Roteiro cultural
Animações “Tarsilinha” e “Flee” são estreias da semana no Arte Pajuçara
Na programação o longa 'medida Provisória'', de Lázaro Ramos também poderá ser visto
O longa-metragem animado “Tarsilinha”, produzido pela H2O filmes, estreia nesta quinta-feira no Arte Pajuçara. Dirigido por Célia Catunda e Kiko Mistrorigo, o filme é uma homenagem à artista Tarsila do Amaral, inspirado em seu conjunto de obras através de uma jornada de aventuras de uma garota de oito anos chamada Tarsilinha.
Na história, Tarsilinha descobre que a Lagarta roubou a memória de sua mãe e se lança em uma aventura para recuperá-la. Ela entra em um mundo fantástico, povoado por estranhos seres, onde precisará buscar aliados e enfrentar inimigos. Superada a crise e o susto iniciais, a guerreira em Tarsilinha desperta e as habilidades para se adaptar e usar seu julgamento vêm à tona. Ela conhece o Sapo, um mentor atrapalhado e cômico, que lhe dá as primeiras dicas sobre como se movimentar naquele lugar. A partir daí, a menina vai encontrando pistas pelo caminho, na forma das próprias lembranças roubadas, que a Lagarta vai deixando para trás.
Compõem o elenco de vozes do filme diversos atores, atrizes e dubladores, destacando Marisa Orth (Lagarta), Alice Barion (Tarsilinha), Maira Chasseroux (Mãe), Ando Camargo (Sapo), Skowa (Saci) e Rodolfo Dameglio (Bicho Barrigudo).
O longa foi criado pela dupla Catunda e Mistrorigo, fundadores da TV Pinguim (Pinguim Content), os mesmos criadores das franquias Peixonauta e O Show da Luna. Zeca Baleiro compôs a música tema do filme, inspirado na obra de Villa Lobos. Ela é cantada pelo próprio cantor junto com a cantora Ná Ozzetti.
O cenário do filme é inspirado nas obras de Tarsila do Amaral, como A Lua e a A Cuca, onde a personagem principal adentra em meio as suas aventuras. O filme foi idealizado por cerca de 12 anos por Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta da célebre pintora Tarsila. A produção da animação foi realizada mesclando imagens 2D e 3D.
FLEE – NENHUM LUGAR PARA CHAMAR DE LAR
O outro destaque da programação do Arte Pajuçara é o longa dinamarquês “Flee - Nenhum Lugar para Chamar de Lar”, que combina animação e documentário para contar a extraordinária história de um refugiado afegão.
Documentarista e radialista conhecido na Dinamarca, o diretor Jonas Poher Rasmussen é amigo de um refugiado do Afeganistão desde a adolescência, mas desconhecia os detalhes dessa história. Os anos se passaram e, quando adultos, ele propôs a esse amigo fazer um filme sobre sua jornada.
Porém, o rapaz, que é identificado pelo pseudônimo Amir, não estava pronto para se abrir. Sua trajetória incluía traumas e riscos – especialmente para parte de sua família que voltou para o Afeganistão – então, como uma maneira de proteger a identidade do protagonista e de seus entes, o diretor recorreu à animação, o que permitiria criar personagens com feições diferentes dos verdadeiros.
O cineasta e sua equipe pensaram em diferentes estilos de animação para o longa, cada um refletindo momentos e estados emocionais do protagonista. “Queríamos fazer os eventos e as experiências de Amin serem mostrados por meio de cenas ao invés de depoimentos. A animação leva esse tipo de narrativa para outro nível em termos de criatividade e possibilidades”, conta Rasmussen.
Boa parte do filme emprega a técnica convencional de animação para mostrar acontecimentos do passado de Amin, como lembranças vívidas de sua juventude. Outras sequências, com estilos mais gráficos e abstratos, estão ligadas a eventos traumáticos de sua vida dos quais ele tinha dificuldade de se lembrar, incluindo cenas angustiantes da família fugindo de Moscou – para onde foram quando conseguiram sair do Afeganistão, nos anos de 1990.
Como uma pessoa em constante movimento, sempre mudando de uma cidade para outra, Amin ainda não havia encontrado um lugar para chamar de lar. “Enquanto fazíamos o filme, percebi que ele ainda procurava onde poder se instalar de uma vez por todas. Mas, finalmente, ao conseguir se abrir, contar toda sua história para o filme, ele conseguiu fazer as pazes com o seu passado e superar a culpa que sentia pelos sacrifícios que sua família fez por ele”, conclui Rasmussen.
Kenneth Ladekjær explica como representou os personagens e suas emoções: “Eu queria expressar os sentimentos de maneira realista e nada tradicional para as animações. O que me aproximou do filme foi a mensagem que ele traz – as outras animações que participei tinham o objetivo de ser apenas entretenimento. Aqui, temos uma história emocionante e importante.”
Além das estreias da semana, também continua na programação o longa "Medida Provisória", de Lázaro Ramos.
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