Política

“Ninguém constrói mais imóveis no Farol”

Segundo presidente da Ademi, projetos de construção de novos empreendimentos no bairro foram abortados pelas imobiliárias

Por Ricardo Rodrigues - colaborador / Tribuna Independente 26/11/2025 08h14 - Atualizado em 26/11/2025 10h31
“Ninguém constrói mais imóveis no Farol”
Seguradoras se negam a financiar empreendimentos em um raio de 1,5 km da área de risco da Braskem - Foto: Edilson Omena

O engenheiro civil Osman Ramires Neto, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi) para o biênio 2025/2026, é um dos cinco empresários do setor da construção civil que estarão apresentando hoje o Programa de Mercado e Perspectiva para 2026. O evento é aberto ao público e está marcado para começar às 16h30, na sede do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Alagoas (Sinduscon/AL), no bairro do Farol, em Maceió.

O anfitrião será o presidente do Sinduscon/AL, José Nogueira, que também representará a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea). Participam ainda Alfredo Breda, vice-presidente do Sinduscon/AL; Sérgio Cabral, presidente do Creci/AL; e Fábio Tadeu, empresário da Brain/Mare Nostrum. Durante o encontro, o Sindicato apresentará o balanço do último trimestre de 2026 e revelará novidades do mercado para o próximo ano.

Em entrevista à Tribuna Independente, Osman Ramires — que também preside a Coopercon/AL e é sócio-diretor da Telesil Engenharia — comentou sobre os impactos da mineração da Braskem no mercado imobiliário de Alagoas. Segundo ele, o setor suspendeu todos os novos lançamentos no bairro do Farol, da Ladeira dos Martírios à Gruta, chegando quase ao Murilópolis, na parte alta da cidade.

“Todos os projetos para o bairro do Farol foram abortados pelas empresas. Primeiro, pela impossibilidade de financiamento pela Caixa Econômica Federal; segundo, pelas constantes notícias alarmistas divulgadas, que afastaram os clientes”, afirmou Ramires. Ele acrescentou que as seguradoras que operam com financiamentos da Caixa não estão mais segurando imóveis num raio de 1,5 km da área de risco de afundamento do solo.

Perguntas ao presidente da Ademi

1) Quais os impactos provocados pela mineração da Braskem no mercado imobiliário da capital alagoana e na Grande Maceió? Muitos lançamentos foram suspensos? A Ademi tem ideia dos prejuízos?

O principal impacto foi a delimitação da área de risco definida pela CPRM/Serviço Geológico do Brasil, em conjunto com a Defesa Civil, que estabeleceu a área de instabilidade devido às escavações da Braskem. Nenhuma atividade seria permitida nessa região. Porém, a seguradora que presta serviços à Caixa Econômica ampliou esse limite em mais 1,5 km, restringindo financiamentos em quase todo o bairro do Farol. Assim, todos os novos lançamentos foram abortados. O prejuízo é das empresas, não da Associação.

2) Qual a situação dos imóveis nos bairros atingidos pela mineração da Braskem? Pertencem a quem?

Não temos participação nessas negociações. Como a Braskem está indenizando os proprietários, acredito que os imóveis passarão a ser de sua propriedade.

3) Qual a situação dos imóveis nas bordas da área de risco delimitada pela Defesa Civil de Maceió?

Todos os imóveis dentro da área de risco deverão ser demolidos.

4) No Bom Parto, a Justiça mandou a Braskem indenizar 13 imóveis interditados pela Defesa Civil Municipal. Por que a decisão não é estendida aos demais imóveis da região?

A definição dos imóveis que devem ser indenizados cabe à Defesa Civil, que avalia os riscos e critérios adotados.

5) Por que as seguradoras não querem financiar imóveis na região afetada pela mineração, num raio de até 1,5 km do epicentro do desastre?

As seguradoras ampliaram o raio da área de risco em mais 1,5 km como medida de segurança extra, para evitar qualquer possibilidade de prejuízo, mesmo já havendo margem de segurança definida pelos órgãos técnicos.

6) Quais os planos das construtoras e incorporadoras para a região do Farol, que antes da tragédia era considerada o filé mignon do mercado imobiliário da capital?

Qualquer novo projeto só será possível após a CPRM e a Defesa Civil confirmarem que a área está apta para novas construções. Além disso, será necessário um trabalho forte de comunicação para reduzir o estigma de insegurança que hoje está incutido na população.

7) Quais os lançamentos programados para a região do Farol, do Alto da Jacutinga ao bairro da Gruta, nos próximos anos, a partir de 2026?

Os lançamentos só ocorrerão quando a área atualmente demarcada como de risco for liberada pela Defesa Civil e pelo SGB/CPRM.