Saúde
Vacinação contra dengue pode reduzir gastos do SUS
Análise publicada no Jornal Brasileiro de Economia mostra que a adoção de uma campanha pública de vacinação diminuiria os impactos sociais e financeiros da doença. Até 80% do número de casos seriam evitados
A chegada de novas ferramentas de saúde, como medicamentos, vacinas ou tecnologias sempre gera expectativas e questionamentos, especialmente em relação a custo-efetividade. Com a vacina contra dengue não é diferente. O imunizante, desenvolvido pela Sanofi Pasteur, a divisão de vacinas da Sanofi, é o único aprovado no Brasil e no mundo e, justamente, por conta do ineditismo é importante saber se os benefícios que promove justificam o investimento no produto². Um estudo publicado no Jornal Brasileiro de Economia da Saúde mostra que sim, a vacina é custo-efetiva1.
O material mostra que, ao longo de dez anos, estima-se que ocorrerão 18,7 milhões de novos casos sintomáticos de dengue no Brasil. Diante disso, os pesquisadores chegaram à conclusão que a vacina pode gerar uma redução de 49% a 80% no número de pessoas infectadas, dependendo da estratégia de vacinação adotada. “Avaliar a custo-efetividade requer uma visão em longo prazo. As estimativas analisam os efeitos da vacinação na saúde pública com o passar do tempo, por isso foi necessário fazer as projeções ao longo de dez anos”, explica Dr. Denizar Vianna, um dos autores do estudo, que é coordenador de centro de pesquisa do ProVac Network (grupo de estudos de efetividade clínica e análise econômica da OPAS – Organização Pan Americana de Saúde).
Utilizando um modelo dinâmico de transmissão da dengue, o estudo levou em consideração o impacto da vacinação em saúde pública, analisando os parâmetros epidemiológicos e econômicos relacionados à dengue.
Estratégia de vacinação
De acordo com as projeções do estudo para os próximos dez anos, a implementação de uma campanha de vacinação de rotina com crianças de 9 anos e adoção de uma campanha com indivíduos entre 10 e 16 anos, resultaria na redução de cerca de 9 milhões de casos de dengue, 399 mil hospitalizações e 3,24 mil mortes.
Em relação aos custos gerados pela doença, a análise projeta uma economia de aproximadamente R$ 1,3 bilhão para o Sistema Único de Saúde (SUS) e R$ 4,7 bilhões, sob a perspectiva da sociedade brasileira como um todo.
Já no segundo cenário analisado, com a implementação de uma campanha de vacinação de rotina com crianças de 9 anos e adoção de uma campanha com indivíduos entre 10 e 25 anos, o impacto seria ainda maior. Prevenção de mais de 14 milhões de casos sintomáticos da doença, redução de 641 mil hospitalizações e 5,19 mil mortes, além de R$2,1 bilhões de custos evitados para o SUS e R$7,3 bilhões para a sociedade.
Para Vianna, a introdução da vacina tetravalente contra dengue no sistema público reduziria substancialmente a carga da doença, bem como diminuiria o peso econômico ao país. “Este estudo é um importante instrumento para os gestores de saúde na hora de analisar a introdução da vacina em campanhas públicas”, reforça.
O estudo analisou ainda dentro deste contexto qual o preço por dose que a vacina deveria ter. O limiar de preço para a primeira estratégia de 10 a 16 anos é de R$ 187,50 e para a segunda é de R$ 183,60. O preço praticado atualmente no mercado privado varia entre R$ 132,76 e R$ 138,73, de acordo com a alíquota de ICMS de cada estado³. Este valor é estabelecido pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) e refere-se à venda para clínicas e distribuidores.
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