Saúde
Caps reinsere usuária por meio da música
A vontade recomeçar longe da bebida alcoólica e outras drogas faz parte da vida de vários dependentes químicos em tratamento no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) Dr. Everaldo Moreira, equipamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Cada um possui sua própria história e experiências, como é o caso da cantora Sônia Omena, que viu sua vida pessoal e profissional tomarem um rumo inesperado por conta do alcoolismo.
Conhecida como Soninha Omena, a artista canta desde os 13 anos e já viajou a vários estados profissionalmente. “Comecei cantando MPB. Depois, aos 15, cantando em trio elétrico. E com 28 anos eu fui pra Sergipe para cantar em bandas de forró. Em seguida, fui ao Ceará e depois para Goiânia. Fiz algumas turnês em São Paulo, Rio de Janeiro e também cheguei a ir pra fora, aqui perto mesmo, como no Chile”, conta.
Soninha só percebeu que estava doente em 2015, quando já não conseguia dominar mais a situação. O alcoolismo trouxe ainda problemas de saúde como diabetes e a menopausa precoce, além de fazer com que abandonasse a música, que é sua paixão.
“Eu não estava mais responsável, me afastei do meu filho e já não respondia muito por mim. Percebi que as pessoas não me chamavam mais pra trabalhar, porque, às vezes, quando chamavam, eu marcava e não ia, porque tinha enchido a cara”, relata.
Reinserção social por meio da músicaComo parte do tratamento e reinserção social da usuária, a Técnica de Referência e psicóloga do Caps AD, Cristina Magano, busca que a artista se apresente em locais que não a aproximem da bebida alcoólica. Por isso, na última terça-feira (12), Sônia se apresentou durante a aula inaugural da 13ª edição do Projeto de Extensão Universidade Aberta à Terceira Idade (Uncisati), da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal).
“Como Técnica de Referência dela, eu vou tentando fazer reinserção social. Ela é acompanhada pelo nosso serviço e a gente quer reinserir em ambientes onde ela possa cantar e ensinar canto, diferente de outros ambientes em que ela era acostumada a se apresentar e oferecem riscos”, explica a psicóloga. “Ela que me dá os caminhos. Então, ela disse que o que sabia fazer era cantar, por isso nós precisamos trabalhar em cima disso, do que ela sabe e ama”, completa Cristina.
A apresentação também foi um momento novo para a cantora, que já estava sem se apresentar há alguns anos. “É uma nova experiência pra mim, porque aqui estou próxima das pessoas, vendo a reação delas, é diferente de quando você está no trio elétrico ou no palco, que só consegue ver a cabeça do público”, disse Sônia.
Acompanhamento humanizado e individualizadoO Técnico de Referência define um plano terapêutico e esse projeto é trabalhado com o usuário de uma maneira mais individualizada. No caso da psicóloga Cristina e da paciente Sônia, a relação superou a questão profissional. “Existiu muita empatia porque eu a admiro muito como mulher, apesar da dificuldade que ela tem com o álcool, porque ela é uma pessoa fantástica e estava precisando que alguém desse a mão de maneira mais forte”, enfatiza a psicóloga.
A artista se mostra entusiasmada com o modelo terapêutico. “Com essa ajuda, a cada dia eu estou conquistando novas forças. Isso aqui já é um passo enorme. Eu estou buscando um caminho para melhorar, procurando e tendo ajuda, porque sozinha eu não conseguiria”, afirma Sônia.
CAPS AD
O Caps AD III, localizado no Farol, é destinado a proporcionar a atenção integral e contínua a pessoas com necessidades relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas. O atendimento acontece todos os dias da semana, incluindo os finais de semana e feriados, 24 horas por dia.
“O Caps AD é um serviço de portas abertas, de base comunitária, com acolhimento diário e sem necessidade de agendamento prévio das pessoas que procuram o serviço, sendo referência de cuidado para usuários e familiares de pessoas com necessidades relacionadas ao consumo de álcool e outras drogas”, explica Izolda Dias, gerente de Atenção Psicossocial da SMS.
O trabalho é realizado com equipe multiprofissional, produzindo, em conjunto com o paciente e familiares, um Projeto Terapêutico Singular (PTS), respeitando a singularidade de cada caso e ampliando as possibilidades de recuperação com um acompanhamento personalizado. A partir do PTS são estabelecidos um Técnico de Referência para cada usuário.
Nos casos de acolhimento noturno, a equipe realiza uma avaliação interdisciplinar, priorizando as situações de crise de maior gravidade, como as síndromes de abstinência, necessidades de desintoxicação, observação e repouso.
Com a participação da família e dos pacientes são analisadas a necessidades de inserção nas atividades ofertadas pela unidade, como consultas em geral, atendimentos psicoterapêuticos e de orientação, oficinas terapêuticas, atendimentos em grupos e visitas domiciliares.
“O foco das intervenções é a reabilitação psicossocial, que inclui, por exemplo, resgate e construção da autonomia no autocuidado, acesso à vida cultural, inclusão pelo trabalho e ampliação das redes sociais”, finaliza Izolda.
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