Saúde
CCZ colhe amostras da morte de outro macaco para análise em laboratório no Pará
Outro caso de morte de primata em Maceió ocorreu no bairro de Ipioca
Mais um caso de morte de primata, desta vez em Ipioca, foi encaminhado para Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) em Maceió. As amostras serão colhidas e enviadas para análise. As condições do animal não foram informadas pelo CCZ.
Neste novo caso, o material do animal será colhido e enviado também para o Instituto Evandro Chagas no Pará para as análises. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) não sabe ainda quanto tempo a confirmação pode demorar a chegar, por se tratar de um laboratório referência que atende casos de todo o país.
Segundo o biólogo e responsável técnico da Coordenação de Entomologia do CCZ Maceió, Carlos Fernando Santos, novas informações chegarão a partir dos próximos dias. “Nós recebemos esse animal, mas falta a confirmação, passei o dia fora, só me passaram por alto. Só recebi a informação por telefone. Não tenho como dizer, porque não vi e não sei realmente o que aconteceu. Só com uma análise aprofundada poderemos ter alguns detalhes”, esclarece.
Além desta investigação, um mapeamento ostensivo foi iniciado na quarta-feira (29) nas regiões de mata do Jardim do Horto, lugar onde foi encontrado o primeiro animal, com a confirmação de contágio por febre amarela.
O primeiro animal a ter a confirmação de febre amarela em Maceió, um sagui, foi encontrado morto, em setembro do ano passado, após ser atropelado.
Apesar de o primeiro resultado ter dado positivo, foi solicitada uma contraprova do Instituto Evandro Chagas para descartar qualquer possibilidade de erro.
“A gente pediu a contraprova, porque foi feito o exame e deu positivo para febre amarela, mas é preciso que se tenha a contraprova. O que foi feito na época do recolhimento desse animal [setembro de 2016], foi a investigação para ver se haviam outros animais mortos, para levantar a suspeita de febre amarela. O sagui anda em bando. Por ter dado positivo, nos estranha o fato de só ter dado positivo aquele caso. Não ter tido nenhum outro do bando morto ou debilitado”, diz o coordenador do CCZ, Sani Barros.
Morte de animais serve como parâmetro
Carlos Fernando Santos diz que é preciso continuar as investigações. Ele explica que os primatas servem como ‘sentinelas’. Quando há evolução no número de casos de morte de primatas por febre amarela é que os alertas são intensificados, garante.
“Na verdade é uma espécie de sentinela, eles avisam que está acontecendo algo. Em Maceió, isso, febre amarela em primatas, é esporádico, quase que inédito. Uma coisa bem pontual mesmo. Ainda há muita coisa para ser investigada. Os trabalhos continuam nos próximos dias”, reforça Rocha.
O biólogo orienta a população a procurar o CCZ na ocorrência de morte de primatas (saguis ou macacos)para que seja feito o recolhimento do animal.
Sani Barros destaca que não é necessário pânico por parte da população, uma vez que os animais são considerados vítimas da doença. “A população precisa entender que o macaco é vítima como o ser humano. Ele não precisa ser morto, não precisa ser caçado. O CCZ está apto para receber todo e qualquer animal com suspeita de febre amarela, tanto da capital como do interior. O medo da gente é que a população queira intervir nessa situação e isso seria uma catástrofe, isso nos causa temor. A partir do momento que a população se sentir amedrontada, temos problemas. Por isso, temos que dar a resposta imediata e esclarecer”, expõe.
Não há possibilidade de transmissão da febre amarela entre primatas e seres humanos. O CCZ alerta a população que os animais não transmitem a doença. “A febre amarela sempre existiu na mata. A incidência em primatas não humanos sempre existiu. A proximidade com a mata traz riscos, mas a quantidade de casos que venham a ocorrer por conta da febre amarela é o que nos desperta interesse enquanto saúde pública. Iria sim levantar o pânico se nós tivéssemos uma série de animais com a constatação da doença. Isso não ocorreu nem no município nem no Estado”, aponta.
“Mapeamento será feito de forma expansiva”, diz coordenador
Serão analisadas as matas nos bairros do Aldebaran e Ouro Preto, que são conectadas. O coordenador do CCZ, Sani Barros, explica que outras áreas também passarão por investigação.
“Isso é protocolo de ação para esses casos, é mapear a área. Conforme a gente vai mapeando, a gente vai estendendo essa área, uma vez que essa mata é interligada, ela pega Aldebaran, Ouro Preto e Gruta, por se tratar de um animal como o sagui que basta um fio para atravessar a pista”, afirma o coordenador.
Dois pontos fixos de coleta de materiais foram instalados na região da Mata do Horto. Outros pontos móveis estão incluídos no procedimento, que é considerado padrão. Além das armadilhas para os mosquitos, os técnicos também farão varreduras nas áreas para identificar possíveis mortes de primatas.
“O foco da gente não é o macaco. O foco da gente é o mosquito o aedes silvestre. Os técnicos foram para lá para distribuir as armadilhas para que a gente possa mapear a Gruta. Saber qual a infestação e fazer uma pesquisa no aedes para saber se está infectado com o vírus da febre amarela. Também está se fazendo uma varredura para possíveis óbitos de animais e isso nos dá uma resposta imediata. Saber a incidência da doença pelo vetor demora em torno de 10 dias, no máximo”, ressalta.
BRASIL
Além de Alagoas, os estado da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará e Roraima também submeteram ao Instituto Evandro Chagas amostras com suspeitas. Em 2017, 76 casos já foram encaminhados para análise.
Até a primeira quinzena de março deste ano já foram reportados 386 casos de animais mortos no Brasil por conta da febre amarela.
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