Roteiro cultural
Espetáculo '24' ressignifica o símbolo e o feminino por meio do corpo poético em Maceió
Apresentação de dança conclui trilogia que retrata discussões sobre estigmas sociais e os corpos LGBT+; entrada é gratuita e será realizada entre os dias 24, 25 e 26
Há muitos anos, especialmente no Brasil, o número 24 tem sido associado à homossexualidade de forma pejorativa, criando lacunas e estigmas que aos poucos foram se enraizando no imaginário popular do país. Pesquisadores afirmam que o preconceito com esse número se deu após a popularização negativa da imagem do veado do jogo do bicho, já que o animal é representado simbolicamente pelo número.
Para além disso, o 24 também tem ganhado contornos e camadas significativas na comunidade LGBTQIAPN+: o que causou tanto sofrimento, bullying e apagamento, agora é ressignificado e transformado em um símbolo de resistência e autoconsciência.
Em Alagoas, na seara das artes, esse número serviu como base para o último trabalho da trilogia "Colapsar" (2019) e Fabulando Dois Homens" (2024), espetáculos de dança realizados pelos professores e performers Crystian Castro e Reginaldo Oliveira. "24" chega ao palco nesta segunda-feira (24) e segue até quarta (26), com entrada gratuita, às 20h, na Escola Técnica de Artes - Centro de Maceió.
Segundo Reginaldo Oliveira, professor, diretor e performer do espetáculo, o que diferencia este novo projeto com os outros dois é o foco na mobilidade da coluna, parte do corpo que muitas vezes é lido como um lugar de feminilidade.
"Este trabalho está mais maduro, mais contundente. O que a gente está querendo propor enquanto discussão é a equidade entre o que é masculino e o que é feminino, e a presença desse duplo presente em qualquer corpo. Como que a gente elabora esses desenhos coreográficos para criticar e refletir sobre a presença dessa sinuosidade feminina em corpos masculinos? Como isso é lido? Então a ideia é justamente enfatizar essa movimentação como uma possibilidade de discutir a fluidez de gênero", explicou Reginaldo Oliveira.
Compondo um percurso que investiga a relação entre dança, dissidência, gêneros e sexualidades, a obra propõe uma reflexão sobre o corpo como potência metamórfica, contrapondo-se à violência heteronormativa que marca os corpos queers dissidentes. O espetáculo se apresenta como um presente expandido, onde o tempo e o corpo se entrelaçam em busca de novas sensibilidades, ao tensionar e suavizar as fronteiras entre o masculino e o feminino.
O espetáculo é dirigido e protagonizado pelos performers Reginaldo Oliveira e Crystian Castro, e faz uma referência direta ao "viado", bem como aos corpos gays que sempre eram menosprezados e ridicularizados pelo número 24. "A gente está querendo um rompimento desse estigma, um rompimento desse insulto, colocando e apresentando ele como símbolo de orgulho, de reflexão crítica sobre as diversas possibilidades de ser e de existir", disse Oliveira.
O performer ainda destacou que o público vai encontrar no espetáculo bastante mistério, sutileza e simplicidade, além de um elemento primordial que será revelado nos dias da apresentação.
"Acho que esse elemento também é fundamental não só para o discurso dramatúrgico, mas para a própria movimentação coreográfica. É um elemento que dialoga muito com o que a gente está querendo discutir: a fluidez do gênero, a ambiguidade e essa maleabilidade. O público vai encontrar, principalmente, reflexões sobre a democratização dos corpos, do desejo e a democratização de ser quem se é", concluiu.
Ficha técnica
Produção: Reginaldo Oliveira
Direção: Crystian Castro e Reginaldo Oliveira
Performers: Crystian Castro e Reginaldo Oliveira
Acessórios de cabeça: Alex Cerqueira
Figurino: Gustavo Kamões
Iluminação: Moab Oliveira
Cenografia: Moab Oliveira
Sonoplastia: George Olicino
Identidade visual: Giseldo Carlos
Videomaker: Levi Yuri
Fotografia: Vanessa Motta
Cobertura de evento em tempo real: Karine Gomes
Equipe de produção: Rafael Braz e Enaura Cristina
Apoio: Escola Técnica de Artes - ETA-Ufal
Serviço
Apresentação do espetáculo de dança "24"
Data: 24, 25 e 26 de novembro
Horário: 20h
Local: Escola Técnica de Artes (ETA-Ufal)
Ingressos: ENTRADA GRATUITA
Mais informações: 82 99671-6871 (Reginaldo Oliveira) | (82) 99982-9628 (Jamerson) | @regis_corpo (Instagram)
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