Saúde
Hemofílicos denunciam falta de remédios em Alagoas
Presidente do Conselho Estadual de Saúde diz que não regularidade de entrega prejudica tratamento de pacientes
Pacientes hemofílicos que buscam medicamentos na Central de Assistência Farmacêutica do Estado (Ceaf) ou na Central de Abastecimento Farmacêutico do Município (CAF) reclamam da falta de medicamentos. Segundo o presidente do Conselho Estadual de Saúde, José Wilton da Sil-va, muitos pacientes não têm conseguido a quantidade de doses necessárias para continuar com o tratamento preventivo.
O estudante Leonardo Melo, que faz hemodiálise há 10 anos, disse que por várias vezes faltam medicamentos. “Existe um medicamento chamado Mimpara, que serve para baixar uma das taxas da gente que aumenta devido à diálise e pode causar deformação óssea, raramente tem, por exemplo. Eu estou a caminho da quarta cirurgia para retirar a glândula e preciso desse remédio e nunca tem. Os que tomei foram de algum paciente que recebeu, mas não tomou”, disse.
José Wilton da Silva informou que os medicamentos Calcitriol, que é usado no equilíbrio do fósforo para que o paciente não tenha nenhuma deformidade física, está faltando há meses. O Hidróxido de Ferro, usado para combater a anemia profunda e evitar transfusão de sangue constantemente, também não tem.
“Esses medicamentos são importantes para manter o tratamento da doença. Eles devem ser tomados todos os dias e sempre estão faltando. Quando chegam, vem pouco e a dosagem nunca é a dosagem certa, fazendo com que o paciente não tenha um tratamento contínuo. A gente sempre reclama e vai a Justiça para garantir os medicamentos”, explicou Wilton.
Além desses medicamentos, o presidente do Conselho disse que a Ciclosporina para os pacientes transplantados também não chega com regularidade e quando vem não é entregue a dosagem correta para o usuário. José Wilton que também faz uso desse medicamento disse que a falta prejudica, porque o paciente não pode interromper o uso dos remédios, que devem ser tomados todos os dias.
De acordo com José Wilton, o medicamento coagulante só é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) porque é de alto custo e é vendido para hospitais. Já o Hidroxo de Ferro pode ser comprado na rede privada com valores que variam entre R$ 30 à R$ 50. “No entanto, às vezes não serve para o tratamento se for numa qualidade baixa. O adequado é o fornecido pelo Governo”, ressaltou.
DISTRIBUIÇÃO
A coordenadora Geral da CAF, Nísia Rosicler Gomes, disse que esses medicamentos não fazem parte da Relação Municipal de Medicamentos (Remume) e que a distribuição deles é feita pelo Estado.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) confirma a falta do Calcitriol. Mas informou que já há um processo emergencial para a aquisição do medicamento. Em relação ao Hidróxido de Ferro e a Ciclosporina, a Sesau garantiu que os componentes não estão em falta na Ceaf.
DOENÇA
A hemofilia é uma doença hereditária caracterizada pela dificuldade de coagulação do sangue. Os portadores não possuem algumas proteínas que são responsáveis por estancar os sangramentos. Por isso, sangram mais do que o normal, o que pode provocar uma hemorragia em diferentes partes do corpo e, se atingir algum órgão, pode ser fatal.
MPF deve ser acionado para garantir medicamentos
A Associação dos Pacientes Crônicos Renais está elaborando um documento para enviar ao Ministério Público Federal (MPF), para garantir os medicamentos de alta complexidade para os pacientes.
De acordo com José Wilton, o objetivo do documento é manter a obrigação do Governo em distribuir esses remédios de forma regular.
MPE
Em abril do ano passado, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), o Judiciário determinou o bloqueio de R$ 59 mil do Estado para a compra de medicamentos para pessoas com hemoglobinopatias. O bloqueio de R$ 59.815,80 era para tratamento dos portadores da doença pelos próximos seis meses.
A assessoria de Comunicação do MPE disse que o órgão está atuando de duas formas: coletiva e de forma individual, onde o paciente pode fazer a denúncia e informar quais medicamentos está precisando e o Governo não está repassando. Os pacientes podem entrar em contato com a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde da Capital através dos contatos; 2122-3707 e [email protected].
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