Roteiro cultural

Exposição "Memória Musical Alagoana " resgata raízes da cultura de Alagoas

O evento proporcionará ao público fácil acesso a cultura erudita através de poemas e suítes sinfônicas, concertos, rapsódia e ópera desses quatro notáveis daquela época

Por Assessoria 12/12/2024 15h19 - Atualizado em 12/12/2024 15h29
Exposição 'Memória Musical Alagoana ' resgata raízes da cultura de Alagoas
Arquivo fica no histórico bairro de Jaraguá - Foto: Tribuna

O Arquivo Público de Alagoas, em Maceió, situado na rua Sá e Albuquerque (Jaraguá), abre na próxima terça, dia 17 com uma programação que vai até 31 de janeiro, uma mostra das primeiras produções artísticas de renome do segmento da música alagoana. São talentos da 2ª geração nacionalista pós 1922, como o maestro e compositor Hekel Tavares, José Luiz Calazans (Jacaraca), Augusto Calheiros, e Sadi Cabral.


Segundo o pesquisador e curador da Exposição, Claudevan Melo, o evento vai proporcionar ao público fácil acesso a cultura erudita através de poemas e suítes sinfônicas, concertos, rapsódia e ópera desses quatro notáveis daquela época. Será possível ouvir, por exemplo, Concertos de Piano e Violino continuadamente executados por Orquestras Nacionais e Internacionais, verdadeiras preciosidades eternizadas nos arquivos pessoais de Claudevan.


“Quem nunca ouviu ou leu elogios ao músico e compositor José Luiz Calazans, conhecido como Jararaca, que também fez teatro humorístico, compôs diversos ritmos e teve várias aparições em filmes nacionais? Uma pequena mostra da sua arte poderá aguçar os sentidos dos visitantes da exposição. E tem também algumas criações de Augusto Calheiros, cantor e compositor com sólida vida artística entre a Velha Guarda Carioca. E mais: Sadi Cabral, ator de Rádio, Teatro e Cinema e que também enveredou pela música, deixando belas e inesquecíveis melodias. Já Augusto Calheiros, outro ícone da exposição, foi Cronner do Conjunto Turunas da Mauriceia (em 1927), e após desfeito o grupo, fez carreira solo até seu falecimento”, diz o curador.


Segundo ele, a Mostra traz obras e documentos no seu original, Jornais, Partituras, Revistas, Discos, e Fotografias no âmbito das suas originalidades. “Na abertura teremos palestrantes que vão resgatar com riqueza de detalhes o talento desses alagoanos, e na ocasião também serão atendidos pedidos de música através do giro de Gramofones, dia 17/12, das 17h às 20h”. Nas datas posteriores, os horários de visitação será 8h às 14h, de segunda a sexta-feira, até 31 de janeiro de 2025, no Arquivo Público de Alagoas, Rua Sá e Albuquerque (s/n), com entrada franca.






Contato
 Pesquisador e Curador Claudevan Melo (11) 99266-8143- Ele que aperece nesta foto acima 





Sobre o acervo do curador Claudevan Melo o jornalista Enio Lins publicou em seu blog o seguinte artigo:




‘UM PESQUISADOR RADICAL


Claudevan Melo merece um livro sobre sua incrível e ininterrupta batalha pela identificação, localização e aquisição de toda e qualquer obra de arte (musical, preferencialmente) produzida por artista das Alagoas. Dedicado especialmente à música e artes cênicas, esse Dom Quixote nascido em Rio Largo, ao contrário do personagem imortal de Cervantes, é muito bom de cuca, domina estratégias e táticas em suas lutas. Também diferentemente do “engenhoso fidalgo de La Mancha” Claudevan é um cavaleiro solitário, há décadas, dispensando Sanchos Panças nessa sua longa jornada. Metalúrgico especializado nos anos 70, hoje aposentado, é produto de um tempo em que a ferramentaria era a elite operária mundial, e a compreensão das coisas do mundo ia muito além do chão de fábrica. Desde muito jovem, recém-saído do SENAI, em São Paulo, soube dividir o salário incluindo o colecionismo na divisão do “holerite” como necessidade básica. E começou a caçar peças da memória cultural e musical alagoana pelas feiras, antiquários e leilões, incialmente, nos mercados de velharias em solo paulistano e carioca.

ACERVO FARAÔNICO


Meio século de buscas e aquisições (e doações) produziram um acervo cuja quantidade de peças é de difícil mensuração e atualização. Para se ter uma ideia da grandeza, basta dizer que foram transportadas de São Paulo para Maceió quatro toneladas de raridades, dentre as quais cinco mil discos (em cera de carnaúba, 78 rpm). Nesses antigos registros fonográficos estão contidas as primeiras gravações de vozes alagoanas e/ou canções compostas por alagoanos. Só na preparação dessa sua mudança, Claudevan investiu dois anos de preparação minuciosa, trabalhando sozinho, por conta própria, sem ajuda do poder público ou de empresa privada. Mas, em 2022, o tesouro alagoano recolhido mundo afora chegou à Maceió. Apesar das tentativas constantes para viabilizar uma parceria, pública e/ou privada, para um projeto capaz de abrigar de forma segura e perene esse monumental patrimônio cultural, nenhum avanço significativo aconteceu. O metalúrgico continua como banqueiro individual de seu capital, um capital que deseja coletivizar – mas com a devida segurança para o futuro da gigantesca botija desenterrada. Alô, Governador Paulo Dantas?... Alô, prefeito JHC?... Alô UFAL?... Alô UNEAL?... Alô CESMAC?...’’