Política

Silêncio de JHC após prisão de Bolsonaro acende alerta no PL e expõe racha interno em Alagoas

Enquanto o STF mantém o ex-presidente em prisão preventiva, Leonardo Dias cobra posicionamento do prefeito de Maceió e presidente estadual do PL, apontando desgaste e insegurança na sigla às vésperas de 2026

Por Thayanne Magalhães 27/11/2025 09h51
Silêncio de JHC após prisão de Bolsonaro acende alerta no PL e expõe racha interno em Alagoas
Leonardo Dias - Foto: Assessoria

A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e cumprida pela Polícia Federal (PF) em 22 de novembro, desencadeou reações em todo o país e provocou tensões internas no Partido Liberal (PL). Bolsonaro teve a prisão domiciliar convertida em preventiva após, segundo o STF, violar condições impostas pela Justiça, incluindo a tentativa de retirar a tornozeleira eletrônica e a convocação de apoiadores para uma vigília próxima ao condomínio onde cumpria a medida. A decisão da Corte foi unânime.

Em Alagoas, o episódio repercutiu de forma particular. O líder do PL em Maceió, vereador Leonardo Dias, cobrou publicamente o prefeito JHC — que além de chefiar o Executivo municipal é presidente estadual da sigla — por não ter se manifestado sobre o caso. Ao Tribuna Hoje, Dias afirmou sentir “incômodo” com a ausência de uma declaração.

“Eu respondo por mim. O Bolsonaro é o maior líder da direita, é o presidente de honra do PL — eu esperava que o JHC se manifestasse, até por uma questão humanitária. E esse pronunciamento até agora não veio”, disse o vereador. Ele completou: “Como líder do PL, lamento”.

Apesar das críticas, Leonardo Dias afirmou que apoia a permanência de JHC no comando estadual do partido. Segundo ele, o prefeito segue sendo “a maior liderança anticalheirista do Estado”, argumento que, em sua avaliação, sustenta sua continuidade à frente da legenda mesmo diante da controvérsia.

A detenção de Bolsonaro interrompeu articulações do PL no cenário nacional, incluindo movimentações relacionadas às eleições de 2026. No âmbito estadual, o silêncio de JHC foi interpretado por aliados como um ponto sensível em um momento em que o partido busca coesão. A avaliação de dirigentes locais é de que a postura pública das lideranças estaduais pode influenciar a condução interna da sigla e sua estratégia para o próximo ciclo eleitoral.

JHC é cotado como pré-candidato ao governo de Alagoas em 2026. Pesquisas recentes apontam que ele figura com cerca de 45% das intenções de voto, disputando espaço com nomes como o do ministro Renan Filho (MDB). O cenário torna seu posicionamento relevante para o PL local, que avalia possíveis impactos na base e na organização partidária.

Para aliados como Leonardo Dias, a ausência de manifestação do presidente estadual do partido ocorre em um contexto que consideram decisivo para a legenda. A expectativa, dentro do PL, é de que lideranças estaduais definam seus posicionamentos à medida que o partido ajusta sua atuação após a prisão do ex-presidente. Como essa definição será feita deve influenciar as articulações internas e o ambiente político da sigla em Alagoas nos próximos meses.