Roteiro cultural

70° Baile da Chita atrai dezenas de pessoas em Paulo Jacinto

Karlla Renata, rainha do evento, disse que é uma honra fazer parte da história e incentivar outras meninas

Por Lucas França com Tribuna Hoje 04/12/2022 11h03 - Atualizado em 04/12/2022 13h15
70° Baile da Chita atrai dezenas de pessoas em Paulo Jacinto
Karlla Renata recebendo a faixa da rainha edição 2021, Maria Eduarda - Foto: Vitor Meneses/Cortesia

Foi realizado na noite desse sábado (03), o 70° Baile da Chita, em Paulo Jacinto. O evento reuniu dezenas de paulojacintenses e visitantes. Como manda a tradição, muita gente vestiu chita para curtir à noite

O baile que é o 6° Patrimônio Histórico, Cultural e Imaterial de Alagoas contou na programação com shows da Orquestra Super Oásis, do cantor Batista Lima que colocou o público para reviver o melhor do forró romântico e encerrando a noite a dupla Raphael e Gabriel trouxe em seu repertório a moda sertaneja com sucessos já conhecido do público.

Outra tradição que se mantém viva e é bem esperada pelo o público é o desfile da rainha (jovem eleita para representar todas as mulheres do município). A escolhida deste ano, foi apresentada a cidade em junho através de um concurso que contou com a participação de uma banca de jurados.

Rainha da edição 2022 do Baile da Chita (Foto: Vitor Meneses/Cortesia)



A estudante Karlla Renata da Silva Cândido, 17 anos,  foi a vencedora entre outras três lindas paulojacintenses. E nesse sábado, ela desfilou com traje de chita ao som da música Própria - hino do evento, que foi cantado a capela por Leureny Barbosa, cantora e uma das primeiras rainha do Baile da Chita. 

Karlla recebeu a faixa da sua antecessora Maria Eduarda.



Para Karlla, é uma honra e satisfação representar as moças da cidade, de acordo com ela, sempre foi um sonho ser rainha do baile mais tradicional de Alagoas.

 "É uma baile de extrema importância porque é responsável pela emancipação do nosso município. E representar as demais jovens da cidade me faz sentir honrada. Estou motivando outras jovens a continuarem a tradição. Eu sempre tive vontade de participar e ser rainha, mas eu não estava na idade ainda porque as candidatas precisam ter de 15 a 18 anos".

Para a reportagem do Tribuna Hoje, Anna Karlla do Nascimento Silva, mãe da rainha, disse que é um momento único na vida da família. Ela comenta que já teve este e sonho e agora foi realizado por sua filha.

"É um momento especial tanto para ela como a rainha, quanto para mim. Eu acredito que muitas meninas e mães gostariam de ter essa oportunidade, pois é uma tradição muito bonita com encontro de gerações.  O clube lotado com famílias reunidas para celebrar uma festa que emancipou nossa cidade. Com certeza fico emocionada e lisonjeada em ver minha filha recebendo esse título. Não há como não ficar'', expõe Anna.

Karlla Renata com os pais e a irmã (Foto: Vitor Meneses/Cortesia)



José Renato Cândido da Silva, pai da jovem, também falou a reportagem que é uma emoção ver a filha fazendo parte da história da cidade. Ainda mais por ela ser a primeira da família a receber o título". " É muita emoção para um pai ver a filha sendo ovacionada e fazendo parte da nossa tradição".

HISTÓRIA E TRADIÇÃO

O Baile da Chita completou 70 anos em julho, mas devido às fortes chuvas precisou ser adiado por alguns meses. 

Tema de vários trabalhos escolares, Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), de dezenas de reportagens especiais, e principalmente a maior referência cultural dos paulojacintenses, o 6º Patrimônio Imaterial Histórico e Cultural de Alagoas é aguardado pelos munícipes.

O Baile da Chita é o maior evento da cidade. Um baile histórico, cultural e sociopolítico do estado. A realização dele é de fundamental importância, porque vem dando prosseguimento à cultura da celebração que foi o pontapé inicial da emancipação da cidade.Os menos de oito mil habitantes de Paulo Jacinto, a cerca de 118 km da capital não veem a hora de se vestir de chita e rever os filhos da terra que voltam à cidade nessa época justamente para participar da tradição.

Evento agrega outras manifestações culturais

O Baile da Chita surgiu após várias reuniões entre Josefa Barbosa (a idealizadora, in memorian), José Aurino de Barros (in memorian), e outros membros da comunidade, que discutiam o que fazer para pagar o advogado e emancipar o povoado que pertencia a Quebrangulo. Então surgiu a ideia de realizar um baile para arranjar dinheiro e pagar os advogados. O nome "Baile da Chita" foi por causa das algodoeiras e do tecido de chita, fabricado com o nosso algodão.

MUSICALIDADE

A musicalidade também se tornou importante. Na época, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira estavam fazendo sucesso com a composição Propriá, que carinhosamente ficou conhecida como Rosinha de Propriá pelos paulojacintenses, por se tornar a chamada de abertura do evento. 

Luiz Gonzaga estava de passagem pela região Nordeste e ao saber que sua música era considerada a chamada de abertura do baile, em agradecimento e por convite do senhor José Aurino de Barros na época prefeito nomeado em 1953 ele fez questão de realizar um show na cidade já emancipada. Até hoje a música Propriá, ainda é tocada pelas bandas e orquestras convidadas, na abertura do baile. 

Nos preparativos para o primeiro baile, Josefa teve a ideia de colocar uma rainha, uma vez que o baile seria realizado após os festejos juninos, no mês de julho. A rainha era eleita através dos fundos adquiridos, a que mais arrecadasse dinheiro na venda de rifas e bingos seria a eleita. Todos esses acontecimentos se deram por volta da década de 50.