Roteiro cultural
Artistas alagoanos são homenageados com prêmio Erick Valdo
Cinco dançarinos alagoanos receberam nessa quarta-feira (8), em solenidade ocorrida no Teatro Deodoro, o prêmio Erik Valdo, considerado o maior reconhecimento da dança no estado. A honraria aconteceu durante a primeira noite da 20ª Mostra Alagoana de Dança, uma iniciativa do Governo de Alagoas, através da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secult), que fomenta e aprecia a dança alagoana em seus mais variados estilos.
O prêmio celebra um dos mais conceituados dançarinos de Alagoas: Erick Valdo, formado pela Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro e considerado o primeiro dançarino alagoano no balé. Foi mentor de grandes nomes do balé nacional, como de Aldo Lotufo, Ana Botafogo, Karen Mesquita, entre outros. Natural de Maceió, Eric era conhecido, principalmente, por encantar na execução de seus passos e por ser um artista à frente do seu tempo.
Em 2016, a secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa, Mellina Freitas, convidou Erik Valdo para homenageá-lo com o maior prêmio de dança do estado, que leva seu nome. “Erick foi um dos artistas mais brilhantes, em nível nacional, que já tivemos. O intuito do prêmio levar seu nome foi uma forma que encontramos para que seu legado, sua paixão pelo balé e seu talento inigualável não seja esquecido, e principalmente seja referenciado pelas próximas gerações de artista do nosso estado”, comentou a secretária.
Desde então, diversos artistas são selecionados anualmente para receber o troféu feito pelas mãos de outro grande artista, Fred Correia, e celebrar a dança no estado. Conheça um pouco dos vencedores deste ano:
Thales Jose da Silva Santos
Da cidade de Craíbas, Thales começou a dançar muito cedo com um amigo, e foi assim que adentrou no mundo do Hip Hop, se aprofundando nessa arte e se inspirando em diversos artistas da área. Começou se apresentando na escola, durante o ensino médio, em um projeto de arte e cultura, em 2010, e foi nessa apresentação que criou seu grupo de dança The Dangerous.
De lá pra cá, ao menos 50 pessoas já passaram pelo grupo, permanecendo com ele desde o início seus amigos Flávio e Gabriel. O grupo de Thales participou pela primeira vez da Mostra Alagoana de Dança em 2014 e até 2021 nunca ficou de fora de nenhuma delas.
Com muita resiliência e paixão, o grupo criado por Thales é o único grupo de dança ativo na cidade de Craíbas. Ele afirma que mesmo com todas as dificuldades, nunca pensa em desistir, pois acredita no poder que a arte exerce sobre toda a sociedade.
Yasmin Guedes de Andrade
Natural de São Miguel dos Campos, iniciou sua paixão pela dança ainda criança, através da arte circense, e posteriormente, graças à igreja e a dança cristã, se descobriu dançarina de dança contemporânea.
Yasmin é formada em dança pela Escola Técnica de Artes da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), além de ser líder da equipe AGAPE de Dança Contemporânea do Ministério Internacional Apostólico Betel Cidade Alta, grupo do qual faz parte desde 2010.
Em seu currículo leva diversas apresentações pelo o estado, entre elas mostras de danças em sua cidade e outros municípios alagoanos.
Fábio Moura Pereira
Desde os 14 anos vem trabalhando pela cultura e arte de Piranhas, sua cidade natal. Formado em pedagogia e pós-graduado em psicomotricidade e docência do ensino superior, Fábio também é ator e fundador do grupo de xaxado Ritmos do Sertão.
Em 2013 participou pela primeira vez da Mostra Alagoana de Dança e desde então nunca ficou de fora de nenhuma edição. Ele traz trabalhos que passeiam entre a dança e o teatro, com a temática do cangaço, fortalecendo a memória cultural nordestina através de suas apresentações.
Emanuelle Ducoulombier
Alagoana da cidade de Maceió, iniciou aos 3 anos no balé, se apaixonou e nunca mais parou. Há 28 anos, é coreógrafa e professora de dança. Possui amplas técnicas em danças, sendo suas especialidades: balés clássico e fitness, jazz e sapateado.
Emanuelle é a responsável pelo balé Manu Ducoulombier, e há mais de 10 anos vem participando da Mostra Alagoana de Dança. Para além disso, participa de diversos festivais em todo Brasil, além de comandar também espetáculos teatrais que fazem muito sucesso.
Joseph Morais
Tem formação em dança clássica e vivência em jazz dance e dança contemporânea, tendo coreografias premiadas dentro e fora do estado, e aulas com grandes professores de renome nacional, além de trabalhos com grupos folclóricos em Alagoas.
Atualmente faz parte do Brisé Studio de Dança juntamente com sua sócia e parceira, Marília Gonçalves, e vem se consolidando como grande artista, por conta de sua atuação com criatividade, técnica e proativismo em todos os trabalhos que realiza.
Os artistas foram reconhecidos por seus talentos e contribuição ao cenário artístico do estado, sendo principalmente relevantes para as futuras gerações de fazedores de cultura de Alagoas.
Erick Valdo
Nascido em Maceió, no dia 13 de julho de 1929, Erick Valdo vem de uma família nada convencional. Filho de donos de um parque de diversão, cresceu percorrendo todo Nordeste, onde adquiriu diversas experiências que levou para sua vida.
Passado esse período, Erick mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional de Belas Artes, onde se apaixonou pelo balé clássico, no qual se especializou e é fortemente reconhecido no estado como o primeiro alagoano bailarino. Foi na escola que conheceu a bailarina Eliana Caminada, que se tornou sua esposa com quem teve um filho, Roberto, e dois netos.
Com sua experiência e talento, Erick se tornou um dos maiores nomes do balé de sua geração. Foi mestre de balé e ensaiador da dança, sendo orientador de grandes nomes, entre eles Aldo Lotufo e Ana Botafogo. Erick ficou conhecido principalmente por sua ousadia e sua capacidade de criar, recriar, montar e adaptar grandes clássicos do balé. Artista completo, ele ainda se tornou um desenhista de grande estilo, projetando figurinos para diversos espetáculos que se destacaram em nível nacional.
Valdo sempre foi uma figura em destaque. Em suas aulas, ele, para além de executar, encantava a todos com seu dom e principalmente por sua prática do passo “plié”. Em 2016 voltou a Maceió, onde recebeu uma homenagem da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas, dando nome ao maior prêmio de dança do estado.
Erick Valdo faleceu em 2018, aos 89 anos, mas é lembrado até hoje por sua contribuição ao balé no Brasil e pela legião de admiradores que conquistou pela forma que conduziu sua carreira.
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