins e o fígado. Após esse procedimento, os órgãos foram transportados pelo helicóptero do Samu até o Hospital Real Português, em Recife (PE).