A manhã deste domingo levou centenas de pessoas à orla da capital alagoana em protesto contra a proposta constitucional conhecida como PEC da Blindagem, vista pelos manifestantes como uma tentativa de impunidade institucional. A cantora Simone foi uma das artistas nacionais que participou da manifestação.

A Tribuna esteve presente na concentração na Praça Sete Coqueiros, acompanhou o ato que reuniu movimentos sociais, sindicatos, lideranças políticas e cidadãos contrários ao texto que tramita em Brasília.

Cartazes, faixas e palavras de ordem ecoavam pela Praia de Pajuçara: “não à anistia”, “democracia em risco”, “transparência já”. O deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT) afirmou que a proposta “ameaça os pilares da democracia” ao tentar blindar autoridades de responsabilizações. “Não aceitaremos impunidade para quem deveria ser fiscalizado pelo povo”, disse.

A mobilização também contou com a presença do deputado federal Paulão (PT-AL), que se somou às lideranças contrárias à proposta. Para ele, o movimento de rua expressa o sentimento majoritário da sociedade. “Não estamos aqui apenas contra uma PEC, mas contra o fim da responsabilização. A impunidade não pode ser regra; precisamos barrar qualquer medida que tente legalizar privilégios e anistias para quem deveria responder por erros”, afirmou.

A vereadora de Maceió Teca Nelma (PT) também se posicionou com firmeza. “É inadmissível legalizar um privilégio que passe por cima da lei. Essa PEC inaugura uma anistia disfarçada”, declarou ela, ressaltando que a mobilização popular é essencial.

Izael Ribeiro Gomes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), lembrou que o controle democrático não pode ficar em segundo plano. “Enquanto educador, vejo esta proposta como uma ameaça direta à cidadania e à confiança nas instituições”, afirmou.

Régis Cavalcante, diretor-presidente da Agência de Desenvolvimento da Pesca, Aquicultura e Apicultura do Estado de Alagoas (ADEPA).

Ele manifestou que a sociedade não vai consentir retrocessos em direitos adquiridos, sobretudo quando se arvoram privilégios sob o manto legal. “A PEC da Blindagem fere o compromisso com a justiça e com o povo”, disse.

Também presente, Kátia Born, que atualmente é Secretária de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social de Alagoas e presidente do diretório municipal do PDT em Maceió, expressou indignação.

“Quando a lei favorece poucos em detrimento da maioria, estamos todos ameaçados. Esta PEC é um golpe à transparência, à justiça”, afirmou.

Os manifestantes criticaram o texto da PEC por ampliar os privilégios de autoridades, dificultar investigações, abrir possibilidade de anistia em casos de corrupção e crimes eleitorais. Para eles, o projeto representa uma afronta à democracia e à confiança da população nas instituições.

A mobilização em Maceió integra uma série de ações em todo o país contra a PEC. Aqui, entidades civis anunciaram novos atos e debates públicos para informar a população e pressionar parlamentares na rejeição da proposta.