Roteiro cultural
Vindo da Holanda, espetáculo com texto de Guimarães Rosa visita Alagoas
Confirmado para sexta-feira, dia 23, o espetáculo “Terceira Margem” será apresentado no Teatro do Cine Arte Pajuçara com uma versão concebida na Holanda sobre o clássico texto do escritor 'A terceira margem do rio'
Carlos Lagoeiro – ator, diretor, dramaturgo – nasceu na cidade mineira de Buenópolis, de onde saiu aos nove anos de idade. Depois de atuar em Sete Lagoas, Belo Horizonte, Maceió, Recife e Rio de Janeiro, migrou para a Holanda em 1987, onde construiu carreira, juntamente com a mulher Claudia Maoli, atriz. Juntos, formaram a Companhia de Teatro de Bonecos Munganga, sediada nos Países Baixos.
Cláudia Maoli, carioca e filha de alagoanos, havia se mudado para Maceió, onde passou a viver desde os 16 anos. Em 1977, integrando a trupe da Associação Teatral das Alagoas (ATA), viajou como atriz da peça “O Bravo Soldado Schweik” para o Festival de Teatro de Campina Grande, onde topou com Carlos Lagoeiro, este a bordo da peça “Doroteia Vai à Guerra”, e, a partir desses temas bélicos, ficaram juntos desde então.
Atuando por várias cidades dos Países Baixos e da Europa, Lagoeiro e Cláudia lançaram, em 2013, seu teatro itinerante, sobre rodas, o Busganga, um “motortheater”, adaptado de um ônibus. E em 2014, a companhia inaugurou sua própria casa de espetáculos, fixando endereço na Schinkelhavenstraat 27-HS, 1075 VP, Amsterdam (palavra lá finalizada com “m” e não “ã”.
SUCESSO NA EUROPA
No exterior, são 37 anos de muito trabalho e muito sucesso, ostentando um currículo valioso com 30 espetáculos teatrais escritos e produzidos para crianças e adultos, incluindo “Derde Oever” – “Terceira Margem”, em holandês. Segundo o release, Lagoeiro define esse espetáculo como “uma criação poética para um ator, 17 bonecos e 100 canoas” e o próprio texto de apresentação alerta que não é erro de digitação, trata-se mesmo de uma centena de barcos no palco.
Informa a Agência Estado: “Isso mesmo, ele leva para o palco cem canoas (de cerca de um palmo) feitas por um canoeiro das barrancas do Rio São Francisco, por onde ele ficou navegando por quase um mês. Por fim, convidou para dividir a direção Belo Lima, o bonequeiro da trupe brasileira Pia Fraus (Bichos do Brasil). No conto, acompanha-se o olhar de um menino que tenta compreender a inusitada atitude de seu pai, que abandona a família para viver solitário, dentro de uma canoa, nas águas de um rio”.
DE VOLTA A MACEIÓ
Atendendo a um convite dos pernambucanos, vieram com a peça “Terceira Margem” da Holanda para o Recife, onde encerraram, em grande estilo, a 30ª edição do “Janeiro de Grandes Espetáculos”. Como estavam perto, resolveram trazer o espetáculo para Maceió – por conta própria, sem qualquer patrocínio – num grande presente ao público alagoano. Cá entre nós e a torcida do Flamengo, é injustificável não conseguir um patrocínio de R$ 4 mil para uma produção dessas quando se desperdiça R$ 8 milhões numa escola de samba carioca – mas deixemos isso pra lá
(por enquanto).
Trata-se de espetáculo imperdível, por, pelo menos, três motivos: a alta qualidade da montagem e atuação de Carlos Lagoeiro; o texto extraordinário de Guimarães Rosa; e como resposta à generosidade do Teatro Munganga (que não perdeu sua margem maceioense). Os ingressos estão sendo vendidos através do site https://www.sympla.com.br/evento/a- terceira-margem/2326094 , o espetáculo terá como palco o Cine Arte Pajuçara, e começará às 20 horas da próxima sexta-feira, 23 de fevereiro. Não perca esse barco.
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